Enfermagem de Reabilitação «imprescindível para os ganhos em saúde da população»

“Há ainda muito a consolidar e a construir na Enfermagem de Reabilitação, sobretudo com os novos desafios inerentes ao envelhecimento da população”, segundo Ana Paula Fernandes. A enfermeira diretora do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (CHULN) falou sobre a especialidade no 2.º Congresso de Enfermagem de Reabilitação do CHULN, evento ao qual presidiu.

Num evento que reuniu cerca de 400 inscritos esta quarta e quinta-feira, foi numa sala cheia que Ana Paula Fernandes apresentou algumas considerações sobre os enfermeiros especialistas em Enfermagem de Reabilitação (EEER).



Relativamente às mudanças sociodemográficas, a responsável realçou a importância das competências deste grupo de enfermeiros quando, segundo dados recentes, “dos 10 milhões e 200 mil portugueses, 21,1% têm mais de 65 anos, enquanto na Europa esta percentagem é de 19,4%”.

A enfermeira elencou ainda outros números como forma de se refletir na relevância dos EEER no presente e no futuro. Começou por referir que “a esperança média de vida à nascença é de 81.6 anos, ligeiramente acima da europeia que se situa nos 80.9 anos". Mas a questão não se fica por aqui, salientou a especialista:

"Vive-se mais, mas acima dos 65 anos, com uma ou mais incapacidades. Cerca de 17% apresentam incapacidade nas atividades de vida diária, limitações físicas – nomeadamente pós-AVC -, dificuldades respiratórias, insuficiência cardíaca, doenças do foro neurológico e oncológico, entre outras.”


Ana Paula Fernandes

Perante esta realidade, Ana Paula Fernandes enalteceu as competências dos EEER, sobretudo “na diminuição da demora média de internamento, na qual fazem a diferença”, quando a cronicidade das patologias e as comorbilidades contribuem para o aumento do número de internamentos e para a ambulatorização de alguns cuidados.

Concluindo: “A integração de EEER na maior parte dos serviços hospitalares, assim como nas várias unidades funcionais dos cuidados de saúde primários, é imprescindível para os ganhos em saúde da população.”



Sessão de abertura: Elogios e um alerta

O mesmo ponto de vista foi partilhado por Carla Costa, presidente da comissão científica. Na sessão de abertura alertou, perante os atuais desafios, para a necessidade de os EEER conhecerem os projetos que estão no terreno. “Sendo já consensual que as intervenções dos EEER se traduzem em efetivos ganhos em saúde, é emergente que conheçamos o que está implementado no país, quer nos cuidados hospitalares como nos primários.”


Carla Costa

A enfermeira espera que, dessa forma, se “ajude a cimentar o esforço que tem sido feito para dignificar, valorizar e aumentar a visibilidade da especialidade, enquanto promotora de ganhos em saúde para as populações.”

Em representação da bastonária da Ordem dos Enfermeiros, a EEER Sílvia Fernandes não se limitou a falar das mais-valias desta profissão e alertou para a necessidade de se passar das palavras aos atos.

“O discurso de que somos essenciais já tem alguns anos. Efetivamente temos um papel fundamental numa equipa, porque promovemos a autonomia da pessoa, o que se traduz em menos internamentos, logo em menos custos. As nossas competências têm de ser postas em prática, caso contrário ficarão a cargo de outros profissionais.”


Sílvia Fernandes

Presente esteve também o presidente do Conselho de Administração do CHULN, Daniel Ferro, que aproveitou o Congresso para anunciar os ganhos da atual direção, recordando que, “nestes quatro meses, propusemo-nos a atingir dois grandes objetivos a curto prazo. Um deles foi a melhoria da acessibilidade aos cuidados cirúrgicos e, com a participação ativa da Enfermagem, crescemos 25% em atividade, o que é fantástico.”



O responsável destacou o papel dos EEER, sobretudo no projeto de Hospitalização Domiciliária do CHULN, que vai começar em janeiro do próximo ano, e também na melhoria da acessibilidade ao internamento, para evitar macas nos corredores – o segundo objetivo a curto prazo.

“O nosso país precisa de otimizar a eficiência no internamento e os EEER podem influenciar esta mudança face às suas competências", referiu Daniel Ferro.


Elementos da Comissão Organizadora com Direção do CHULN e representante da OE: Sílvia Fernandes, Daniel Ferro, Ana Almeida, Raquel Bolas, Carla Costa, Lucília Alves, Fátima Caetano, Ana Paula Fernandes, Pedro Pinto dos Reis (vogal CHULN) e Ana Gonçalves (à frente)

"A Reabilitação é uma área cada vez mais relevante"

Quem também quis dar o seu apoio ao Congresso foi Fausto Pinto, diretor do Serviço de Cardiologia do CHULN, ou não fosse um dos projetos apresentados o “Programa de Reabilitação Cardíaca Fase I” da Unidade de Tratamento Intensivo Coronário do CHULN.


Fausto Pinto, Ana Almeida, Raquel Bolas

“Iniciámos este trabalho há uns anos e a Enfermagem, numa equipa multidisciplinar, tem um papel crucial", sublinhou o médico.

Na sua opinião, "a Reabilitação é uma área cada vez mais relevante na prestação de cuidados em doentes com patologias cardiovasculares e, felizmente, temos um grupo muito motivado que tornou o programa mais robusto, dando-nos força para o futuro.”

O Congresso contou com EEER do CHULN, mas também de outras unidades hospitalares e dos cuidados de saúde do país, inclusive das regiões autónomas da Madeira e Açores.




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