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Loures: Serviço de MFR com grupos multidisciplinares «dedicados a determinadas enfermidades»

Instalado num hospital inaugurado há pouco mais de 6 anos, no início de 2012, o Serviço de Medicina Física e de Reabilitação (MFR) do Hospital Beatriz Ângelo apresenta um aspeto novo. Nesta reportagem, a sua diretora, Ana Andrade Borges, fala-nos do crescimento de uma equipa que, no início, incluía apenas dois fisiatras e da participação em equipas multidisciplinares, envolvendo profissionais de outras áreas do hospital de Loures.



Nos primeiros tempos, a atividade centrou-se no apoio ao internamento, nomeadamente, às patologias respiratória e neurológica. À medida que o hospital foi crescendo acabaram por surgir também casos clínicos decorrentes de cirurgias relacionadas com patologia ortopédica. Hoje em dia, a maioria dos doentes acompanhados são do ambulatório – essencialmente patologia ortopédica operada, neurológica e respiratória.

“Há ainda a Reabilitação Pediátrica, que intervém desde a Unidade de Neonatologia ao ambulatório, por exemplo, em casos de dificuldade de sucção, lesões do plexo, torcicolos congénitos, atrasos de desenvolvimento e problemas respiratórios”, indica a fisiatra.

Além disso, o Serviço de MFR integra a Equipa de Gestão de Altas. O objetivo é “avaliar o doente, para o encaminhar para o nível de cuidados de reabilitação mais adequado, quer seja um centro especializado de MFR, a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, cuidados de MFR em ambulatório no HBA ou em centro convencionado”.



Participa ainda no projeto ERAS (Enhanced Recovery After Surgery), um programa clínico que tem como objetivo a adoção das melhores práticas nos cuidados de saúde prestados a doentes sujeitos a cirurgia, para se conseguir maximizar os resultados positivos destas cirurgias. “O HBA é o único hospital em Portugal certificado como centro de excelência do programa ERAS”, diz.

Relativamente ao Serviço, a diretora realça ainda a disponibilidade do responsável pelo Centro de Gestão, Pedro Luís, para conhecer as suas necessidades e, como salienta, “fazer a ponte com o Conselho de Administração”.




Equipas multidisciplinares por patologia para melhores cuidados

Com uma “equipa jovem e dinâmica”, Ana Andrade Borges enfatiza a importância que a equipa de MFR dá às equipas multidisciplinares por patologia. “Sempre foi estratégia deste hospital apostar nestas equipas dedicadas a determinadas enfermidades, porque está comprovado cientificamente que é assim que se obtêm melhores resultados e prognósticos”, aponta.

Continuando, esclarece que esta forma de trabalhar é cada vez mais preconizada nas guidelines. Mas, para isso, reconhece que também é fundamental haver uma boa coordenação. “É preciso liderança, saber gerir muito bem as coisas, tendo em conta que aprendemos todos uns com os outros, para o bem do doente, aquele que está, de facto, no centro do sistema”, preconiza.

Questionada sobre se deve ser sempre o fisiatra o coordenador destas equipas multidisciplinares, responde de forma categórica:

“Depende da patologia, o mais importante é que seja alguém, primeiramente, com competências na área e, em segundo, com capacidade de coordenação e de liderança, sem se esquecer de como todos contribuímos com conhecimentos para o bem do paciente.”



Disfagia: “Agregar, uniformizar e otimizar intervenções e recursos”

São várias as especialidades representadas no Grupo Multidisciplinar de Disfagia do HBA, criado pela MFR em 2015.  Para Ana Andrade Borges, esta patologia é “uma questão de saúde pública, sobretudo, pelas potenciais complicações associadas, nomeadamente, pneumonia, desidratação, malnutrição, depressão, aumento do tempo de internamento e acréscimo de custos em saúde”.

Problemas que, no seu entender, deviam exigir uma maior atenção a esta entidade, o que não se tem verificado. “A disfagia é pouco desenvolvida na formação médica, apesar de envolver uma abordagem interdisciplinar, com vários grupos profissionais”, aponta. Daí que, continua, seja importante “agregar, uniformizar e otimizar intervenções e recursos”.

Questionada sobre os principais desafios dos profissionais na área da disfagia, a médica destaca a necessidade de existir “um planeamento do continuum de cuidados, desde a fase aguda até ao meio extra-hospitalar”. Quanto ao papel do fisiatra relativamente a esta perturbação, realçou a abordagem holística que faz ao paciente, além de ser “um elemento que contribui para uma melhor coordenação entre as várias técnicas necessárias”.



A médica do HBA faz ainda questão de salientar que, nesta área da disfagia, é preciso ter em conta a acessibilidade aos tratamentos face à gravidade deste problema de saúde. “Infelizmente, os recursos são escassos e temos muitas pessoas sem acesso a tratamento e, face ao envelhecimento da população e à carga da doença crónica, serão muitas mais nos próximos tempos, daí que seja urgente mudar este panorama, como tentamos fazer no HBA”, enfatiza.

No hospital, este grupo integra profissionais de Fisiatria, Medicina Interna, Neurologia, Gastrenterologia, Otorrinolaringologia, Terapia da Fala, Nutrição e Enfermagem de Reabilitação.

Ainda neste âmbito, a médica espera vir a aplicar a estimulação transmagnética. “Melhora significativamente a deglutição nestes doentes e já fomos, inclusive, fazer formação na única unidade que tem esta técnica em Portugal na área da disfagia, que é o Centro de Medicina de Reabilitação da Região do Centro – Rovisco Pais, na Tocha”, adianta Ana Andrade Borges.

Ana Andrade Borges faz um balanço “muito bom” do trabalho desenvolvido pela equipa, que integra 2 fisiatras e tempo inteiro e 1 a tempo parcial, 18 fisioterapeutas, 2 terapeutas da fala e 2 terapeutas ocupacionais.



A reportagem completa, que inclui também perspetivas de outros profissionais, pode ser lida na última edição de LIVE Medicina Física e de Reavilitação.

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