Estudo revela que portugueses têm dificuldade em reconhecer sintomas de enfarte
Acabou de ser apresentado, hoje de manhã, em Lisboa, um estudo sobre o conhecimento dos portugueses face ao enfarte agudo do miocárdio e os seus sintomas. Os resultados foram apresentados pela Iniciativa Stent for Life, trazida para Portugal pela Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC).
Elaborado pelos professores e investigadores Sofia Portela e Rui Menezes, do ISCTE-IUL Instituto Universitário de Lisboa, o estudo foi realizado num universo de 1000 indivíduos, em território nacional e permitiu retirar algumas conclusões sobre o nível de sensibilização que a população portuguesa tem em relação aos sintomas de enfarte e como agir nessa situação de emergência médica.
Ao analisar os dados do estudo conclui-se que um terço dos entrevistados não sabe ou considera que o enfarte é uma doença do sexo masculino. Outra das ideias patentes no estudo prende-se com as diferenças entre um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e um enfarte. Embora 77% dos inquiridos saiba identificar que enfarte e AVC são situações clínicas distintas, grande maioria não consegue ou não sabe distinguir qual a sintomatologia associada a cada doença.
Questionados sobre como agir em caso de emergência médica de um enfarte, 95% dos entrevistados assume que é o número do Serviço Nacional de Emergência Médica que deve ligar. No entanto, dados recolhidos ao longo do último ano pela campanha “Não perca tempo. Salve uma vida” em Portugal, demonstram que apenas 38% da população liga 112 perante uma situação de enfarte, optando muitas vezes por chegar a uma unidade hospitalar pelos próprios meios, ligar a um amigo/conhecido ou desvalorizar os sintomas.
Para Hélder Pereira, responsável da Campanha “Não perca tempo. Salve uma vida”, “este estudo é uma mais-valia para a comunidade médica em Portugal, uma vez que nos permite avaliar o grau de conhecimento que os portugueses têm em relação ao enfarte. O que temos vindo a verificar é que a população portuguesa tem ainda alguma dificuldade em conhecer a sintomatologia de um enfarte e apesar de saber que numa emergência devem ligar 112 muita gente não o faz, o que muitas vezes não proporciona o tratamento adequado”. Hélder Pereira acrescenta ainda que “é importante que as pessoas saibam que ao ligar 112 estão a proceder corretamente e que os profissionais de saúde encaminharão da melhor forma o problema em questão, até à unidade hospitalar mais adequada no tratamento do enfarte”.
Com este estudo, a Campanha “Não perca tempo. Salve uma vida” pretende demonstrar a importância do reconhecimento dos sintomas mais comuns de um enfarte. Em caso de sentir uma dor forte no peito, suores, náuseas, falta de ar ou dor abdominal, um individuo pode estar a sofrer um enfarte, devendo rapidamente contatar 112.
Hélder Pereira destaca ainda que “em Portugal as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte e é preciso sensibilizar a população para os sintomas de um enfarte. Ao conseguirmos que as pessoas saibam reconhecer estes mesmos sintomas e que liguem 112, estamos a melhorar o rápido acesso ao tratamento do enfarte, uma vez que com a ajuda de profissionais especializados do INEM reencaminhamos o doente para a unidade de saúde mais adequada para a realização de uma angioplastia primária, que é vista pela comunidade médica como a forma de tratamento mais eficaz em caso de enfarte”.
Sobre a Campanha “NÃO PERCA TEMPO. SALVE UMA VIDA”
“NÃO PERCA TEMPO. SALVE UMA VIDA – O ENFARTE NÃO PODE ESPERAR!” é uma iniciativa europeia lançada pela European Association of Percutaneous Cardiovascular Interventions (EAPCI) e do EuroPCR. Atualmente, está presente em 10 países, incluindo Bulgária, França, Grécia, Sérvia, Espanha, Turquia, Egipto, Itália, Roménia e Portugal. Em Portugal, a iniciativa é apoiada pela Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) com o objetivo de melhorar o acesso dos doentes, com enfarte agudo do miocárdio, à angioplastia primária. Para mais informações visite o site da campanha em www.stentforlife.pt