«A Inteligência Artificial também pode fornecer uma solução para a falta de tempo na consulta»

Embora reconhecendo existir alguma apreensão relativamente ao uso que pode ser dado às ferramentas de Inteligência Artifical, o médico de família Lima Nogueira diz estar otimista quanto a isso. Dedica mesmo boa parte do seu tempo ao estudo da Inteligência Artificial (IA) e tem abordado o tema em palestras, como a que vai proferir na próxima edição das Jornadas Multidisciplinares de MGF, em março de 2025.

Assumindo não ser um expert na matéria, Lima Nogueira afirma ter vindo a desenvolver o que define como uma “visão muito leve”, refletindo o seu “ponto de vista” relativamente a “um tema tão vasto como o da inteligência artificial”. No fundo, procurando identificar as mais-valias concretas da sua utilização no âmbito da saúde e o impacto que poderá ter, nomeadamente, na atividade do dia-a-dia de uma especialidade como a Medicina Geral e Familiar.

“Nós estamos ainda, atualmente, numa fase da IA em que não possuímos muitas ferramentas já validadas cientificamente, até porque nem todos os projetos em curso acabam por singrar”, refere o médico, acrescentando:

“A IA tem prós e contras e, como se sabe, há muita apreensão relativamente ao uso das ferramentas que disponibiliza, havendo mesmo o receio de que possa substituir os próprios profissionais e decidir por eles. Mas eu sou um otimista e estou plenamente convencido de que a IA pode vir a contribuir bastante para melhorar o nível dos cuidados de saúde prestados aos utentes, favorecendo a nossa prática clínica.”

Particularmente ligado à área da hipertensão arterial, Lima Nogueira alerta para o facto de o seu diagnóstico adequado e indispensável controlo se manterem “aquém do que seria desejável”.

Lima Nogueira

E logo adianta que a crescente adoção da IA se veio mostrar “promissora na gestão da HTA, possibilitando abordagens inovadoras ao nível do diagnóstico, do tratamento e da própria prevenção”.

“Se tivermos à nossa disposição algoritmos suficientemente bem delineados, treinados com uma quantidade de informação estruturada, não enviesada – de boa qualidade –, e os
formos “alimentando” com Big Data, conseguiremos prever, com boa acurácia, o comportamento da HTA num determinado indivíduo”, garante.

Lima Nogueira reconhece ser, como médico de família muito interessado na hipertensão, “um grande defensor da importância da sua medição”, ou seja, da obtenção de valores
fidedignos da pressão arterial, tarefa em que a IA virá a ter, no seu entender, um papel importante.

A IA poderá mesmo, acredita o nosso entrevistado, fornecer a solução para tornar mais rentável o limitado tempo de consulta geralmente disponível para cada utente:

“Será ótimo se, por exemplo, eu dispuser de uma ferramenta de IA que me permita não ter que utilizar o teclado do computador que está à minha frente para introduzir toda a informação gerada numa consulta. A conversa que tenho com o doente, e em quem concentro toda a minha atenção, facilitando a comunicação entre ambos, pode ser convertida num registo eletrónico estruturado, cujo texto posso posteriormente editar e guardar.”

Imprimir


Próximos eventos

Ver Agenda