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Cuidados respiratórios: «Existe uma grande heterogeneidade ao nível dos recursos disponíveis»

É já este mês que se realiza, no Porto, a 1.ª Conferência Ibero-Americana de Saúde Respiratória em Cuidados Primários e a 9.ª Conferência Mundial do International Primary Care Respiratory Group (IPCRG).  “Acrescentar Valor num Mundo com Recursos Limitados” é o tema central do evento, no qual será abordado o impacto que as desigualdades socioeconómicas têm em saúde, explica o presidente da Comissão Científica, Luís Amorim Alves.

Em entrevista à Just News, o médico de família começa por chamar a atenção para o facto de, "em muitas doenças, ser possível observar padrões consistentes, desde o diagnóstico ao tratamento, segundo os quais as pessoas que ocupam uma posição mais desfavorecida do ponto de vista socioeconómico na sociedade tendem a apresentar piores resultados em saúde do que as mais favorecidas”. Esta foi a ideia que esteve na base da reflexão que levou à escolha do tema geral da conferência, "embora de forma não explícita".


O membro da Comissão Executiva do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias (GRESP) da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) menciona que há muitos fatores que têm contribuído para o aumento progressivo dos custos da saúde, entre os quais a maior longevidade, a maior oferta diagnóstica e terapêutica e a maior acessibilidade da população aos cuidados de saúde.

“Existe uma grande heterogeneidade ao nível dos recursos disponíveis e também nos modelos de prestação de cuidados respiratórios. Se estas diferenças são evidentes quando comparamos
países com diferentes níveis de desenvolvimento, não deixam de ocorrer a um nível mais micro, por exemplo, entre diferentes regiões dentro de um mesmo país”, realça o assistente de MGF da USF Santo André de Canidelo, em Vila Nova de Gaia.



“Acrescentar valor” à prestação de cuidados respiratórios

No seu entender, este tipo de observações põe em evidência a importância de saber alocar adequadamente os nossos recursos, sendo, conforme diz, “um imperativo moral”.

Foi neste contexto que se decidiu explorar, no evento que dentro de poucas semanas vai ter lugar no Porto, o conceito de “valor” na saúde respiratória. O objetivo foi, no fundo, gerar uma discussão sobre a ideia de “acrescentar valor” à prestação de cuidados respiratórios num mundo com recursos limitados, levantando questões do género: “Como é que decidimos onde investir os nossos recursos finitos? Que intervenções garantem um maior retorno para a saúde das populações? Como é que o contexto influencia esta escolha?“

Convidado a referir os temas que destaca no programa da reunião, Luís Amorim Alves assume ser difícil responder. Ainda assim, diz:

“Não posso deixar de reparar que diferentes aspetos relacionados com asma ou DPOC são abordados num grande número de sessões. Mas o programa é bastante extenso, pelo que também não posso deixar de mencionar temas como dependência tabágica, decisão partilhada, trabalho em equipa, vacinação, cancro do pulmão, reabilitação respiratória, técnica inalatória e espirometria, entre muitos outros.”

Partilha de experiências "é benéfica para todos"

No evento, que se realiza no Porto, entre os dias 31 de maio e 2 de junho, o GRESP estará reunido com grupos de interesse de outros países – o GRESP Brasil e os GRAP de Espanha e do Chile, que estiveram envolvidos na organização da 1.ª Conferência Ibero-Americana de Saúde Respiratória em uidados Primários.

Embora os diferentes grupos de interesse em doenças respiratórias tenham objetivos genericamente semelhantes, funcionam de forma diferente. Isto é inevitável, porque há também grandes diferenças entre Portugal, Espanha, Brasil e Chile”, realça o presidente da Comissão Científica.


Segundo o médico, "à medida que cada um destes grupos desenvolve o seu âmbito de ação e aumenta a sua influência, vai-se acumulando experiência e conhecimento". E, assim, "a partilha destas histórias e experiências, mais ou menos bem-sucedidas, é, benéfica para todos”.

Luís Amorim Alves considera que esta partilha vai ser algo natural ao longo de todo o programa Ibero-Americano, uma vez que irão realizar-se múltiplas sessões e workshops com organização partilhada por elementos dos diferentes grupos de interesse.

O especialista de Medicina Geral e Familiar adianta ainda que “haverá espaço para apresentar e discutir quase duas dezenas de trabalhos de investigação realizados por autores ibero-americanos". E acrescenta: "Há iniciativas internacionais, por exemplo, ao nível da investigação, para as quais é importante alinhar interesses e expectativas. Julgo que a Conferência é o espaço ideal para reunir formal e informalmente estes grupos de interesse.”

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