18th International Meeting trouxe ao Porto reputados dermatologistas europeus
No âmbito de mais uma edição do 18th International Meeting – Update on Dermatology Treatments, organizado por António Massa, atual presidente da Sociedade Portuguesa de Dermatologia, especialistas europeus apresentaram, recentemente, no Porto os mais recentes avanços em várias áreas desta especialidade. O fotoenvelhecimento e os produtos para o combater, bem como o tratamento personalizado da psoríase foram alguns assuntos em destaque.
O tratamento personalizado da psoríase, o estado da arte em relação à terapêutica da acne, a prevenção e o tratamento das complicações do laser aplicado à Dermatologia e as patologias que implicam o recurso à fotodermatologia, a combinação entre cosméticos e produtos farmacêuticos e os cremes faciais contra o fotoenvelhecimento foram alguns dos temas em debate nesta reunião.
Das conferências apresentadas, despertou particular interesse a que esteve a cargo de Christopher Griffiths, consultor de Dermatologia na Salford Real NHS Foundation Trust, responsável por um estudo inovador que está a decorrer no Reino Unido sobre “Tratamento personalizado da psoríase”, a partir do qual estão a ser usadas técnicas “state-of-the-art” para verificar se determinado tratamento usado na psoríase é bem-sucedido na prática.
Iniciado em 2013, o estudo pretende avaliar os níveis de fármacos acumulados no corpo dos pacientes que, segundo o dermatologista, variam de pessoa para pessoa, mesmo em doentes que estão a tomar a mesma dose, bem como as alterações específicas da pele, do sangue e as diferenças na composição genética de cada indivíduo.
Como referiu aquele especialista, a análise de todos estes parâmetros permitirá “prever a resposta ao tratamento”, podendo o doente “beneficiar de uma terapêutica mais eficaz, preparada exclusivamente à sua medida”. Como foi sublinhado, graças a esta investigação, podem vir a ser reduzidos os custos dos tratamentos, limitando as medicações que “têm pouco ou nenhum efeito”. Por outro lado, as empresas farmacêuticas poderão usar as informações geradas na pesquisa para desenvolver medicamentos mais eficazes para combater a doença.
Cremes antienvelhecimento
De combinação de cosméticos com medicamentos e de cremes faciais contra o fotoenvelhecimento falaria Tamara Griffiths (Reino Unido), que abordou os cremes antirrugas, os cremes de dia, os cremes noturnos e para uso a meio da tarde, defendendo que, em termos de envelhecimento facial, há “mitos e verdades”, pois, existem inúmeras interações que ocorrem em vários e diferentes níveis.
Para esta especialista, que é porta-voz da Fundação Britânica da Pele, formadora nas áreas da estética e cosmética, e que a imprensa nomeou, em 2006, como um dos melhores 225 médicos da Grã-Bretanha, o que faz a nossa pele envelhecer não é a passagem do tempo, mas os “danos acumulados do sol”. “As manchas vermelhas e castanhas aparecem realmente mais devido a danos causados pelo sol acumulado do que devido ao envelhecimento ou tempo intrínseco passado”, considerou.
Lembrando que as pessoas com pele avermelhada, com cabelos loiros e olhos muito claros são naturalmente “mais suscetíveis”, explicou, por outro lado, que estas pessoas têm “menor proteção natural na forma de pigmento da pele”, além de possuírem, como é natural, alguma predisposição genética. Mas “a pele é apenas uma parte da história quando falamos de envelhecimento facial”, resumiu a dermatologista, indicando que outro fator de monta é a “perda de volume facial”. Contudo, considerou que há produtos que podem resolver os problemas relacionados com a pele e com a gordura subcutânea.
De acordo com Tamara Griffiths, os cremes antienvelhecimento provocam um grande efeito psicológico, em parte devido ao facto de haver uma infinidade de loções e poções muito caras que, “sendo muito bem embaladas, levam a pensar que vão ser eficazes quando, realmente, não funcionam”. Como saber então que creme antienvelhecimento usar, não agredindo a pele envelhecida ou danificada?
Para esta dermatologista, qualquer tipo de fotoproteção será benéfica, mesmo no inverno, em termos de manutenção de uma pele jovem e menos danificada, embora seja preciso equilibrar isso com a obtenção de suficiente vitamina D, havendo muitas fontes deste suplemento que podem ser encontrados na nossa dieta.
Intervieram ainda como conferencistas Elia Roó (Espanha), responsável do Serviço de Dermatologia Estética do Hospital Sur, Alcorcón, e da Clínica Dermatológica Clider, instituições sedeadas em Madrid; Eva Remenyik (Hungria), chefe do Departamento de Dermatologia do Centro de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade de Debrecen; Olivier Chosidow (França) e Miguel Guimarães (Porto), médico do Serviço de Urologia do Centro Hospitalar São João.
No primeiro dia de trabalhos, dedicado à apresentação de casos clínicos, António Massa moderou um interessante debate numa mesa que se prolongou por mais de seis horas, em que se abordaram, nomeadamente, a identificação de casos raros em Dermatologia e outras situações consideradas “mais frequentes ou polémicas”.
Participaram neste debate, com casos clínicos, entre outros, Margarida Apetato (Lisboa), Filomena Azevedo (Porto), Américo Figueiredo (Coimbra), Eduardo Fonseca (Corunha), Pedro Jaen (Madrid), Manuel S. Marques (Lisboa), Manuela Selores (Porto), Sálvio Serrano (Granada, Espanha), Hugo Vasques (Santiago de Compostela); Agustin Viera (Las Palmas) e alguns especialistas dos PALOP.