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«Expansão da Anestesiologia» contribui para a «atual escassez de recursos humanos»

Segundo Rosário Órfão, presidente da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia, esta "é uma especialidade médica que se expandiu nas últimas duas décadas, adquirindo outras competências e assumindo novos desafios, permitindo e acompanhando a evolução da ciência médica em geral".

Em entrevista à Just News, a médica refere que o envelhecimento da população associado ao aumento da esperança de vida, com consequente aumento das doenças crónicas, "implicam necessidades crescentes de cuidados de saúde e dificultam o renovar geracional dos médicos".

“Pela sua transversalidade nos cuidados hospitalares, é das especialidades que apresenta maior crescimento de necessidades em recursos humanos”, aponta, acrescentando:

“O enriquecimento do Internato de Formação Específica, ampliando-o para cinco anos, como os nossos congéneres europeus, associado a este crescimento de necessidades e a um corpo médico envelhecido implicam a atual escassez de recursos humanos.”

“Neste momento, temos hospitais onde há falta de anestesiologistas, serviços de Anestesiologia sem um diretor nomeado de acordo com a legislação, que prevê que o seja tendo em conta o currículo de vários candidatos, ou até situações em que o diretor clínico acumula com funções de direção de serviço”, afirma.



No seu entender, esta situação prejudica a boa gestão de recursos humanos, a motivação, o trabalho e a formação dos anestesiologistas, "sendo fonte de conflitos, de desgaste e de fuga de talentos para o sistema privado".

Outra questão que refere prende-se com a criação dos grandes centros hospitalares, onde “há uma dispersão de recursos humanos por inúmeros postos de trabalho, muitas vezes localizados em edifícios diferentes, impedindo a rentabilização dos escassos recursos existentes”.

A nossa interlocutora não tem dúvidas de que é importante cativar os anestesiologistas, dando-lhes boas condições para ficarem nos hospitais do SNS assim que estes terminam o Internato de Formação Específica.

E isso não passa apenas pelo aspeto financeiro, mas também pela oferta de boas condições de trabalho, diferenciação, integração em equipas, horários definidos, oportunidades para curriculum, possibilidade de progressão na carreira e reconhecimento do trabalho desenvolvido.

"Os anestesiologistas fazem a diferença na humanização"


O Congresso da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia centrou-se este ano na temática “Fazer a diferença”. De acordo com Rosário Órfão, o objetivo foi salientar o papel da especialidade que, conforme refere, “consegue fazer a diferença nas várias áreas onde os anestesiologistas exercem a sua atividade: medicina perioperatória, medicina intensiva , de emergência e medicina da dor.

Em declarações à Just News, a presidente da SPA afirma que “os anestesiologistas fazem a diferença na humanização e nos cuidados prestados aos cidadãos, ajudando-os a atravessar períodos difíceis como as intervenções cirúrgicas, os partos, o trauma ou o fim de vida”. E acrescenta que “a Anestesiologia permite efetuar determinados tratamentos que de outra forma não seria possível”.



A assistente graduada sénior do CH e Universitário de Coimbra frisa que, com os avanços da Medicina, a anestesia é cada vez mais segura. Há fármacos com menos efeitos adversos, melhores equipamentos, possibilidade de boa monitorização (vigilância) e formação de excelência, tudo contribuindo para um maior rigor, qualidade e segurança.

A médica salienta também o papel que o anestesiologista assume perante o doente com uma hemorragia, numa política de Patient Blood Management (conceito que assenta numa gestão mais eficiente do sangue, preservando as reservas dos indivíduos):

“Otimiza os doentes antes da cirurgia, diminuindo a hemorragia intraoperatória, aumentando a sua tolerância, avaliando em cada momento, antecipando e corrigindo os problemas de forma direcionada em todo o perioperatório, evitando sequelas graves ou até mesmo a morte, bem como desperdício de recursos.”

A especialista recorda que num hospital "os anestesiologistas trabalham de uma forma transversal com todas as áreas cirúrgicas e também com muitas das especialidades médicas e imagiológicas, cabendo-lhes anestesiar ou assegurar funções vitais de doentes para realizarem determinadas técnicas de diagnóstico e terapêutica".



A entrevista completa pode ser lida no Hospital Público de maio/junho de 2019.

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