1.º Congresso Ibérico de Imunoalergologia vai permitir a «realização de trabalhos conjuntos»
Ana Morête, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica é categórica ao afirmar que “ficou claramente decidido e interiorizado por todos a ideia de repetir um encontro ibérico”. Esta primeira edição decorreu a 10 e 11 de março, em Madrid, e juntou cerca de 350 imunoalergologistas portugueses e espanhois.
“Este primeiro congresso ibérico correu mesmo muito bem! Fiquei agradavelmente surpreendida pela forma como o evento decorreu e, particularmente, pelo grande interesse que os participantes demonstraram, lotando todas as salas, e pela elevada qualidade científica dos palestrantes. Vim de alma cheia!”, este é o balanço feito por Ana Morête, que esteve a acompanhar todo o evento.
O contacto entre imunoalergologistas portugueses e espanhóis permitiu retirar algumas conclusões: “Apercebemo-nos de algumas diferenças, mas de muitas mais semelhanças na abordagem dos doentes, identificámos a possibilidade de fazermos trabalhos conjuntos e conseguimos estabelecer contactos e pontes.”
Por isso, “a vontade de repetir é consensual”, e a presidente da SPAIC avança que o 2.º Congresso Ibérico SEAIC-SPAIC será em Portugal, em março de 2025 e, à semelhança deste, deverá voltar a ser monotemático.
O tema central desta primeira edição foi “o uso de terapêuticas biológicas em patologia respiratória e cutânea” e Ana Morête, que também dirige o Serviço de Imunoalergologia do CH do Baixo Vouga, destaca que houve a oportunidade de debater “um tema tão atual e desafiante como é a doença T2, que está sempre a evoluir, o que exige um importante grau de diferenciação, até porque são abordadas todas as suas faces”.
Ana Morête realça que, logo após a cerimónia de abertura, a primeira sessão foi, desde logo, “muito interessante, ao juntar jovens imunoalergologistas portugueses e espanhóis, que fizeram o ponto de situação atual dos biológicos nos dois países”. E admite que o resultado lhe despertou um sentimento de “tranquilização, porque se percebe que esta nova geração vai manter o nível elevado de qualidade”.
No final deste congresso, houve lugar ainda à apresentação dos dois posters premiados e à entrega de prémios. Dos 55 posters submetidos por grupos portugueses e espanhóis, o melhor poster português foi premiado com a inscrição no XXXIV Congresso Nacional da SEAIC, em final de outubro, em Santiago de Compostela, enquanto o melhor poster espanhol recebeu a inscrição na 44ª Reunião Anual da SPAIC, que irá decorrer no final de setembro, em local a definir.
Ana Graça Bernardino, interna do Serviço de Imunoalergologia do CHU Lisboa Norte, é a primeira autora do trabalho que arrecadou o prémio de melhor poster português, com o título “Omalizumab for chronic spontaneous urticaria – 14 years of real-life experience in a portuguese ucare”.
A presidente da SPAIC adianta que, em breve, será enviado um inquérito de satisfação aos participantes, com vista a reunir comentários e sugestões de melhoria. A comunicação será um dos itens abordados, dado que foi decidido que as apresentações seriam feitas em inglês ou na língua materna e os slides seriam em inglês. Na sua opinião, esse método funcionou “muito bem, porque obrigou os congressistas a estarem muito mais atentos às apresentações que não eram feitas na sua língua natal”.
Ana Morête
Desde 2019 que a SPAIC mantém uma aliança com a SEAIC, quando foi realizada uma primeira reunião entre as direções das duas sociedades, onde foram definidas estratégias conjuntas. A pandemia colocou tudo em suspenso e só em junho de 2022 voltaram a reunir-se, em Barcelona, onde assinaram um convénio, que deu origem também a este primeiro congresso ibérico. A junta diretiva e o comité organizador foram constituídos pelas direções das duas sociedades.