José Romão: «Também existe dor crónica em idades pediátricas»

De acordo com José Romão, coordenador da Unidade de Dor do Centro Hospitalar do Porto (CHP), “há uma cultura de desvalorização da dor em todas as suas vertentes a nível mundial”, mas é ainda "mais esquecida" em idades pediátricas.

Este foi um dos temas em debate numa reunião que teve lugar no passado dia 1 de julho, no Centro Hospitalar do Porto, que decorreu sob o lema "História, Experiência, Projetos" e que assinalou o 25.º aniversário da Unidade Funcional de Dor Crónica daquela instituição.



“Há muitos profissionais de saúde que ficam espantados quando falamos de dor crónica nas crianças, porque estão convencidos de que isso é coisa que não existe”, afirmou o anestesista, desenvolvendo que o CHP foi o primeiro a criar, dentro da Unidade de Dor, a área de dor crónica pediátrica para o tratamento de dor não oncológica.

Com a abordagem deste tema pretendeu-se, segundo José Romão, por um lado, que os profissionais de saúde que estão a arrancar com este projeto pudessem adquirir um maior conhecimento, contando, para tal, com a participação de especialistas estrangeiros e, por outro, motivar profissionais de outros hospitais a arrancar com projetos semelhantes.


José Romão com Hannah Connell e Allisson Bliss, duas das oradores estrangeiras presentes no evento.

A dor crónica nos adultos foi outro dos assuntos em análise. Além disso, falou-se sobre a articulação entre as unidades de dor e os cuidados de saúde primários, tendo sido feita uma reflexão sobre como esta pode ser melhorada. “Sabemos que há uma série de doentes que vão para as unidades de dor que, em boa verdade, podiam ser acompanhados pelos seus médicos de família”, afirmou.


Neste contexto, a Unidade Funcional de Dor Crónica do CHP está a desenvolver um projeto que consiste na ida de profissionais da unidade de dor às unidades dos CSP para fazer consultadoria na área da dor e discutir casos clínicos.

Segundo José Romão, este processo irá acelerar o acesso aos cuidados de saúde, na medida em que, por um lado, pode diminuir a pressão da lista de espera das unidades de dor, pois, muitos dos doentes poderão ser acompanhados no âmbito dos CSP. Por outro lado, terá uma vertente formativa para os profissionais dos CSP.



A importância de "uma abordagem multidisciplinar"

Na reunião que assinalou o 25.º aniversário da Unidade Funcional de Dor Crónica do CHP, houve tempo, ainda, para homenagear os profissionais que deram e dão o seu contributo a esta unidade.



José Romão, que está ligado à Unidade de Dor desde 1992, sublinha que a mesma é multidisciplinar. Além de anestesistas, profissionais que tradicionalmente se dedicam a esta área, a Unidade de Dor tem, nomeadamente, psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, cirurgião maxilofacial e pediatras.

“Os doentes com dor crónica são complexos e precisam de uma abordagem multidisciplinar. Portanto, é preciso associar saberes de várias áreas, que se entrecruzam para proporcionar aos doentes os melhores cuidados possíveis”, comenta. 

O evento contou com cerca de 120 participantes, entre os quais anestesistas, pediatras, especialistas em medicina geral e familiar, enfermeiros e psicólogos. De referir que, apesar de se assinalarem os 25 anos de existência da Unidade Funcional de Dor Crónica, já antes se trabalhava nesta área no hospital.











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