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Hospital Central do Funchal: Internistas na vanguarda de um novo modelo de gestão hospitalar

Fisicamente distribuído pelo Hospital dos Marmeleiros e pelo Hospital Dr. Nélio Mendonça – juntos formam o Hospital Central do Funchal –, o Serviço de Medicina Interna do SESARAM, dirigido por Maria da Luz Brazão, tem uma omnipresença que decorre do reconhecimento da especialidade como repositório de saberes integradores e multipatológicos.

Numa ampla reportagem da Just News, publicada na edição de LIVE Medicina Interna, que acaba de ser lançada, fica evidente que o papel nuclear dos internistas no Funchal será reforçado com a construção da Unidade Polivalente da Medicina Interna. Um modelo inovador mais eficiente na gestão do doente e de recursos cada vez mais escassos.



Se considerarmos que ser médico internista já constitui um desafio, por agregar uma multiplicidade de saberes, no Funchal o desafio é ainda maior. Agiganta-se quando se percebe que está na linha da frente na gestão dos doentes, na integração de equipas multidisciplinares e como elo entre várias especialidades.

E tem que responder a todas estas solicitações, diariamente, em dois hospitais, prestando ainda apoio a um terceiro. Uma missão hercúlea que só é possível cumprir, segundo Maria da Luz Brazão, com uma “boa organização, articulação e comunicação”.



A equipa do Serviço de Medicina Interna é constituída por 52 médicos (39 especialistas e 13 internos). Do total, sete estão destacados para atividades externas que se prendem com a prestação de apoio aos doentes do Hospital Dr. João de Almada, coordenação e colaboração na Rede Regional de Cuidados Continuados Integrados e na colaboração com a Unidade de Dor e a Unidade de Investigação.

Acrescente-se o facto de o Serviço ser, muitas vezes, “o princípio e o fim da linha” para os 250 mil habitantes da ilha da Madeira, 24 horas por dia nas mais variadas vertentes, desde o internamento à consulta externa, urgência interna e externa, passando pelo Hospital de Dia ou pela consultadoria.



Unidade polivalente, um projeto inovador em Portugal


Foi a pensar numa solução para a sobrelotação das urgências, a otimização de recursos e uma aproximação ainda mais efetiva dos internistas ao Hospital Dr. Nélio Mendonça que surgiu o projeto de criação da Unidade Polivalente de Medicina Interna do Hospital Central do Funchal.

As obras para a sua construção já arrancaram. Trata-se de um modelo inovador, liderado por internistas, que inclui a implementação de Unidades de Internamento Curto (UIC), Unidades de Diagnóstico Rápido (UDR), Hospitais de Dia (HD) e Hospitalização Domiciliária (HAD).

“Os serviços de urgência foram aqueles que mais sentiram os efeitos da crise. De facto, assistiu-se a um aumento exponencial da procura pelos cuidados de saúde prestados em ambiente de urgência, especialmente pela população de mais escassos recursos, condicionando a sobrelotação dos mesmos, especialmente nos picos de maior afluência, como é o caso dos períodos da gripe sazonal e/ou de doenças emergentes, como foi o surto de dengue que assolou a Madeira em 2013”, recorda Maria da Luz Brazão.

Sublinha que vários estudos publicados alertam que a sobrelotação das urgências representa “um obstáculo à segurança e à rapidez com que se prestam os cuidados de saúde, relacionando-a com mau prognóstico, bloqueio no acesso ao internamento, diminuição da rentabilidade, aumento dos custos em Saúde e insatisfação dos profissionais e utentes do SNS”.

O projeto de criação da Unidade Polivalente nasce para evitar este tipo de riscos e na sequência de um desafio lançado pela direção clínica para a procura de soluções. Desafio esse que foi entregue à Medicina Interna, por lhe ser reconhecida uma capacidade de gestão que sobressai face a outras especialidades.

“Não há serviços humanizados de saúde hospitalar que não tenham no seu centro a Medicina Interna. E, do mesmo modo, não me parece que possa haver uma gestão criteriosa dos recursos hospitalares disponíveis que se permita dispensar o contributo da única especialidade desenhada para servir de ponte entre os vários saberes médicos entretanto adquiridos”, argumenta a diretora.



Reuniões garantem articulação e anulam barreiras físicas

Maria da Luz Brazão reúne-se mensalmente com os chefes de setor, médicos e enfermeiros. Nestas reuniões está também presente a enfermeira adjunta da Direção de Enfermagem para o Hospital dos Marmeleiros. “Estas reuniões são muito importantes para manter um bom espírito de equipa entre médicos e enfermeiros, além de podermos partilhar preocupações comuns às áreas médicas e de enfermagem”, explica.

Paralelamente, existem as visitas semanais a todos os doentes internados, nas quais está presente a diretora, os chefes e médicos dos respetivos setores. Há ainda reuniões gerais do Serviço, às quartas-feiras de manhã, para garantir a articulação da equipa. “Não marcamos consultas para esta hora para que possam estar todos os médicos presentes”, salienta.

Com os internos, são promovidas reuniões semanais e trimestrais. As que acontecem de três em três meses têm uma vertente mais científica, visando o acompanhamento dos trabalhos que os jovens médicos estão a realizar. O Serviço chega a ter mais de 25 internos.  Além dos 13 de formação específica em Medicina Interna, existem outros nove do Ano Comum e 2 a 3 de outras especialidades.

Os chefes de setor e das unidades são os grandes elos de Maria da Luz Brazão. São a ponte de comunicação para as enfermarias e para as unidades de Cuidados Especiais e de AVC. As equipas médicas rodam, de seis em seis meses, pelas alas de mulheres e homens, para garantir um contacto mais diversificado de patologias.

Maria da Luz Brazão garante que outro grande ponto de apoio que tem no desempenho das suas funções são as suas secretárias de Direção, Lesley Rodrigues e Eusébia Abreu. “Duas secretárias sem igual, sempre disponíveis e indispensáveis como elo entre a Direção e o restante staff do Serviço”, garante.

Unidade Polivalente de Medicina Interna do Hospital Central do Funchal (UPMI-HCF)

Projeto inovador liderado pela equipa de internistas do SESARAM, EPE, a Unidade Polivalente de Medicina Interna do Hospital Central do Funchal visa reduzir a sobrelotação das urgências e o tempo de internamento, ao mesmo tempo que agiliza a prestação de cuidados, com diminuição de custos. Assenta em quatro grandes pilares:

Unidade de Internamento Curto (UIC)

A rotação/doente cama é superior à do internamento convencional. Destina-se a situações que se prevê estarem resolvidas até às 72 horas, ou que melhorem o suficiente para que os doentes sejam encaminhados para a hospitalização domiciliária. As situações que mais frequentemente motivam internamento neste tipo de unidades são a insuficiência cardíaca congestiva e a doença pulmonar obstrutiva crónica, para além de diversos tipos de infeções.

Unidade de Diagnóstico Rápido (UDR)

Tem como principal vantagem a diminuição do número de internamentos. Os critérios de funcionamento estão bem estabelecidos: consultas efetuadas por assistentes hospitalares experientes, seleção criteriosa dos doentes, apoio rápido de subespecialidades, enfermeiros e técnicos e uma avaliação do doente no próprio dia, com todos os exames complementares de diagnóstico efetuados.

Hospital de Dia (HD)

Presta-se assistência, de uma forma eficaz e eficiente, a doentes cuja situação clínica não exige internamento, mas necessita da realização de técnicas complementares de diagnóstico, administração de terapêuticas programadas ou administração de terapêutica de urgência.

Hospitalização Domiciliária (HAD)

Evita o internamento, mas requer vigilância clínica e administração de tratamentos hospitalares. A base da HAD assenta em equipas multidisciplinares constituídas por médicos de família e dos hospitais (os internistas são fundamentais), familiares cuidadores, enfermeiros e técnicos, que interagem quer presencialmente, quer por telefone ou correio eletrónico.



A reportagem completa pode ser lida na última edição de LIVE Medicina Interna.

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