Ciências da Saúde: criada rede académica lusófona «agregadora, dinamizadora e integradora»
Mais de 250 participantes de seis países estão, até sábado, reunidos em Lisboa, no primeiro grande evento da recém-criada Rede Académica das Ciências da Saúde (RACS) da CPLP. De acordo com o seu presidente, o português João Lobato, é finalidade desta associação “afirmar-se como um instrumento facilitador da congregação de interesses científicos e académicos na comunidade de países da CPLP”.
A ideia de criar uma plataforma internacional, “comungando finalidades e objetivos comuns, agregadora e dinamizadora do conhecimento em saúde”, fermentou durante 2 anos. A Rede Académica das Ciências da Saúde da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa acabaria por ser criada no passado dia 1 de setembro.
João Lobato, que até há pouco tempo presidiu à Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL), salientou, na intervenção que proferiu na sessão de abertura da reunião da RACS, que se pretende, com a constituição desta Rede, contribuir “para uma melhor qualidade da formação de quadros” e, consequentemente, “para a melhoria da qualidade de vida dos povos de Língua Portuguesa”.
Construir redes "em torno do ensino e da investigação"
Um dos membros fundadores foi precisamente a ESTeSL, que acolheu agora esta reunião e cuja presidente não deixou de sublinhar que, “sendo o ensino superior o local onde, por excelência, se constrói conhecimento, este é reforçado quando advém do cruzamento de múltiplos saberes, de múltiplas culturas e tendo uma Língua comum que nos une”.
“Desenvolver estratégias para a construção de redes em torno do ensino e da investigação é fundamental para a inovação e o desenvolvimento, para que a cooperação entre os diferentes atores estimule a capacidade de criar, de investigar e de ensinar”, disse Anabela Graça.
Aquela responsável não deixaria de frisar que o desenvolvimento individualizado e singular da ciência tem vindo a ser abandonado, substituído por “processos de trabalho de partilha coletiva, onde a criação de redes académicas é uma componente intrínseca”, o que “potencia a generalização do conhecimento e o reforço das capacidades, contribuindo para um progresso mais sustentado e democrático”.
“Três dias que deixarão marcas"
Fernando Regateiro, coordenador nacional para a Reforma do SNS na área dos cuidados de saúde hospitalares, presidiu à cerimónia de abertura da reunião e não hesitou em referir-se a “três dias que deixarão marcas, pelo que trazem pela via do ensino, da reflexão e do debate”. E considerou que “as pontes serão, certamente, o instrumento maior da Rede” e esta “o suporte para onde se canaliza o conhecimento”.
Presente no auditório da ESTeSL em representação do ministro da Saúde, Fernando Regateiro não deixou de transmitir toda a disponibilidade de Adalberto Campos Fernandes “para apoiar e dinamizar iniciativas bilaterais e multilaterais que concretizem a missão da Rede”.
Para além de um momento musical, a sessão solene incluiu uma conferência inaugural, em que Pedro Lourtie, do Instituto Superior Técnico, da Universidade de Lisboa, desenvolveu o tema “Ensino Superior na CPLP: avaliação, qualidade e reconhecimento de qualificações”.
Direção da RACS: Agostinho Cruz, João Lobato e Jorge Conde.
RACS agrega nove países
Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Brasil e Timor-Leste são os nove países que integram a RACS. Neste primeiro biénio da sua existência (2017-2018), a Rede encontra-se em fase de instalação e de progressiva expansão junto de mais de 180 instituições de ensino superior da área da saúde no espaço CPLP.
Para além dos seus associados efetivos, e de acordo com os estatutos, a RACS acolhe entidades parceiras de distinta natureza e de diferentes setores da sociedade, nacionais de cada país da CPLP ou internacionais, como, por exemplo, unidades prestadoras de cuidados de saúde, ou associações de utentes e doentes.
Rede potencia "um maior intercâmbio académico"
Na intervenção que proferiu, o seu presidente deixou evidente que foram já identificados "pontos de convergência em várias vertentes da missão institucional das instituições de ensino superior e dos centros de investigação de países da CPLP". E, nesse sentido, "propõe-se com esta Rede melhorar e sedimentar as colaborações existentes e promover um maior intercâmbio académico entre investigadores, docentes, estudantes, pessoal não docente e recém-diplomados das áreas da saúde, com vista à sua valorização”.
“Consideramos que a RACS deve, privilegiadamente, orientar a sua atuação no sentido da concretização de uma prática de partilha e colaboração institucional que esteja efetivamente apostada em promover intercâmbios potenciadores da afirmação do conhecimento na área das ciências da saúde, com vista à melhoria da qualidade de vida e da inclusão social, na perspetiva global do desenvolvimento”, afirmou João Lobato.
“Inovador programa multidimensional”
A decisão de realizar o encontro de Lisboa foi tomada na mesma assembleia em que, há seis meses, foi criada a Rede Académica das Ciências da Saúde da CPLP.
De acordo com o seu presidente, “ensaiou-se um inovador programa multidimensional”. E citou a componente científica; a questão das políticas académicas, desde a mobilidade académica à investigação; o espaço para a formação e o debate do foro pedagógico; a dimensão sociocultural; os tempos reservados para reuniões institucionais sobre a dinâmica interna da própria Rede; e ainda uma breve tertúlia para estudantes.
Com 36 comunicações orais e 104 posters científicos, a reunião regista 29 preletores convidados e 27 moderadores dos painéis temáticos e mesas de comunicações livres, com uma comissão organizadora que integra três dezenas de elementos.
Uma mostra coletiva de pintura de nove artistas plásticos de cada um dos países de Língua Portuguesa está também exposta, com obras cedidas pela campanha “Juntos Contra a Fome”.
Membros dos Órgãos Sociais da RACS: Agostinho Cruz, Jorge Conde, João Lobato, António Almeida Dias, Ana Carolina Castello Lisboa, José João Baltazar Mendes, Albertino Graça, Rui Ribeiro e Albertino Sebastião.
Órgãos Sociais da Rede Académica das Ciências da Saúde da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
MESA DA ASSEMBLEIA-GERAL:
- Instituto Universitário de Ciências da Saúde e Instituto Politécnico de Saúde do Norte (CESPU, Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário, CRL) (Portugal)
António Almeida Dias
- Instituto Superior de Ensino Celso Lisboa (UCL) – Rio de Janeiro (Brasil)
Ana Carolina Castello Lisboa
- Egas Moniz, Cooperativa de Ensino Superior, CRL (Portugal)
José João Baltazar Mendes
DIREÇÃO
- Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa (ESTeSL) – Instituto Politécnico de Lisboa (Portugal)
João Lobato
- Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSL) – Instituto Politécnico de Coimbra (Portugal)
Jorge Conde
- Escola Superior de Saúde – Instituto Politécnico do Porto (Portugal)
Agostinho Cruz
CONSELHO FISCAL
- Universidade de Mindelo (Cabo Verde)
Albertino Graça
- Instituto Superior Politécnico de Benguela (ISPB) (Angola)
Albertino Sebastião
- Escola Superior de Saúde de Alcoitão – Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (Portugal)
Rui Ribeiro
Participantes da Assembleia Geral da RACS.