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VIH/SIDA: Partilhar projetos realizados no Alentejo, «no sentido de os reforçar e agilizar»

Decorreu esta quarta-feira, em Santiago do Cacém, o seminário "Educar, Diagnosticar, Tratar e Cuidar VIH/SIDA". Em declarações à Just News, Telo Faria, coordenador regional do Alentejo para o Programa Nacional para a Infeção VIH/SIDA, da Direção-Geral da Saúde, explica que a iniciativa pretendeu sensibilizar a comunidade para a temática e, simultaneamente, refletir sobre o trabalho desenvolvido nesta área nos últimos anos, na região e a nível nacional.

O coordenador do Núcleo de Estudos da Doença VIH da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) salienta que a infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) é uma prioridade no Plano Nacional de Saúde, que “resulta da dimensão abrangente dos determinantes da transmissão e das implicações da infeção em todos os níveis de saúde e de integração social”.

Para o responsável, perante as estratégias adotadas pela Coordenação Regional e pelo Departamento de Saúde Pública e Planeamento da Administração Regional de Saúde do Alentejo de uniformização das ações, no que respeita ao estabelecimento e acompanhamento de programas de prevenção primária, de prevenção secundária e de apoio social, que deverão atender às melhores práticas, “torna-se imprescindível a realização e a partilha de projetos e atividades, no sentido de os reforçar e agilizar”.


A iniciativa foi dirigida a todos os profissionais de saúde que lidam com a problemática do VIH/SIDA, nomeadamente, médicos, enfermeiros, assistentes sociais e farmacêuticos, bem como à comunidade em geral.

Educar, Diagnosticar, Tratar e Cuidar

Referindo-se ao tema da reunião, o internista, que é também responsável pela Consulta Multidisciplinar de Doenças Infeciosas da Unidade Local de Saúde Baixo Alentejo (ULSBA), menciona que, relativamente à prevenção, a Coordenação Regional do Alentejo para o Programa Nacional para a Infeção VIH/SIDA implementou o programa troca de seringas a nível dos centros de saúde. Além disso, foram distribuídos preservativos nas unidades de saúde e também houve ações de educação, formação e prevenção no meio escolar.

Quanto ao diagnóstico, o responsável destaca a implementação do “Programa Diagnóstico Precoce”, que se foca na utilização dos testes rápidos.



No campo do tratamento, Telo Faria, que desenvolveu na reunião o tema "Um doente de Medicina Interna", sublinha o reforço que foi feito na vertente multidisciplinar das consultas de VIH, nomeadamente no Norte, Sul e Centro alentejano. “Fizemos um protocolo de atuação que consagra a profilaxia pós-exposição ocupacional e não ocupacional VIH, hepatite C e B”, menciona.

No que toca ao cuidar, o responsável refere que, no futuro, "é preciso considerar mais a cronicidade da doença", uma vez que, aos efeitos a nível metabólico provocados pela doença associam-se comorbilidades que advêm do processo de envelhecimento normal dos doentes.

Aumento de novos casos

Questionado sobre o panorama nacional nesta área, o responsável destaca a diminuição do número de novos casos de infeção por VIH que foi acompanhada pela descida também do número de novos diagnósticos de Sida. 

Os dados mais preocupantes, na sua opinião, dizem respeito aos homens que têm sexo com homens, na medida em que este foi o único grupo onde o número de novos casos aumentou, particularmente em indivíduos mais jovens. Também preocupante, uma maior proporção de casos acima dos 50 e dos 65 anos (dados da Direção-Geral da Saúde publicados em dezembro de 2015).

Implementação do CAD no Litoral Alentejano 

Telo Faria considera que o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no Alentejo é positivo. Há, no entanto, alguns pontos ainda não completamente conseguidos, nomeadamente, a implementação de um Centro de Aconselhamento e Deteção Precoce da Infeção pelo VIH/SIDA (CAD) no Litoral Alentejano, "que deverá ocorrer após a abertura do novo centro de saúde de Sines, em 2017".

O especialista refere também a necessidade de existir uma consulta de seguimento dos doentes no Litoral Alentejano e a instalação do programa informático SI.VIDA nos hospitais da Região do Alentejo com consulta de VIH, "que é fundamental para o conhecimento da realidade epidemiológica da infeção na região”.



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