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Doenças autoimunes: reforçar os rastreios a infeções latentes antes de usar terapêuticas imunossupressoras

Com o avanço das terapêuticas biológicas, é essencial dar-se mais atenção à prevenção das infeções nas doenças autoimunes, adverte o médico Carlos Vasconcelos, presidente do PAM – Porto’s Autoimmune Meeting 2016, evento que se realizou nos dias 20, 21 e 22 de outubro, na Fundação Eng.º António de Almeida.

O ex-diretor e atual colaborador da Unidade de Imunologia Clínica do Hospital de Santo António, Centro Hospitalar do Porto falou da importância dos rastreios às infeções latentes e das profilaxias antes de se submeter os doentes a terapêuticas imunossupressoras.



À Just News referiu que “é necessário alertar o doente para os riscos das terapêuticas a nível do sistema imunológico, informando sobre os sintomas que o devem levar a pedir ajuda o quanto antes”. Nesse sentido, torna-se necessário facilitar o contacto entre utente e médico, “nem que seja por e-mail”.

Outro aspeto em debate no evento, e que gerou uma discussão mais acesa, foi o impacto das vacinas no sistema imunitário. A esse respeito, Carlos Vasconcelos afirmou que “é fundamental que as pessoas se vacinem, mas também têm de ser informadas sobre os riscos associados, nos quais se incluem a nova síndrome ASIA, autoimmune/autoinflammatory syndrome induced by adjuvants”.

No caso das vacinas, um dos adjuvantes é o alumínio, que deveria ser substituído: “O objetivo da discussão foi alertar para os riscos que existem – apesar de afetarem muito poucas pessoas – e pressionar a investigação farmacêutica para que este composto possa ser substituído.” Contudo, sublinhou o especialista, “a vacinação é extremamente importante para toda a população, não deve ser evitada”.

Carlos Vasconcelos destacou também a presença, neste evento, de profissionais de saúde de diversas especialidades, que apontaram “como muito útil e pertinente”, o facto de na reunião se terem abordado as “autoimunodeficiências, um conceito que não existe na Medicina, mas que pode ajudar a chamar mais a atenção para a problemática das doenças autoimunes e sua inter-relação com as imunodeficiências primárias e iatrogénicas”.


Carlos Vasconcelos com os coorganizadores: António Marinho, Mariana Brandão e Pedro Vita (Isabel Almeida, ausente na foto).

O Curso de Imunodeficiências Primárias para Internistas, que decorreu no terceiro dia do encontro, contou também com “uma elevada participação, o que é muito positivo, pois, quer as imunodeficiências primárias, quer as adquiridas são doenças em que os internistas têm grande responsabilidade no acompanhamento”.

Face à importância da temática e do impacto que a Imunologia Clínica tem na saúde da população, Carlos Vasconcelos defendeu que esta área devia ser reconhecida como uma competência pela Ordem dos Médicos. “Não acho que deva ser uma especialidade, como acontece noutros países, mas como uma competência transversal a diversas especialidades. E transitória, ou seja, duradoura apenas enquanto o profissional trabalhe ativamente na área.”



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