KRKA

Cardiologia: Angioplastia número 10.000 no HGO realizada por «equipa exclusivamente feminina»

O Serviço de Cardiologia do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, dirigido por Hélder Pereira, realizou, no passado dia 11 de março, a angioplastia número 10 mil. A intervenção aconteceu 23 anos depois da primeira que foi feita neste hospital.

Em declarações à Just News, Hélder Pereira recorda que foi na altura em que se realizou a primeira angioplastia no HGO (1994) que os stents começaram a ser utilizados, o que, refere, “representou um grande avanço na evolução da intervenção coronária, não só em termos de eficácia, mas também de segurança do procedimento”.

Segundo o cardiologista, nessa época, muitos consideravam que só se deveriam realizar intervenções destas em centros com cirurgia cardíaca. “Nós considerávamos e ainda consideramos que, acima de tudo, deverá estar assegurada a segurança e a qualidade dos procedimentos, mas que seria muito redutor que a intervenção ficasse reduzida a Lisboa, Porto e Coimbra, até porque nessa altura já havia alguma evidência de que a angioplastia no enfarte agudo do miocárdio era superior à fibrinólise”, menciona.

Angioplastia realizada por "equipa exclusivamente feminina"

 

Colaça Duarte, Cristina Martins e Sílvia Vitorino (ausente na foto: Carla Gonçalves). 

Coube à cardiologista Cristina Martins, às técnicas Sílvia Vitorino e Carla Gonçalves e à enfermeira Colaça Duarte realizar a angioplastia número 10 mil no HGO. “É interessante verificar que foi efetuada por uma equipa exclusivamente feminina”, comenta Hélder Pereira, salientando que no Laboratório de Hemodinâmica metade dos operadores são mulheres.

“Até há bem poucos anos, esta era uma área quase exclusiva do sexo masculino, mas hoje temos, em Portugal, muitas mulheres como operadoras, o que significa, da parte delas, um investimento pessoal muito grande, uma vez que a exposição a radiações as afasta da sala durante os períodos de maternidade, que coincidem habitualmente com a formação numa subespecialidade muito exigente”, realça o cardiologista.

Sílvia Vitorino, Carla Gonçalves, Colaça Duarte e Cristina Martins.

Cada vez mais pessoas pedem ajuda pelo 112 


A angioplastia número 10 mil foi realizada num homem de 51 anos que recorreu à Via Verde Coronária para pedir ajuda no contexto de uma dor retroesternal.

Enquanto coordenador do programa Stent for Life (SFL) em Portugal, que tem como intenção reduzir a mortalidade por enfarte agudo do miocárdio (EAM), Hélder Pereira sublinha a sua satisfação por, ao longo dos últimos anos, ter vindo a aumentar o número de doentes que pedem ajuda através do 112 e não se deslocam ao hospital pelos seus próprios meios.

“Em dez anos, passámos de cerca de apenas um quarto dos doentes a ligar para o 112 para cerca de metade. É evidente que esta é a história do copo meio cheio ou meio vazio. Do meu ponto de vista, é o copo meio cheio, o que não quer dizer que já estejamos satisfeitos com estes resultados”, menciona, acrescentando que, recentemente, foi intensificada a campanha NÃO PERCA TEMPO - SALVE UMA VIDA, estando os spots a passar nas televisões e nos cinemas.


Tratar mais doentes "com uma solução de proximidade" 


Segundo o diretor do Serviço de Cardiologia do HGO, as necessidades de tratamento, em particular da estenose aórtica, não se compadecem com centros situados apenas em Lisboa, Porto e Coimbra e, na sua opinião, “seria importante iniciar um plano estruturado, de forma a poder dar resposta às crescentes necessidades populacionais”.

“Muitos dizem que Portugal é pequeno e que facilmente todos têm acesso aos grandes centros. Não é verdade, basta ver de onde vêm os doentes que, atualmente, estão a tratar e verificar a sua proveniência. Podemos mesmo ajustar à densidade populacional regional e verificar, por exemplo, se o Alentejo tem o mesmo acesso que os grandes centros.”

Hélder Pereira considera que “o HGO, como hospital central e com urgência polivalente, poderia novamente ser um dos pioneiros na organização e no planeamento de intervenção estrutural, sem cirurgia in-house, com a presença de cirurgiões, que permitisse que estas novas técnicas extravasassem as muralhas dos três grandes centros cirúrgicos”.

Este alargamento permitiria, na sua ótica, que se tratassem mais doentes "com uma solução de proximidade" e que se formassem mais profissionais que, "em ondas sucessivas, equipassem o país dos recursos humanos necessários".

Para o especialista, não há dúvidas de que, “como país, temos de ter uma visão estratégica para a saúde dos portugueses, em particular para as doenças cardiovasculares que, do ponto de vista epidemiológico, ainda irão aumentar muito nos próximos anos". Nesse sentido, sublinha: "Soluções tomadas agora e que visam apenas responder aos problemas atuais não servem. Devemos ser ambiciosos e estar preparados para responder aos desafios futuros."






A versão completa da notícia pode ser lida na próxima LIVE Cardiovascular.

seg.
ter.
qua.
qui.
sex.
sáb.
dom.

Digite o termo que deseja pesquisar no campo abaixo:

Eventos do dia 24/12/2017:

Imprimir


Próximos eventos

Ver Agenda