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Opinião

«Doenças respiratórias crónicas: A capacidade da Enfermagem em integrar a(s) doença(s) no doente»


Liliana Silva

Enfermeira especialista em Enfermagem de Reabilitação, ULS Matosinhos



Os números da morbilidade e mortalidade das doenças respiratórias em Portugal e no mundo não deixam margem para dúvidas, algo está a falhar na gestão destas doenças. Do ponto de vista clínico, sabe-se bem como tratar estas doenças, existem orientações nacionais e internacionais que ajudam os profissionais de saúde a decidir. Mas, então, onde poderá estar o problema? Estaremos nós, profissionais de saúde, a tratar a doença e não o doente?

É ao doente que compete fazer uma boa gestão da sua doença, seja ela aguda ou crónica, sendo necessário adotar comportamentos de adesão ao tratamento. Porém, para que isto seja possível, não basta educar o doente sobre a sua doença. A informação, por si só, mostra não ser o suficiente para levar a uma boa autogestão da doença respiratória e adesão ao tratamento.

A doença respiratória crónica, assim como qualquer doença crónica, implica adaptação, mudança de comportamento, adoção de estilos de vida adequados à condição e adesão ao tratamento, seja ele farmacológico ou não farmacológico.


Liliana Silva

O que a enfermagem acrescenta nesta área é a sua capacidade de integrar a(s) doença(s) no doente, investindo naquilo que se considera ser condição sine qua non para a adesão da pessoa ao tratamento da sua doença respiratória crónica, que é a consciencialização para essa mesma doença e para a necessidade que se impõe de adotar comportamentos de adesão. 

Só uma pessoa consciencializada da sua condição, com informação acerca da doença e das mudanças necessárias, com capacidade cognitiva para tomar a sua decisão e envolvida no processo de gestão da doença poderá ter bons resultados.

Caso estas condições não se verifiquem, fará sentido sequer falar em adesão?


Existem instrumentos válidos para a avaliação do controlo das doenças respiratórias crónicas e bem sabemos o impacto que o seu mau controlo tem na evolução da própria doença e nos serviços de saúde. Na consulta de enfermagem, estes instrumentos poderão servir de ponto de partida para discutir e analisar com a pessoa a implicação que a doença tem na sua vida, as limitações que impõe e identificar os eventos críticos que servirão de mote para promover a tão necessária consciencialização.

Tão importante quanto o anteriormente referido é que a equipa de saúde esteja alinhada nas mensagens transmitidas à pessoa com doença respiratória, que se integrem os cuidados e se partilhem as responsabilidades, sendo assim essencial que os elementos da equipa comuniquem entre si e se valorizem também os diagnósticos de enfermagem.



Artigo publicado no Jornal das 8.as Jornadas do GRESP - Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.

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