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Integração dos farmacêuticos na equipa clínica «otimiza os resultados terapêuticos»

No Hospital de Braga, os resultados obtidos com uma integração dos farmacêuticos na equipa clínica "têm sido evidentes", o que leva a que a equipa dos Serviços Farmacêuticos, liderada por Isabel Marcos, esteja particularmente empenhada em ampliar a sua intervenção junto dos serviços clínicos do hospital.

Em declarações à Just News, a responsável dá o exemplo do projeto-piloto iniciado no Serviço de Medicina, no âmbito da reconciliação terapêutica, que mostrou benefícios "tanto para as equipas multidisciplinares como para os utentes e cuidadores".


Isabel Marcos

De acordo com a responsável, “no momento em que o doente é internado e já traz medicação de casa, assim como quando tem alta e passará a ser seguido pelo seu médico de família, é extremamente importante verificar se não há, por exemplo, situações de duplicação de fármacos, confirmar se não será necessário fazer ajustes na medicação”.

Desta forma, Isabel Marcos sublinha que a "integração do farmacêutico na equipa clínica permite esta monitorização e a sua intervenção traz resultados na deteção precoce e na prevenção de problemas relacionados com medicamentos".



Farmacocinética: "alargar esta atividade a mais fármacos e mais doentes"

A farmacêutica destaca também a importância da atividade de farmacocinética que tem sido desenvolvida e a grande margem de progressão: "Está implementada no Hospital de Braga, mas apenas com a monitorização de um fármaco, a vancomicina, e não é realizada a todos os doentes."

Como tal, também aqui o objetivo é muito claro: "A ideia é alargar esta atividade a mais fármacos e mais doentes, porque achamos que esta intervenção farmacêutica é uma mais-valia na otimização dos resultados terapêuticos."

Reposição de medicamentos

No que diz respeito à reposição de medicamentos nos serviços, estão a ser aplicadas, no Hospital de Braga, duas modalidades de distribuição: um sistema de armazém avançado, em que, graças a um programa informático, é possível aos SF saber o que é necessário repor, e a reposição por stock nivelado, um processo pouco automático, em que o enfermeiro faz um pedido semanal tendo em conta o que está estabelecido para cada medicamento em termos de níveis máximo e mínimo estabelecidos.

A vontade de Isabel Marcos é dotar os SF da capacidade de controlar  diretamente as “farmácias satélite” existentes nos serviços, dispensando a enfermagem da responsabilidade de verificar quais os fármacos que precisam de ser repostos.

Para a diretora dos Serviços Farmacêuticos, não há qualquer dúvida de que estes são "projetos que visam tornar mais operacional e eficaz a nossa missão".  



3000 utentes em regime de ambulatório

Nestes 14 anos que Isabel Marcos já leva de permanência no Hospital de Braga (incluindo o período que passou no São Marcos), muita coisa mudou nos Serviços Farmacêuticos, “tendo agora praticamente todas as valências de uma farmácia hospitalar”:

“No início, quando comecei, assegurávamos apenas a distribuição de medicamentos ao Internamento e o atendimento aos utentes em Ambulatório. Mas depois, aos poucos, fomos conseguindo abranger mais áreas, como a da Produção, a partir de 2014, muito exigente a nível de recursos técnicos e humanos.”

A evolução das terapêuticas orais fez com que o atendimento a doentes em regime de ambulatório aumentasse bastante. Atualmente, são seguidos no Hospital de Braga quase 3000 utentes em regime de ambulatório, com diversas patologias como VIH, esclerose múltipla e doenças oncológicas. O farmacêutico hospitalar faz a dispensa direta a estes utentes e monitoriza o seu tratamento.

A distribuição de medicamentos também sofreu transformações, com a implementação de equipamentos automáticos e semiautomáticos que ajudam na rotina diária de dispensa de medicamentos aos serviços de internamento e que controlam o seu armazenamento e reembalamento.



"Colocamos questões ao doente oncológico na consulta"

Os farmacêuticos não estão apenas na Farmácia, mas também no Hospital de Dia de Oncologia. “Vamos rodando pelos vários postos de trabalho”, explica a farmacêutica Paula Marques.

Aliás, dois farmacêuticos estão junto da equipa clínica que acompanha os doentes oncológicos, validando toda a medicação que estes fazem. No caso da quimioterapia oral – considerada uma dispensa em ambulatório –, é o farmacêutico que a fornece diretamente ao utente, ao contrário da injetável que, como se sabe, fica a cargo do enfermeiro.

De referir que o assistente operacional faz, em média, 7 transportes diários da quimioterapia preparada na Farmácia para o Hospital de Dia.

“Quando recebemos o doente oncológico na consulta, colocamos questões, esclarecemos dúvidas, tentamos fazer um atendimento o mais personalizado possível", salienta Paula Marques.




Adaptar às mudanças e ir ao encontros utentes

De acordo com Isabel Marcos, a grande dinâmica da equipa de Serviços Farmacêuticos foi também um elemento crítico que permitiu a rápida adaptação às circunstâncias que a pandemia ditou.

"Com a pandemia, alterou-se muita coisa", confirma Isabel Marcos, que dirige a equipa desde janeiro de 2019, destacando a dispensa de medicamentos em ambulatório como uma das atividades dos Serviços Farmacêuticos do Hospita de Braga que mais adaptações exigiram, à semelhança, aliás, do que sucedeu, com a generalidade das farmácias hospitalares.

"Os utentes ficaram com medo, não queriam vir ao hospital, faziam imensas solicitações de entrega ao domicílio", recorda a responsável, que sublinha:

"Enquanto farmacêuticos, tínhamos que garantir a adesão à terapêutica dos nossos utentes e tentar que não interrompessem os seus tratamentos por medo da pandemia. Aderimos à entrega em proximidade através da Linha de Apoio ao Farmacêutico (LAF), envolvendo as farmácias comunitárias."


Equipa dos Serviços Farmacêuticos do Hospital de Braga

Isabel Marcos esclarece que este esquema de distribuição de medicamentos se estendeu a toda a região minhota, "com um raio de abrangência bastante grande, incluindo Viana do Castelo ou Montalegre".

Também foram implementadas medidas para quem se deslocasse ao hospital, alargando a dispensa de medicação para 2 meses e permitindo a possibilidade de “agendamento da visita”:

“Anteriormente, isso não era possível, mas acho que é uma mais-valia que vale a pena manter, mesmo que não haja Covid. É uma boa solução!"


E explica como se processa: "Através de um número de telefone e de um e-mail diretos que criámos para a Farmácia de Ambulatório, os utentes podem solicitar um agendamento para levantar a sua medicação. Esta é preparada antecipadamente, o que reduz ao mínimo o tempo de espera na altura da recolha da terapêutica.”

"Adaptações que vamos manter"

A nível do Internamento, “também tivemos a necessidade de acompanhar a adaptação que o hospital foi fazendo, por exemplo, com a abertura de mais alas para dar resposta aos doentes covid”. Sempre que uma nova área era criada, os Serviços Farmacêuticos tinham que garantir o abastecimento de todos os medicamentos e outros produtos farmacêuticos e assegurar o seu correto armazenamento e utilização.




“Os Cuidados Intensivos aumentaram bastante o número de camas e foram deslocados serviços de um local para outro, sendo que a equipa da Farmácia teve que ir sempre acompanhando essas alterações”, sublinha Isabel Marcos, acrescentando:

“Quisemos alterar o menos possível os circuitos de fornecimento de medicamentos implementados, para facilitar o dia-a-dia dos enfermeiros e dos médicos no tratamento dos doentes. No início, havia aquele receio de estarmos a fornecer medicamentos para áreas covid e depois virem devolvidos e termos que higienizar tudo, mas isso acabou por não ser um problema. Implementámos um circuito mais apertado de higienização diária das estruturas que eram deslocadas para os serviços, os carros de transporte, as malas de unidose...”

Refere ainda que também se procurou reduzir a utilização do papel, criando circuitos eletrónicos, adiantando que, "no futuro, vamos com certeza manter algumas destas adaptações".



A reportagem completa, com entrevistas a variados profissionais da equipa, pode ser lida no jornal Hospital Público de setembro/outubro.

Dirigida a profissionais de saúde e distribuída em serviços e departamentos de todos os hospitais do SNS, esta publicação da Just News tem como missão a partilha de boas práticas, de boas ideias e de projetos de excelência desenvolvidos no âmbito do SNS, facilitando a sua replicação.

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