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Esterilização histeroscópica: «A via ideal para muitas mulheres»

“Não há motivo para alarme ou preocupação em relação à segurança da esterilização histeroscópica”, frisou Pedro Tiago Silva, ao intervir na 7.ª Reunião Nacional da Sociedade Portuguesa da Contracepção (SPDC), que decorreu em Matosinhos e a que presidiu.

O tema, abordado pelo especialista em Ginecologia e Obstetrícia, surge numa altura em que o único dispositivo que existe no mercado para a realização da esterilização histeroscópica (Essure) foi retirado temporariamente do mercado nacional por não dispor, atualmente, do certificado CE.

A esterilização histeroscópica é feita desde o início deste século na Europa e nos Estados Unidos da América através deste dispositivo. Até então, a esterilização laparoscópica era o principal método utilizado para a laqueação das trompas.


Elementos da Comissão Organizadora da 7. Reunião Nacional da SPDC

Pedro Tiago Silva, que é diretor do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Pedro Hispano, explicou na sua palestra que o dispositivo utilizado para a esterilização histeroscópica “é composto por uma espiral externa feita numa liga de níquel e titânio (nitinol) que, no seu interior, contém fibras de polietileno que vão promover uma reação que provocará o bloqueio definitivo das trompas de Falópio”.

“Se, por um lado, não podemos descurar os apelos da sociedade, como médicos, temos de nos preocupar em perceber qual a evidência que temos atualmente”, afirmou. E adiantou que, após busca exaustiva por evidência científica, não encontrou qualquer estudo que trouxesse algum tipo de alerta ou preocupação em relação a este método, antes pelo contrário.

”Muitos dos estudos fizeram revisões sistemáticas e meta-análises que incluíram mais de 50 artigos que analisaram grandes populações e verificaram que a esterilização histeroscópica é muito segura”, esclareceu. Mesmo quando comparada com a laqueação tubária bilateral, “ambos os métodos têm complicações muito baixas, mas, a existirem, as da esterilização histeroscópica são normalmente em menor número”.



Para o especialista, “a laqueação das trompas por via histeroscópica é a via ideal para muitas mulheres que necessitam de realizar contraceção e que muitas vezes têm contraindicações para outros métodos mais clássicos”. A justificação é simples: “Evita a abordagem abdominal, que não está isenta de riscos cirúrgicos ou anestésicos.”

No entanto, disse, “a evidência que existe não é muito robusta”, devendo a comunidade científica e médica esforçar-se por recolher mais informação. Neste contexto, Pedro Tiago Silva lançou o repto à SPDC no sentido de se fazer um levantamento e publicação de todos os dados que existem a nível nacional.

“A contraceção na sociedade atual”

Subordinada ao tema “A contraceção na sociedade atual”, a 7.ª Reunião Nacional da SPDC, que teve lugar recentemente em Matosinhos, foi organizada, pela primeira vez, em colaboração com um Serviço de Ginecologia e Obstetrícia (Hospital Pedro Hispano).



 “O planeamento familiar, infelizmente, não é propriamente uma área cativante da especialidade de Ginecologia e Obstetrícia e, ao envolver um Serviço na organização da Reunião, é uma boa maneira de os profissionais de saúde se interessarem mais por esta área e se sentirem mais envolvidos”, destacou Teresa Bombas, em declarações à Just News.

Na mesa da sessão de abertura estiveram David Rebelo, presidente da Mesa da Assembleia-Geral da SPDC, Teresa Bombas, Pedro Tiago Silva e Daniel Pereira da Silva, presidente da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia (FSPOG).

No evento, foram abordados temas da atualidade, como, por exemplo, o efeito da contraceção no peso corporal e na doença vascular, assim como o planeamento familiar em pacientes com distúrbios alimentares, a esterilização histeroscópica, a contraceção intrauterina e os métodos de contraceção de longa duração.


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