«Conseguimos reduzir em 78% o número de internamentos de pessoas com multimorbilidade»

Ao fim de um ano de atividade, a implementação dos Percursos Assistenciais Integrados (PAI), "digitalizados e com follow-up através de automação", na ULS do Litoral Alentejano (ULSLA) tem permitido obter resultados extremamente positivos junto das pessoas com Insuficiência Cardíaca e com Multimorbilidade, adianta Adelaide Belo, coordenadora do projeto.


Em declarações à Just News, a médica e coordenadora do Núcleo de Integração de Cuidados da ULSLA e do Programa de Gestão de Caso  lembra que a ideia arrancou dia 5 de junho "com o PAI das pessoas com Insuficiência Cardíaca (PAI IC) e em outubro o das pessoas com Multimorbilidade  (PAI MM), ou seja, que têm pelo menos duas de três patologias: Insuficiência Cardíaca, Diabetes Mellitus, DPOC".

Avaliação de seis meses

E que balanço é possível fazer? Antes de mais, Adelaide Belo salienta que "os resultados deste tipo de programas só têm impacto a médio/longo prazo". Nesse sentido, esclarece que foi decidido avaliar "a utilização dos Serviços de Urgência e Internamento de um grupo de doentes em programa há pelo menos 6 meses".

Assim, foram avaliados 617 doentes do PAI IC e 285 doentes do PAI MM, "comparativamente com o período homólogo anterior".

E os resultados partilhados são impressionantes, destacando-se a redução de 78% no número de internamentos de doentes com multimorbilidade. Se anteriormente esse número chegou aos 95, após a integração no programa houve menos 74 internamentos, o que corresponde a uma redução de 78%.

Quanto aos episódios registados no Serviço de Urgência por estes doentes, a redução é de 59%


Adelaide Belo

Também no caso das pessoas com insuficiência cardíaca, os dados são muito animadores. Ao fim de seis meses houve menos 158 episódios na urgência, o que equivale a uma redução de 33%, e uma redução de 228 para 148 internamentos, ou seja, menos 35%.

Desta forma, no conjunto, "para as 902 pessoas integradas neste estudo, houve um total de menos 239 episódios no Serviço de Urgência e menos 154 internamentos", afirma Adelaide Belo.

"Ter o doente no radar"

É, assim, fácil de compreender porque os PAI da ULSLA sejam candidatos à 17.ª Edição do Prémio de Boas Práticas em Saude 2024, estando o projeto "entre os finalistas selecionados para a fase de avaliação científica".

E qual a principal mensagem a passar sobre a implementação dos PAI?  "A reorganização da prestação dos cuidados conseguida com a implementação dos PAI permite "ter o doente no radar, prestar o cuidado certo, no momento certo, pela equipa mais adequada", afirma Adelaide Belo.

Até 30 de abril de 2024 estão inscritos na plataforma digital 3437 pessoas – 2022 com IC e 1415 com MM, com média de idade de 78 anos.


Objetivos dos PAI:

• Garantir uma padronização dos cuidados;
• Identificar e tratar atempadamente as agudizações;
• Referenciar as pessoas para o nível de cuidados adequado;
• Prevenir admissões nos serviços de urgência e/ou internamentos evitáveis;
• Promover a colaboração e coordenação entre as equipas de cuidados ao longo do percurso das pessoas;
• Melhorar a experiência das pessoas com doença(s) e seus cuidadores


Imprimir


Próximos eventos

Ver Agenda