Guia da intervenção precoce no cancro oral distribuído a dentistas e médicos de família
O cancro oral é o sexto mais mortífero, com uma taxa de mortalidade a 5 anos de 50%, ou seja, metade dos doentes não sobrevive à doença 5 anos após ser detetada. O perfil dos doentes também está a mudar, sendo hoje uma doença que atinge cada vez mais mulheres e cada vez mais homens com menos de 45 anos.
O tabaco e o álcool são os principais fatores de risco. Quando detetada nos estádios iniciais, a doença tem taxas de sobrevivência entre os 75 e os 90%, sendo que a elevada taxa de mortalidade do cancro oral prende-se essencialmente com a deteção tardia. Por este motivo é importante o alargamento do programa do cheque dentista ao rastreio do cancro oral, cuja medida visa a deteção precoce da doença, de forma a aumentar as taxas de sobrevivência.
Orlando Monteiro da Silva, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, anuncia que “há 240 médicos dentistas envolvidos no Projeto de Intervenção Precoce no Cancro Oral, que alarga o cheque dentista ao rastreio desta doença. É um programa pioneiro que envolve ainda os centros de saúde que vão encaminhar os doentes para os médicos dentistas, o IPATIMUP, que vai realizar as biópsias, e os institutos de oncologia, onde os doentes serão tratados”.
“Uma colaboração inédita” afirma o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas que revela ainda que “para que todos os envolvidos estejam em total sintonia, foi elaborado um guia para profissionais de saúde intitulado ‘Intervenção Precoce no Cancro Oral’, com guidelines de atuação e detalhes sobre a doença”. O guia vai ser distribuído a mais de 8 mil médicos dentistas e 6 mil médicos de família.
Apesar da gravidade, o cancro oral ainda é uma doença desconhecida para grande parte da população portuguesa e, por isso, Orlando Monteiro da Silva aconselha: “Qualquer pessoa que tenha por exemplo uma ferida na boca por mais de três semanas, por mais pequena que essa ferida seja, deve consultar o seu médico dentista. Detetado a tempo, o cancro oral é curável, e esta é a principal mensagem que queremos passar. A deteção precoce é o mais importante”.
Pode ser lida aqui uma entrevista com o coordenador do Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral (PNPSO), Rui Calado, publicada na edição de março do Jornal Médico, onde aborda o projeto de intervenção precoce no cancro oral, que realizará cerca de cinco mil biópsias por ano.