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Serviço de Infeciologia do HFF em «estreita colaboração com as ONG»

A colaboração interinstitucional com os cuidados de saúde primários (CSP) e com as organizações não-governamentais (ONG) está enraizada no Serviço de Infeciologia do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, segundo a sua diretora, Patrícia Pacheco. "Acreditamos que a parceria de cuidados no âmbito da infeção VIH é uma mais-valia, um valor que deve ser preservado e fomentado", refere a médica, acrescentando:

"As nossas ações, enquanto Serviço, refletem continuamente esse conceito: ao longo dos anos, temo-nos destacado pelo trabalho realizado em termos de formação com os CSP da região (ACES Amadora-Sintra) e pela estreita colaboração com as ONG, particularmente a AJPAS - Associação de Intervenção Comunitária, Desenvolvimento Social e de Saúde, mas também outras, como é o caso da SER+ e do GAT."

Colaboração facilita "marcação direta"

A título de exemplo, Patrícia Pacheco conta que o Serviço fez no passado mês de outubro, com a SER+ e o GAT, uma formação conjunta para técnicos do Instituto de Emprego e Formação Profissional, abordando quer os aspetos científicos da infeção VIH, quer os éticos/legais da pessoa com VIH no contexto laboral.



Segundo refere, o nível de colaboração com as ONG pode estar relacionado com a marcação de consulta por referenciação direta de casos positivos em atividades de rastreio VIH na comunidade. Todas as ONG que as fazem têm referenciado doentes ao Serviço, por via direta, sem necessidade que o indivíduo solicite uma marcação via centro de saúde. Conforme diz, “está, aliás, legislado que deverá ser assim, mas existem alguns centros que colocam entraves à marcação direta”.

“Apesar de, por vezes, não conseguirmos responder no tempo que seria mais adequado, ou seja, na primeira semana, por escassez de recursos médicos, continuamos convictos que manter a acessibilidade direta para estes rastreios é a melhor via”, acrescenta.

Outra forma de colaboração com as ONG é a formação à população e/ou profissionais de saúde, com ações de formação conjunta, conforme exemplo atrás mencionado (SER+ e GAT).

Por seu lado, o acompanhamento de doentes/pessoas que vivem com VIH tem sido o forte elo de ligação entre o Serviço de Infeciologia do HFF e a ONG AJPAS. “Desde há muitos anos que a AJPAS se tornou um parceiro inestimável no acompanhamento de doentes com infeção por VIH na área de Amadora e Sintra”, relata.



Mais de duas décadas de colaboração com a AJPAS

De acordo com Patrícia Pacheco, a colaboração da AJPAS com o HFF remonta ao início de funcionamento do hospital, ou seja, desde há 22 anos. Conforme conta, os projetos comuns foram sendo desenvolvidos ao longo dos anos, numa relação de confiança e parceria, com frutos e resultados palpáveis em termos de adesão e retenção do utente nos cuidados de saúde.

De acordo com Patrícia Pacheco, esta ONG distingue-se das outras pela maior vocação em trabalhar com as populações migrantes. Além disso, conhece o terreno desde há décadas e tem profissionais experientes, incluindo colaboradores que falam crioulo cabo-verdiano ou guineense.

Em regra, o Serviço solicita o apoio da AJPAS em casos de previsível má adesão, seja por fatores socioeconómicos, barreira linguística ou presença de algumas comorbilidades que dificultam a adesão (estados com deterioração neutrocognitiva, por exemplo).

“A AJPAS faz uma primeira entrevista/avaliação da situação, é definido conjuntamente o tipo de apoio e é proposto ao doente esse acompanhamento, o qual pode obviamente recusar. O apoio pode ser social (apoio na alimentação, transporte ao hospital, ajuda na regularização da situação legal em Portugal, etc.), psicológico (acompanhamento por psicólogos na AJPAS) e/ou apoio na adesão monitorizado por técnicos e enfermeiros (com possibilidade de entrega diária, semanal, quinzenal ou mensal da medicação antirretroviral)”, refere.

“‘Braço comunitário’ permite manter a ligação entre o hospital e o doente”

Patrícia Pacheco refere que esta abordagem envolvendo a AJPAS tem tido muito sucesso, sendo que doentes que antes se perdiam depois do diagnóstico são agora autónomos e cumpridores, muito porque, como afirma, “este ‘braço comunitário’ permite manter a ligação entre o hospital e o doente no espaço que medeia entre consultas”.

“O objetivo é que este apoio seja temporário, até que o utente consiga manter de forma autónoma o tratamento, conhecendo e interiorizando a necessidade do mesmo”, diz.

No entanto, existem, muitas vezes, situações que determinam que o acompanhamento seja definitivo: “O envelhecimento da população com VIH levou ao aumento das comorbilidades, nomeadamente, os casos de disfunção neurocognitiva ou sequelas motoras de AVC, nos quais o apoio da AJPAS permite que estes doentes mantenham a sua medicação em casa, de forma acompanhada”.

Segundo a médica, a cooperação tem corrido “muito bem” e está para continuar. “Como em qualquer relação, é necessário que as partes estejam empenhadas no sucesso da parceria. Desentendimentos, situações que correm menos bem obviamente que acontecem e são objeto de reunião entre as direções, de forma a evitar o seu reaparecimento. Continuaremos a colaborar e, no futuro, vamos ter um projeto comum no âmbito das Fast Track Cities”, conclui.

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