Unidade de Senologia do Hospital de Braga luta contra falta de referenciação

Apesar de dar apoio a um grande número de doentes, recebendo cerca de 150 novos casos/ano, a Unidade de Senologia do Hospital de Braga luta, segundo o seu responsável, Arlindo Ferreira, contra a falta de referenciação das doentes sujeitas ao rastreio oficial residentes na sua área de influência.

À margem da 185.ª Reunião da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, que se realizou no início deste mês, no referido hospital, e que contou com uma sessão subordinada à temática “Mastologia no Hospital de Braga”, Arlindo Ferreira observou que a equipa desenvolve uma atividade diferenciada nesta área e que tem capacidade para receber mais doentes, porém, “o rastreio desvia muitas doentes para as unidades centrais, nomeadamente, para o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto”.



“As doentes têm aqui todos os tratamentos de que precisam. Não há necessidade de estar a desviar um tão grande número de pessoas para o IPO do Porto, quer para aferições, quer para cirurgia e orientação de terapêutica”, mencionou Arlindo Ferreira.

Se fosse encaminhado um maior número de doentes da área de influência do Hospital de Braga para esta unidade, seria possível ao Estado, de acordo com o nosso entrevistado, “poupar, em termos económicos, e conferir mais qualidade de vida às senhoras, com um acompanhamento de proximidade”.

Quando questionado acerca da razão pela qual as doentes não são encaminhadas para aquela Unidade de Senologia, Arlindo Ferreira indicou que, neste momento, o acordo de rastreio estabelecido indica que a unidade de referência é o IPO do Porto.

“O nosso desafio é exatamente este: procurar que as doentes do rastreio sejam referenciadas para este hospital. Iniciámos negociações com a Liga Portuguesa Contra o Cancro, a entidade encarregue pelo rastreio da mama na região Norte”, contou.

Falando um pouco da unidade pela qual é responsável, Arlindo Ferreira afirmou que aquilo que é uma das suas práticas e que marca a diferença é o facto de utilizarem ecografia, tanto em termos de diagnóstico como no decurso das intervenções cirúrgicas.

“A utilização sistemática do ecógrafo permite-nos, entre outros aspetos, uma localização mais precisa das lesões infraclínicas, permitindo-nos assegurar margens livres de doença, limitar a cirurgia e potenciar técnicas oncoplásticas que, entretanto, desenvolvemos, quer autonomamente, quer com o apoio da cirurgia plástica.



Arlindo Ferreira lembrou que, historicamente, o Serviço de Ginecologia do Hospital de Braga sempre efetuou cirurgia mamária, tendo a Unidade de Senologia propriamente dita sido criada, em 2007, respondendo assim à necessidade de diferenciação técnica e de colaboração multidisciplinar. Integrada no Serviço de Ginecologia, dirigido por Isabel Reis, a unidade é autónoma em termos de decisão e de trabalho.

Além da atividade clínica, o espaço tem, ainda, atividades de formação e de investigação, com alguns trabalhos clínicos em curso. Entre essas atividades está a publicação de artigos, a apresentação de comunicações livres e protocolos. Estamos, também, a elaborar, em parceria com a Universidade do Minho, uma base de dados de toda a atividade que respeita ao cancro de mama, tanto a nível cirúrgico como de tratamento e de seguimento.

A unidade tem uma consulta de enfermagem que acompanha as doentes de cancro ou com patologia mamária benigna em todas as fases, desde o diagnóstico inicial ao follow-up, com enfermeiras dedicadas e diferenciadas, verdadeiras “advogadas! do doente.

As doentes de cancro de mama têm atividades regulares de informação e esclarecimento, organizadas pela unidade, que conta com a colaboração de vários grupos de voluntariado, incluindo o movimento ”Vencer e viver”, o grupo AMADOS, Rosa Vida e delegação da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

No decorrer da sessão dedicada à temática “Mastologia do Hospital de Braga”, moderada por Isabel Reis, que decorreu durante a 185.ª edição da Reunião da SPG, foram abordadas três temáticas: “A Unidade de Senologia do Hospital de Braga”, por Luís Castro, médico da unidade, “Bases de dados de patologia mamária”, por Inês Sousa, professora da Universidade do Minho, e “Ecografia mamária perioperatória”, por Arlindo Ferreira.



No final, foi feita uma homenagem ao antigo diretor do Serviço de Ginecologia, Domingos Jardim da Pena, já aposentado. Isabel Reis assumiu este cargo há cerca de seis meses.





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