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Carlos Calhaz-Jorge é o novo presidente da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia

Carlos Calhaz-Jorge é o primeiro presidente português à frente da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE). A tomada de posse teve lugar no final de junho, no decorrer da 37.ª Reunião Anual da ESHRE, que decorreu online.

“É o reconhecimento pelo trabalho que desenvolvi ao longo destes anos, mas também uma enorme responsabilidade”, disse à Just News.

Com mais de 30 anos de experiência em Medicina da Reprodução (MR) foi um dos pioneiros na área da fertilidade em Portugal, estando na ESHRE desde 1988, como sócio, e desde 2000 como colaborador ativo nos Boards da Sociedade.


Carlos Calhaz-Jorge

Após um biénio como presidente-eleito, tomou posse como presidente até 2023 e a palavra-chave é continuidade. “A ESHRE é uma máquina muito grande e complexa, com o seu próprio ritmo, logo não é preciso inventar a roda e nem existe margem para grandes objetivos individuais”, disse Carlos Calhaz-Jorge.

 “É uma Sociedade europeia, mas tem sócios do mundo inteiro.”

O especialista espera assim manter a aposta em três eixos fundamentais, nomeadamente a interação com a União Europeia, já que é a Sociedade europeia interlocutora para a área da MR. “No fundo, é continuar a investir na política externa e no apoio às associações de doentes e às iniciativas da sociedade civil.”

A elaboração e a difusão de guidelines é outro dos eixos ou não se tratasse de uma organização fundamentalmente dedicada à educação e investigação, com os seus 14 grupos de interesse especiais. Além disso a sociedade publica 4 jornais, "dos mais importantes no mundo", na área da reprodução, quer clínica que de investigação básica.

Uma das possíveis novidades nos próximos dois anos é a realização dos eventos em formato híbrido, para permitir a quem está mais distante participar na partilha de ideias. “É uma Sociedade europeia, mas tem sócios do mundo inteiro.”

Portugal: Avanços “indescritíveis” e pouca acessibilidade no SNS

Olhando para o cenário português, realçou os avanços técnico-científicos “indescritíveis” dos últimos anos e o reequipar dos centros públicos de MR do país em 2009, que representaram “num salto qualitativo”, quer para profissionais como para utentes.

Contudo, ainda há um longo caminho a percorrer no SNS, que se poderá revelar mais difícil nos próximos tempos. “A pandemia atrasou ainda mais as listas de espera e a escassez de verbas - infelizmente já habitual – vai manter-se por causa das consequências do novo vírus.”

Carlos Calhaz-Jorge gostaria que se desse mais atenção aos casais que sonham em ter um filho, e que para isso têm de recorrer à MR. “É uma fatia da população pequena e, infelizmente, não se lhes dá a atenção de que necessitam. Nesta Unidade temos listas de espera de 15-18 meses, o que deveria ser inadmissível e tem enormes repercussões sobre o sucesso dos tratamentos, sobretudo para mulheres já perto dos 40 anos.”

Na sua opinião, o grande problema está na acessibilidade a tratamentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), onde não basta aumentar o número de ciclos que são comparticipados ou até a idade-limite. “A partir dos 40 anos, a taxa de sucesso diminui naturalmente. E as mais novas que ficaram à espera? Basta a diferença de um ano para que se comprometa a taxa de sucesso das intervenções.”

Para o responsável, a solução para se dar resposta no SNS é aumentar os espaços físicos e o equipamento dos laboratórios, agilizar os procedimentos e, claro, contratar recursos humanos proporcionais. “Foi criado um Banco Público de Gâmetas, no Porto, mas não tem a capacidade necessária e os dadores têm de esperar por uma consulta, não têm facilidade de horário pós-laboral…” Desta forma, como acrescentou, “acaba por ser ainda mais difícil ter dadores”.

Apesar de tudo, diz-se um otimista e espera que daqui a uns anos esta realidade seja diferente e se venha a dar mais atenção a estes casais.

A dedicação à Medicina da Reprodução

Licenciado em Medicina pela FMUL, Carlos Calhaz-Jorge é especialista em Ginecologia/Obstetrícia há 45 anos, sendo que mais de 30 são dedicados à Medicina de Reprodução.

Atualmente é o diretor do Departamento de Obstetrícia-Ginecologia do Hospital de Santa Maria – Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (HSM-CHULN), assim como do Centro de Procriação Medicamente Assistida e professor Catedrático na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Desde 2007 é também membro da Autoridade Reguladora de ART de Portugal.

Na ESHRE, foi membro do Conselho Diretivo (2011-2015); integrou o Consórcio EIM, eleito para o Comité de Direção em 2013, tendo sido presidente entre 2015 e 2017; foi membro do Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes de Endometriose (2011-2013); coordenador do grupo de trabalho de e-Learning (2012-2015); membro do Comité de Certificação de Cirurgiões vocacionados para a Reprodução (ECRES) (2013-2017); e membro da Comissão de Assuntos da União Europeia (20018- presente).


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