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«É fundamental a Medicina Interna desenvolver abordagens inovadoras na gestão da diabetes mellitus»


Susana Heitor

Assistente hospitalar graduada de Medicina Interna, coordenadora da Unidade Integrada de Diabetes do Hospital Fernando Fonseca. Membro do Secretariado do NEDM.



Ao longo do curso de Medicina percebi quão relevante era a diabetes mellitus (DM), pois, desde o início, mesmo nas cadeiras pré-clínicas, era uma presença recorrente. Quando iniciei a prática clínica, tanto nas áreas médicas como nas cirúrgicas, mais uma vez, a DM era holística e, infelizmente, associada sempre a pior prognóstico e a desfechos mais sombrios e impressionantes (como hemodiálise, pé diabético e amputações, mortes prematuras).

Comecei a desenvolver o meu interesse ainda durante o internato de Medicina Interna (MI).

A presença da DM esteve sempre imbrincada na prática da MI, visto estar associada a tantas outras patologias que fazem parte da rotina no serviço de urgência, enfermaria e consulta. 

A DM é o paradigma da doença crónica, com grande destaque no envolvimento da pessoa com diabetes na gestão da sua doença. A verdade é que, ao celebrarmos 100 anos de insulina, temos um século de experiência na gestão de uma patologia que deixou de ser fatal para se tornar na mais antiga doença crónica.

Determinantes como literacia em saúde, autocuidados e a intervenção de diferentes profissionais de saúde tornaram a DM pioneira na gestão da doença crónica e na abordagem multidisciplinar.

Pelo seu carácter multissistémico, a DM está inevitavelmente ligada à MI, pois, é uma doença holística que, além do controlo metabólico, necessita da abordagem também holística do risco cardiovascular, da insuficiência cardíaca, insuficiência renal, da doença aterosclerótica e da obesidade.

A existência do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus, ao longo destas três décadas, tem desenvolvido a diferenciação e a otimização dos internistas na Diabetologia, promovendo o conhecimento e a atualização constantes e vanguardistas.

O facto de parte da terapêutica na DM ser injetável, e, durante muitos anos, apenas insulina, exigiu um conhecimento muito específico e o NEDM tem sido, ao longo dos anos, promotor de formação para internistas e outros especialistas estarem aptos a utilizar estas terapêuticas.




Tem sido um desafio pertencer ao Secretariado do NEDM, que, ao longo do tempo, tem tido a presença e a colaboração de tantos internistas de relevo, que foram construindo e deixando um legado de dedicação à DM. Só com boas fundações e alicerces é que uma construção é firme e segura, não só para se manter nas alturas mais difíceis como para ser capaz de aumentar, de crescer e de se renovar, com novos projetos e ideias.

Tenho assistido a tudo isto no NEDM: a confiança e solidez de um passado, mas a capacidade de agarrar novos desafios e melhorar sempre a entrega de novos projetos e formas de repensar o cuidar na DM.

A MI tem como caraterística fundamental a resiliência, o cuidar a pessoa doente como um todo, integrando as diversas patologias, agregando saber, para cuidar de uma forma completa.

É fundamental, neste momento de constante mudança e permanentes desafios, que a MI, através do NEDM promova junto de todos os internistas, a capacidade de desenvolver abordagens inovadoras na forma de entregar cuidados na DM, na liderança de equipas multidisciplinares e verdadeiramente diferenciadoras na gestão desta patologia.

Mais que nunca, o foco é impedir complicações e manter qualidade de vida nas pessoas com DM e o papel do internista é fundamental neste compromisso!



Artigo publicado na LIVE Medicina Interna Especial dedicada ao 30.º aniversário do NEDM, editada pela Just News.

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