UPA assinala Dia do Implante Coclear: «é a visão biopsicossocial da surdez que está em questão»
A OMS estima que existam 360 milhões de pessoas com deficiência auditiva incapacitante em todo o mundo, lembrou Inês Laborinho, membro da Comissão Organizadora do movimento cívico “UPA – Unidos pela Audição”, ao intervir, em Lisboa, num encontro onde foi assinalado o Dia Internacional do Implante Coclear.
Citando o Inquérito Nacional de Saúde, e de acordo com dados referentes a 2014, Inês Laborinho sublinhou que mais de dois milhões e meio de portugueses têm dificuldade em ouvir, mesmo usando uma prótese auditiva ou um implante.
O elevado número de pessoas nessa situação levou à criação, em maio de 2016, do movimento cívico UPA, constituído por pessoas com deficiência auditiva/surdez, surdos que escolheram ouvir recorrendo a meios tecnológicos (próteses auditivas, implantes) e pais de crianças com problemas auditivos. A sua sede virtual é um grupo no Facebook “UPA - Portugal Unidos pela Audição“, que conta, atualmente, com cerca de 1.000 membros.
No evento que marcou o Dia Internacional do Implante Coclear (25 de fevereiro) e que teve o apoio da Widex, estiveram presentes alguns médicos especialistas, como Ezequiel Barros, presidente da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia, Luís Filipe Silva, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, e António Sousa Vieira, do Hospital Lusíadas Porto.
Usando da palavra, Inês Laborinho lembrou a criação do movimento e falou da sua missão, objetivos e atividades. “À UPA chegam diariamente pedidos de ajuda. Damos apoio a centenas de pessoas que nos procuram devido a problemas que lhes surgem no dia-a-dia, relacionados, sobretudo, com o iniciar do processo para implante coclear”, observou, acrescentando terem também em atenção as emoções e as angústias daqueles que os procuram.
“A incapacidade auditiva leva a que se apresentem barreiras a nível comportamental e ambiental, dificuldades de comunicação e movimentação nos diferentes espaços: entidades oficiais, trabalho, escola, lazer. É a visão biopsicossocial da surdez que está em questão”, afirmou.
Outro pressuposto que levou à constituição deste movimento foi, segundo indicou, o facto de se ter constatado não haver sido feito qualquer esforço coletivo “verdadeiramente eficaz e representativo das necessidades das pessoas com perda auditiva”.
O grupo organizador do movimento UPA assumiu como missão a melhoria da qualidade de vida das pessoas com perda auditiva e surdez, apoiando-as na sua vida diária. Para tal, está a trabalhar no sentido de sensibilizar a população para o problema da perda auditiva, informando sobre os meios tecnológicos e apoiando os candidatos à colocação de implantes e de próteses.
O movimento promove, também, a troca de experiências, a construção e implementação de legislação nas áreas em que ainda não existe ou não é eficaz e contribui para a acessibilidade institucional e cultural dos surdos. Além disso, une esforços para que seja implementado, pelo Estado, um sistema de assistência técnica aos implantados e aparelhados, com reparação rápida e entrega de um processador temporário, entre outros aspetos.
André Capelo Vasconcelos, Alice Inácio, Inês Laborinho e Filipe Silva.
A Comissão Organizadora do UPA é constituída por quatro elementos, que constituíram a mesa de abertura do evento que assinalou o Dia Internacional do Implante Coclear 2017: Inês Laborinho, com implante coclear unilateral, professora aposentada do 2.º ciclo do Ensino Básico (Português, Francês), André Vasconcelos, com implante coclear bilateral, interno de Medicina Geral e Familiar na UCSP Monchique, Alice Inácio, com implante coclear unilateral, designer gráfica, ilustradora, webdesigner e autora e ilustradora do livro “Jonas e os ouvidos mágicos”, e Filipe Silva, pai de uma criança com implante coclear unilateral, engenheiro eletrónico.
Podem ser consultadas mais fotos do evento na Galeria de imagens da Just News.