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Livro sobre telemedicina destaca a ação pioneira da Cardiologia Pediátrica de Coimbra

Foi lançado no passado dia 16 de junho o livro “Telemedicina, Telessaúde e Transformação Digital na Saúde – Conceitos e Práticas /Regulação e Ética”, da Associação Portuguesa de Telemedicina (APT). Entre os presentes esteve Eduardo Castela, presidente da APT e um dos precursores desta ferramenta em Portugal.

Promovido pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (OM), o evento híbrido contou com a presença física, na sede da OM de Coimbra, dos oradores e de alguns inscritos. O livro é o primeiro de uma série de outros, que visa dotar os profissionais de saúde, médicos e não só, de conhecimentos sobre esta área, que se tem disseminado de forma vertiginosa na pandemia.

É também uma homenagem a Agostinho Almeida Santos, falecido em 2018, e que foi um dos precursores da telemedicina em Portugal, juntamente com Eduardo Castela.

O presidente da APT, na sua intervenção, começou por relembrar os primeiros passos das consultas de telemedicina no Serviço de Cardiologia Pediátrica do Hospital Pediátrico de Coimbra, no qual foi diretor. “O nosso objetivo na altura foi, sobretudo, o de promover a equidade de cuidados em Cardiologia Pediátrica.”


Eduardo Castela

Muitos foram os obstáculos por causa do que disse serem “velhos do Restelo”, que não aceitavam bem a ideia de se fazer uma consulta à distância, como explicou na sua intervenção. “Apenas conseguimos passar melhor a mensagem quando se teve a noção de que já era uma realidade nos países nórdicos e nos EUA. Apesar de tudo não desistimos e, hoje em dia, temos um uma telemedicina robusta e consolidada neste Hospital.”

Além de consultas com crianças que viviam longe de Coimbra, o responsável relembrou que foi também uma oportunidade de se organizar telecursos para os profissionais de saúde sobre Cirurgia Cardíaca Pediátrica e Fetal e também de Cirurgia Cardíaca no geral.

Em 2007, o projeto avançou também para os países de língua oficial portuguesa (PALOP), tendo-se contribuído, inclusive, para o desenvolvimento da Cardiologia Pediátrica em Angola.

Este é o primeiro livro de uma coleção da APT, que tem como objetivo ajudar os profissionais de saúde sobre o que é realmente a telemedicina e quais as orientações a seguir.



“Um instrumento útil”

 

Para Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da OM, a obra insere-se num protocolo assinado, dois dias antes, entre a OM e a APT, para clarificar e consolidar conhecimentos e práticas em telemedicina, face ao aumento desta prática durante a pandemia.

E não tem dúvidas: “É um instrumento muito útil para todos os profissionais de saúde e, diria mesmo, obrigatório para quem faz telemedicina.”


Carlos Cortes

O responsável elogiou a forma “simples e sintética”, que permite ter uma noção mais exata da história desta prática em Portugal.


Refletir sobre os limites da telemedicina

Abordando os diferentes conceitos, no livro pretende-se também compreender o que realmente é a telemedicina, como acrescentou Fernando Mota, vice-presidente da APT. “Existe uma certa dispersão concetual nos dias de hoje.” Sendo também o coordenador da obra, que conta com vários autores, vê nesta iniciativa da Associação uma forma de contribuir para “uma ampla reflexão e discussão sobre cuidados de saúde à distância”.


Teresa Almeida Santos com o seu pai, Agostinho Almeida Santos

Para Teresa Almeida Santos, ginecologista ligada à Medicina da Reprodução e filha de Agostinho Almeida Santos, é importante refletir sobre uma prática que não deve diminuir a relevância da consulta presencial. “Nada substitui o olhar, o toque e o exame clínico. É uma tecnologia poderosíssima, mas é preciso refletir sobre os seus limites.”

Visivelmente emocionada, agradeceu a homenagem ao pai, que faleceu há 3 anos, recordando que também ela própria acabou por acompanhar o início desta ferramenta em Portugal.

 

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