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Consulta de Psiquiatria do Jovem Universitário em Coimbra «reduz o atraso no diagnóstico»

Foi quando Sofia Morais estava no quarto ano do internato médico, em 2015, que surgiu a ideia de criar a Consulta de Psiquiatria do Jovem Universitário. Esta é, hoje em dia, uma das várias valências do Centro de Responsabilidade Integrado de Psiquiatria (CRI) do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra.

“Coimbra é a cidade universitária mais antiga do país e começámos a identificar que muitos jovens estudantes recorriam ao Serviço de Urgência”, refere Sofia Morais, uma das médicas psiquiatras da Consulta.

A especialista identifica que “o menor suporte familiar, as maiores exigências académicas, a dificuldade na gestão do tempo, a preocupação com a empregabilidade e os problemas financeiros são alguns dos fatores que contribuem para esta realidade”.

Constituído um protocolo entre a Universidade de Coimbra (UC) e o CHUC, os psiquiatras do CRI de Psiquiatria deslocam-se até aos Serviços Médicos da UC, pertencentes aos Serviços de Ação Social da UC, para fazer a consulta, reduzindo assim o estigma e melhorando o acesso aos cuidados.


Sofia Morais

Assente num modelo de referenciação stepped care approach, a primeira intervenção é feita por uma psicóloga dos serviços da UC que, segundo Sofia Morais, realiza uma triagem rápida e, em função da gravidade apresentada, referencia diretamente para a Medicina Geral e Familiar, para a Psiquiatria ou para a Psicologia, para uma intervenção individual ou integração em grupos psicoeducativos.

Respondendo a jovens entre os 18 e os 25 anos, “precisamente a idade major para o aparecimento de doença psiquiátrica grave”, Sofia Morais nota que este apoio permite “reduzir o atraso no diagnóstico e evitar o surgimento de comorbilidades psiquiátricas, como o consumo de canábis ou a dependência de álcool, melhorando o prognóstico a longo prazo”.

Espetro do autismo e hiperatividade


Por outro lado, a psiquiatra está também envolvida na Consulta de Neurodesenvolvimento, onde se recebem adultos jovens com perturbação do espetro do autismo e perturbação de hiperatividade e défice de atenção, referenciados pela Unidade de Neurodesenvolvimento do Hospital Pediátrico, ou pelos médicos de família.


Considerando que estes doentes “acabavam por ficar um pouco esquecidos”, Sofia Morais fala na perturbação de hiperatividade como “um diagnóstico que parecia só existir na infância, algo que claramente não é verdade, dado que muitos doentes o mantêm na vida adulta”.


Relativamente ao autismo, considera que se trata de “um diagnóstico que só agora está a chegar aos cuidados no adulto, devendo-se estimular a autonomia do doente, acompanhar o ingresso no ensino superior/laboral ou, nos casos mais graves, controlar as alterações de comportamento com a psicofarmacologia, na menor dose possível”.


Sendo uma consulta multidisciplinar, além da presença do psiquiatra, conta com o apoio de uma psicóloga, “para o acompanhamento psicoterapêutico individual e para avaliações diagnósticas”, um enfermeiro, “para administração de injetáveis e articulação com instituições e famílias”, e uma assistente social, “para, em ligação ao IEFP, integrar estes jovens no mercado laboral”.


Sofia Morais nasceu em janeiro de 1986, em Coimbra, onde estudou Medicina, e logo desenvolveu a sua tese de Mestrado na área da Psiquiatria. Iniciou a sua ligação a este CRI no internato da especialidade, em 2012, e logo se começou a dedicar ao Primeiro Episódio Psicótico


O estágio que realizou no King’s College, em Londres, na Lambeth Early Onset Psychosis, uma unidade dedicada a esta área, a par do que desenvolveu no Hospital de Santa Maria, na Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência, acabaram por marcar a sua carreira.


Assistente convidada da FMUC, está, entretanto, a desenvolver a tese de doutoramento sobre o neurofeedback no autismo e na esquizofrenia, para estudar “se haverá um biomarcador imagiológico que os possa distinguir”.




Notícia publicada na LIVE Psiquiatria e Saúde Mental 4, no âmbito de uma reportagem onde se dá a conhecer parte da extensa atividade e mais-valias do Centro de Responsabilidade Integrado de Psiquiatria do CHUC, liderado por Horácio Firmino.

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