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Estomatologia atravessa fase de «enorme vitalidade» em Portugal

“É a maior renovação da Estomatologia em Portugal.” É com orgulho que José Ricardo Ferreira, presidente da Comissão Nacional de Internos de Estomatologia, fala da especialidade à margem do Encontro Nacional de Internos de Estomatologia, que decorreu esta sexta e sábado, na Ordem dos Médicos, em Lisboa.



José Ricardo Ferreira não tem dúvidas quanto à realidade da Estomatologia em Portugal. “Estamos a viver um processo de profunda remodelação, o Internato vai passar de 4 para 5 anos e deixámos de ser uma especialidade quase morta, passando a ter uma enorme vitalidade.”

Na sua opinião, a grande mais-valia dos estomatologistas está no seu conhecimento sobre as estruturas orais associadas a toda a componente maxilar, facial, da cabeça e pescoço. “Ao contrário de outros países da Europa, em Portugal, a Estomatologia e a Cirurgia Maxilofacial não estão integradas numa só especialidade, tendo-se verificado um fosso, em termos de patologia, entre a Medicina Dentária e a Cirurgia Maxilofacial, que é preenchido pela nossa área.”


José Ricardo Ferreira

Em declarações à Just News, afirma que “existe um campo muito vasto de patologia, o que garante o futuro da Estomatologia”. E especifica: “A patologia estomatológica é muito prevalente e também complexa, como é o caso das doenças das glândulas salivares, das dismorfias faciais, da disfunção temporomandibular, do cancro oral, entre outras".

Perante várias patologias, José Ricardo Ferreira realça que está aberto o caminho para a diferenciação de cada estomatologista, inclusive a sua autonomização cirúrgica. “É uma especialidade médico-cirúrgica, com importante componente dentário, logo, estamos perante um campo vastíssimo de conhecimentos.”

O crescimento da especialidade nos últimos tempos permitiu a mudança do tempo de Internato que irá passar para 5 anos. “A proposta já foi entregue e faz todo o sentido, porque temos cada vez mais internos, muito fruto do trabalho de divulgação por parte do Colégio da Especialidade de Estomatologia da Ordem dos Médicos e da Associação dos Médicos Estomatologistas Portugueses (AMEP).”



De futuro, espera ver a especialidade cada vez mais pujante, mas alerta: “Na periferia existem poucas respostas, sobretudo a Sul, o que acaba por sobrecarregar os hospitais centrais.” Mais trabalho nessas unidades que, como recorda, “também têm de dar respostas a patologias dentárias por não existir uma boa acessibilidade a cuidados de saúde oral no Serviço Nacional de Saúde”.


Alguns participantes do Encontro Nacional de Internos de Estomatologia

Grandes emoções: comemoração do 110.º aniversário e um livro para recordar

Foi no Auditório da Ordem dos Médicos, em Lisboa, que decorreu também, na sessão de abertura, alguns momentos para a história da Estomatologia, perante a presença de várias figuras da especialidade, inclusive Serafim Freitas, presidente do Colégio da Especialidade de Estomatologia da Ordem dos Médicos, e Rui Moreira, presidente da AMEP.


Francisco Proença, Lélio Marques, Alexandrina Neves e Bárbara Centeno

Um deles foi a entrega de uma placa comemorativa dos 110 anos do "mais antigo Serviço de Estomatologia português em atividade contínua", o do Hospital de São José - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (HSJ –CHULC).

A placa foi entregue por Francisco Proença, atual diretor do Serviço, que destacou, em especial, três anteriores diretores: Lélio Marques, Bárbara Centeno e Alexandrina Neves.


Manuel Falcão

Na mesma cerimónia foi apresentado o livro “Vultos da Estomatologia”, da autoria do estomatologista Manuel Falcão e que conta a história dos principais nomes da especialidade.

Cirurgias em áreas "onde os doentes não encontravam qualquer resposta"


A propósito deste "grande dinamismo da Estomatologia", o presidente da Comissão Nacional de Internos da especialidade faz ainda questão de sublinhar: "Não tenho qualquer dúvida que os principais beneficiados desta renovação da Estomatologia são mesmo os utentes, em particular, do SNS." 


O número de trabalhos apresentados durante o último Encontro Nacional dos médicos internos "é também um reflexo da nova dinâmica da especialidade"

De acordo com o médico, "apesar do envelhecimento marcado dos quadros clínicos dos Serviços nos últimos anos, que apenas recentemente se começou a inverter, os Serviços a nível nacional têm vindo a aumentar, e muito, os seus números de consultas".

Por outro lado, adianta que também têm vindo a aumentar o número de cirurgias realizadas, "bem como de outros atos médicos de diagnóstico e terapêutica, muitas vezes em áreas em que, há poucos anos, os doentes não encontravam qualquer resposta, quer no público, quer no privado. Essa realidade está bem patente na Rede de Referenciação Nacional, que aponta o futuro e que tem cerca de um ano, desde a sua aprovação."

E acrescenta: "Para tornar a nossa participação ainda mais eficaz, gostaríamos que houvesse mais meios técnicos e humanos nos hospitais públicos. Para isto, será importantíssima a contratação destes novos especialistas que estamos a formar." Na sua opinião, este é o caminho para "o SNS prestar cuidados de excelência a todos os portugueses, no vasto campo da Medicina e da Cirurgia que a Estomatologia abrange."



"Dar a melhor resposta na patologia mais complexa e de mais difícil resolução"

Em jeito de conclusão, o médico interno do Serviço de Estomatologia do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte faz questão de recordar o alcance e potencial desta especialidade:

"Os doentes do SNS (e não só), podem contar com a Estomatologia para uma abordagem médica e cirúrgica integrada de toda a complexidade da patologia da cavidade oral e de todas as estruturas do aparelho estomatognático associadas (ossos maxilares, articulação temporomandibular, músculos mastigadores, glândulas salivares, etc.)."

E, relativamente a médicos de outras especialidades, "hospitalares e não-hospitalares (muito particularmente, os colegas da Medicina Geral e Familiar e, também, de Saúde Pública) e até mesmo os profissionais da área da Medicina Dentária", José Ricardo Ferreira reforça essa garantia:

"Podem contar connosco, nos hospitais, para dar a melhor resposta possível à população portuguesa, particularmente na patologia mais complexa e de mais difícil resolução."


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