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Hérnia e parede abdominal: «Ainda que impactante, esta é uma cirurgia subvalorizada»

Para Sónia Ribas, presidente da recém-criada Sociedade Portuguesa de Hérnia e Parede Abdominal, apesar de esta ser “uma das cirurgias mais realizadas a nível mundial, que representa custos elevados e tem um impacto significativo na qualidade de vida dos doentes, a sua relevância nem sempre acompanha a importância que lhe é atribuída na prática clínica”. Na sua ótica, “ainda que impactante, é uma cirurgia subvalorizada”.

Esta foi uma das considerações feitas por Sónia Ribas, na sessão de abertura da 1.ª Reunião da Sociedade Portuguesa de Hérnia e Parede Abdominal (SPHPA), realizada há algumas semanas, no Luso.


Sónia Ribas

Remontando à origem da Sociedade, explica que esta organização “nasceu de uma necessidade cada vez mais evidente de uma maior especialização na área”. Muitas vezes, refere, “esta cirurgia é encarada como sendo uma intervenção fácil, por isso, das primeiras a ser realizadas por internos de formação específica em Cirurgia Geral”.

No entanto, reforça que “deve fazer-se sempre o melhor possível pelo doente na primeira cirurgia realizada, porque por cada intervenção repetida numa mesma hérnia, os resultados vão sendo exponencialmente piores”.



Sónia Ribas destaca que foi “a grande evolução com constantes e significativos avanços técnicos e tecnológicos” que motivou o grupo de 13 cirurgiões dos corpos sociais a “procurar uma abordagem diferenciada para esta patologia”, através da criação de uma sociedade médica.

Idealizada em 2019, foi registada em janeiro de 2020 “uma sociedade inteiramente dedicada a uma patologia, enquanto algo inédito não a nível europeu ou mundial, mas nacional”.


Elementos da Comissão Organizadora

2020/2021: Biénio de “grandes desafios e oportunidades”

Para a presidente da SPHPA, estes dois anos de vida corresponderam a períodos de “grandes desafios, mas também de oportunidades, onde coube a reinvenção”. Juntos, desenvolveram um plano estruturado de formação no formato de webinar, com cinco módulos diferentes. Previamente, era fornecido um manual de apoio com a evidência mais importante relativa às temáticas abordadas, e depois, era disponibilizada a gravação do respetivo webinar.

Contando sempre com a colaboração de convidados nacionais e internacionais de relevo, estes webinars retiveram uma assistência média de 120 pessoas.

Realizada no final de novembro, a 1.ª Reunião da SPHPA foi desenhada para ser “o culminar de um trabalho intenso e dedicado, que pretende alterar paradigmas e procurar novas perspetivas e abordagens inovadoras”. Com uma participação “extremamente ativa a nível académico”, contabilizaram-se seis comunicações orais, nove vídeos e 31 posters.

No jantar oficial da reunião e após aprovação em Assembleia Geral, foram distinguidos com o título de Sócio Honorário da SPHPA, em representação nacional, António Bernardes (CHUC) e, em representação internacional, Ramón Gutiérrez (Hospital de Toledo). Para a presidente da Sociedade, esta foi “uma forma de destacar o percurso e trabalho destas duas figuras incontornáveis do ensino e do progresso do tratamento da patologia da parede abdominal”.

Em declarações à Just News, Sónia Ribas faz um balanço “extremamente positivo em relação à qualidade e à participação da reunião”. Com 198 participantes no evento e 40 no curso pré-congresso de Abdómen Aberto, uma dezena de palestrantes convidados internacionais, e múltiplas apresentações não só de cirurgiões gerais, como de cirurgiões vasculares ou pediátricos, e enfermeiros, fala numa “lotação praticamente completa do auditório durante todo o evento científico”.

Até à data da reunião, a Sociedade merecia a confiança de 195 sócios. “Juntos, queremos fazer mais e melhor e colocar Portugal no mapa mundial da cirurgia da hérnia e da parede abdominal”, realça.

Uma cirurgia com “despesas comparáveis a transplante”

A sessão de abertura contou ainda com vários convidados, quer de forma presencial, como num molde virtual, que reconheceram a importância desta patologia.

Fernando Carbonell, presidente da Sociedad Hispanoamericana de Hernia, parabenizou os jovens cirurgiões pela “paixão que colocam nesta patologia, que tem tão grande prevalência na vertente cirúrgica e custos significativos para os países, com despesas comparáveis às da cirurgia do transplante”.

Para o cirurgião, “conseguir a melhor técnica com o mínimo de complicações ou o melhor tratamento para doentes com problemas de parede abdominal devem ser as principais metas destas sociedades médicas”, que considera estarem a ser cumpridas.     


Fernando Carbonell e Manuel Lopez-Cano

Manuel Lopez-Cano, coordenador da Secção da Parede Abdominal da Asociación Española de Cirujanos, destacou que, para si, “a história científica cria-se através da investigação e da disseminação dessa aprendizagem”, reconhecendo o “ambiente fraternal” que viu neste grupo de cirurgiões.

Também Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, não deixou de reconhecer a importância das sociedades científicas médicas na divulgação do conhecimento, através de formações médicas contínuas”. A este nível, o médico realçou ainda o contacto interpares associado, que “viabiliza o diálogo tão essencial nesta profissão”.

Em representação do presidente da Câmara Municipal da Mealhada, Cláudia Rosa Pires deu ênfase à vila do Luso enquanto “destino de saúde, beleza e bem-estar”, distinguindo o investimento do executivo camarário “na prevenção da doença e no cuidado de saúde, através do termalismo”. 


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