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Lutar contra a hipertensão na Covilhã «de forma ativa, participativa e empenhada»

Estudos indicam que nas regiões do interior do país é mais difícil manter os valores normais da pressão arterial, afirma Manuel de Carvalho Rodrigues, presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH).  Na sua opinião, essas regiões "têm dificuldades e necessidades específicas que não podem ser esquecidas".

Essa realidade "pode dever-se à cultura, mas também ao abandono que se sente e que leva a uma maior resignação e falta de motivação".



Em declarações à Just News, o médico explica que esse foi um dos motivos que levou a Sociedade Portuguesa de Hipertensão a optar por realizar na Covilhã, este mês, um evento transversal que mobilizou "as forças vivas da cidade", reunindo população e profissionais de saúde por uma causa.



O envolvimento da Câmara Municipal da Covilhã, da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior e do Centro Hospitalar da Cova da Beira "permitiu que o Dia Mundial da Hipertensão fosse assinalado de forma ativa, participativa e empenhada", explica Manuel de Carvalho Rodrigues.



As várias ações de rastreio (tensão arterial, glicémia capilar, índice de massa corporal), aulas de atividade física e outras iniciativas possibilitaram que profissionais de saúde e alunos de Medicina e Enfermagem alertassem, de forma dinâmica, para a importância da medição frequente da pressão arterial, da prática regular de exercício físico, da redução do consumo de sal e para a necessidade de ser cumprida a toma da medicação prescrita.



"A adesão terapêutica é fundamental"

De acordo com o cardiologista do Centro Hospitalar da Cova da Beira, "na hipertensão arterial, a adesão terapêutica é fundamental e a nossa batalha vai nesse sentido".


Manuel de Carvalho Rodrigues e Luís Martins.

Assim,
iniciativas como a que se realizou na Covilhã revelam o empenho da Sociedade Portuguesa de Hipertensão em "abrir portas" e ir ao encontro da população, alertando que "este tipo de medicação é para toda a vida e não apenas para um dia", mas também em dar apoio aos profissionais de saúde, esclarecendo "que temos de apostar numa medicação mais simples e eficaz".

E sublinha: "é preciso desmistificar que as formas terapêuticas mais eficazes, cómodas e simples são caras. Nada há mais caro que a morte."



Melhorias "não são um dado adquirido"

 
No âmbito do evento, realizou-se também, no Auditório do Hospital da Covilhã, uma sessão clínica intitulada: "Controlo da Hipertensão Arterial: que implicações?", que contou com a intervenção de Luís Martins, diretor do Serviço de Cardiologia do Cento Hospitalar de Entre o Douro e Vouga (CHEDV).

Em declarações à Just News, o especialista sublinha a importância do que foi abordado nesta sessão, dirigida a médicos: "foram realçadas as implicações do controlo da hipertensão arterial, em termos de benefícios de Saúde Pública", tendo sido também discutido "o impacto da crise financeira europeia".


O objetivo foi passar a mensagem aos profissionais de saúde "de que as melhorias sentidas nos últimos tempos na hipertensão arterial não são um dado adquirido e que é preciso continuar a lutar contra esta doença".



A propósito da crise, alerta que "muitos doentes, com problemas financeiros, deixam de tomar a medicação. Além disso, quem sofre de hipertensão, também pode ter outras patologias, o que nos conduz à realidade da polimedicação. Se não há dinheiro para todos os medicamentos, vai-se deixar de tomar alguns."

E acrescenta: "No caso da HTA facilmente se deixa os medicamentos quando se vê que os valores da pressão arterial estão normais, mas isso só acontece porque se está a fazer a terapêutica."



Contactar com a população "é essencial"

Para Luís Martins, não há qualquer dúvida de que
ações de rua como as que foram realizadas na Covilhã "são essenciais, porque apenas se consegue ter a atenção da população geral e dos media desta forma".

De acordo com o presidente da Assembleia-Geral da SPH, "as sociedades científicas precisam estar mais em contacto com a população", sublinhando que "não podem fechar-se em si mesmas".





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