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Hospital de Viseu: equipa multidisciplinar vai ao centro de saúde atender doentes com diabetes

O plano é sair do hospital e ir ao encontro da população com diabetes, estabelecendo “polos de consulta” em vários locais do ACES Dão-Lafões. A médica Edite Nascimento é a impulsionadora do projeto.

Em consequência da pandemia, a lista de espera para primeira consulta de diabetes no Centro Hospitalar Tondela-Viseu (CHTV) ultrapassou as duas centenas de utentes. O número nunca tinha sido tão elevado, o que deixou preocupada Edite Nascimento, coordenadora da Unidade de Diabetes do Serviço de Medicina Interna.



Perante este cenário, procurou reunir as condições para pôr em prática algo que já fazia antes, mas não de forma consistente: ir ao encontro dos utentes, liderando uma equipa multidisciplinar, e atendê-los muito perto do local onde residem.

Um dos grandes objetivos deste projeto consiste, de facto, em facilitar o acesso das pessoas com diabetes ao especialista hospitalar, normalmente referenciadas pelo seu médico de família. Seja em situação de primeira consulta ou quando se impõe o acompanhamento por um especialista em diabetes, como é o caso de Edite Nascimento, uma internista que há muitos anos se dedica a esta doença.


Edite Nascimento

A população servida pelo CHTV é em boa parte rural, com dificuldades acrescidas para ir a uma consulta a Viseu, o que pode obrigar a percorrer distâncias de algumas dezenas de quilómetros. Assim, com esta iniciativa, são os profissionais do Hospital de São Teotónio que se deslocam para examinar os doentes, pretendendo-se, no futuro, abranger outras zonas do distrito.

Na fase atual, a “preocupação maior” é chegar próximo de quem aguarda a primeira consulta, mas a coordenadora da Unidade de Diabetes sublinha que não é suposto as coisas ficarem por aí: “Ou marcamos novamente para nós, se precisarmos de ver o doente outra vez, ou então para o médico de família, se tivermos a situação orientada.”



“Estreitar a ligação com os centros de saúde”

Edite Nascimento, 56 anos, afirma que procurou sempre "estreitar a ligação com os centros de saúde, porque é aí que grande parte das pessoas com diabetes é seguida". Na sua visão, os Cuidados de Saúde Primários devem permitir-lhes uma "melhor acessibilidade", para que, por exemplo, só sintam necessidade de procurar o Serviço de Urgência como “último recurso". Para além de que mais de um milhão de portugueses tem a doença, portanto, "não podem, nem devem" todos eles estar a ser acompanhados no hospital.


Filipa Paraíso (enfermeira), Paula Almeida (nutricionista), Luíz Ferreira (cardiopneumologista), António Simões (diretor do Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular) e Edite Nascimento

Outro motivo para que este projeto tivesse avançado nos últimos tempos teve que ver com um problema de espaço físico. Na altura em que surgiu a covid, os casos de infeção começaram a ser internados no mesmo piso onde se situava a Unidade de Diabetes, o que fez com que esta tivesse que ser deslocalizada para um espaço muito mais pequeno, na área das consultas externas, "não permitindo dar a resposta adequada".

A internista, que também é coordenadora adjunta do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, já anteriormente tinha passado por esta experiência de atender doentes com diabetes no centro de saúde, tendo-a considerado "muito gratificante". E não vai sozinha – acompanham-na uma enfermeira e uma nutricionista, o próprio diretor do Serviço de Cirurgia Vascular do CHTV e ainda um técnico da mesma área.



Utentes surpreendidos

Ir ao encontro dos utentes é uma atitude que "ainda os surpreende", diz a especialista de Medicina Interna. "Eu acho que eles percecionam que nós nos importamos e, percebendo isso, a vontade que têm em colaborar e melhorar é maior. Por vezes, conseguimos ter, assim, mais sucesso em termos de controlo da doença do que dentro do hospital", afirma.

Nesta fase inicial, Edite Nascimento e a sua equipa têm sido acolhidos no Centro de Saúde de Vouzela, a uns 30 quilómetros de Viseu, onde lhes são disponibilizadas as condições necessárias para atenderem utentes de diferentes unidades de saúde da zona. Nos dias previamente agendados, o grupo deixa o Hospital São Teotónio ao princípio da manhã, fazendo-se transportar numa viatura disponibilizada para o efeito pelo Conselho de Administração do CHTV, que desde o primeiro momento demonstrou todo o seu apoio à iniciativa.

A médica diz querer estender o projeto "a oito ou nove polos" e passar em cada um deles de três em três meses, "porque é a periodicidade que as consultas devem ter". Mangualde, Penalva do Castelo, Nelas e Castro Daire são alguns dos pontos do distrito tidos em conta. Edite Nascimento diz esperar vir a conseguir, até ao final do ano, envolver mais profissionais do hospital no projeto e, consequentemente, conseguir, dessa forma, abranger mais utentes.



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