Medicina Familiar em Matosinhos «com objetivos cada vez mais ambiciosos»

O Auditório do Hospital Pedro Hispano acolheu, no último fim-de-semana, o 3.º Encontro de Medicina Geral e Familiar (MGF) em Matosinhos.

Em declarações à Just News, Pedro Ferreira, coordenador da Comissão Organizadora e médico interno de MGF na USF Dunas, explica que os elementos da organização estão inseridos em várias unidades do Agrupamento dos Centros de Saúde (ACeS) Matosinhos, "mas apresentam um principal ponto em comum: a motivação, garra e união para criar um evento científico e solidário, que convida à atualização de conhecimentos e partilha de experiências na nossa ULS".



Suicídio: identificação de sinais de alarme nos CSP

Um dos workshops que se realizou foi dedicado à "Avaliação do risco de suicídio nos Cuidados de Saúde Primários", que teve, como orador principal, João Marques, assistente hospitalar em Psiquiatria no Departamento de Saúde Mental da ULSM. Não sendo este um dos temas mais abordados em reuniões de Medicina Geral Familiar, Pedro Ferreira explica como surgiu a ideia de ser discutida a questão:

"A patologia psiquiátrica é altamente prevalente nos Cuidados de Saúde Primários, apresentando-se o Médico de Família como o médico que orienta a maioria destes doentes. Os estudos mostram que a maioria dos utentes que cometem suicídio teve contacto com profissionais de saúde no mês anterior, revelando a importância da atenção e sensibilidade do Médico de Família para a gestão das queixas deste utente."



Sendo um tema que, ultimamente, tem estado nas notícias, relacionado com a saúde mental dos adolescentes, têm os profissionais de saúde em Matosinhos sentido alguma preocupação redobrada dos pais? O médico interno na USF Dunas começa por destacar "ser notória a preocupação dos pais com a educação e crescimento dos filhos".

Nesse sentido, acrescenta, a divulgação da informação "gera também preocupação parental", considerando que o médico de família "apresenta-se como o orientador das queixas e preocupações num estado inicial. A capacitação na gestão e identificação de sinais de alarme nestes utentes é, assim, fundamental."



ULS permite "contacto mais célere entre colegas"


Os médicos de família distribuídos pelas várias unidades de saúde na zona de Matosinhos estão integrados na Unidade Local de Saúde (ULS) de Matosinhos. Questionado sobre se tal facto é elemento facilitador de uma ligação próxima com o Hospital Pedro Hispano, Pedro Ferreira não hesita na resposta.

Na sua opinião, "a prática clínica numa ULS estreita as relações entre os cuidados de saúde primários e hospitalares, possibilitando um contacto mais célere entre colegas para esclarecimento de dúvidas e orientação do utente".



Cristina Gavina, diretora do Departamento de Medicina da ULS Matosinhos, foi uma das várias especialistas do Hospital Pedro Hispano que aceitaram prontamente o convite para participar no evento.

Assim, adianta que "a colaboração é frequente nesta ULS e os profissionais mostram-se muito disponíveis para colaborar em qualquer evento que enalteça o nome da ULS Matosinhos".

Os utentes na ULS são quem mais beneficia desta relação próxima entre profissionais, como sublinha Pedro Ferreira: "o rápido acesso a qualquer registo clínico e a proximidade de contacto são, sem dúvida, fatores de conforto que espelham um seguimento dos utentes mais integrador".

Comissão Organizadora do 3.º EnMGF-Matosinhos:
- Jéssica Perpétuo, Hugo Rocha, Cristina Costa, Sofia Cardoso, Maria Inês Oliveira, Pedro Cardoso Ferreira e Rita Oliveira;
- Rita Pedro, Cátia Cordeiro, Sara Moreira, Daniela Ribeiro, Telma Lopes, Guilherme Moreira e Céline Gama.

PHDA: referenciação é "condição necessária"


Entre outros temas que foram discutidos na reunião, realizou-se uma mesa redonda sobre a Perturbação da Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA), "uma patologia que tem sido muito divulgada e alvo de preocupação por parte dos encarregados de educação e professores", afirma Pedro Ferreira.

Nestes casos, e relativamente ao papel do médico de família, "perante o seu diagnóstico, a referenciação a consulta hospitalar apresenta-se como uma condição necessária", refere.




Contudo, porque existem "algumas dúvidas sobre qual a especialidade a referenciar, se Pediatria ou Pedopsiquiatria", a Comissão Organizadora decidiu realizar esta mesa redonda, que proporcionou um "debate profícuo", onde profissionais que integram os respetivos serviços na ULS Matosinhos deram a sua perspetiva:

"Foi partilhado o ponto de vista da Pediatria, da Pedopsiquiatria e a perspetiva integradora da Medicina Geral e Familiar na orientação das crianças com este diagnóstico."

"Interesse e motivação incansáveis"

Além de integrar a Comissão Organizadora, Luís Filipe Cavadas, médico de MGF na USF Lagoa, é também o presidente da Comissão Científica, assumindo um papel relevante no apoio ao Encontro.


Luís Filipe Cavadas.

Pedro Ferreira faz mesmo questão de salientar que "Luís Filipe Cavadas acompanha e motiva a continuidade deste evento desde a sua primeira edição".

Assim, dado o "seu interesse e motivação incansáveis", mas também devido ao seu percurso científico e pela posição de diretor do Internato Abel Salazar, "não houve dúvidas quanto ao convite para ser presidente da Comissão Científica, cargo que aceita desde o 1.º EnMGF-Matosinhos".

Adesão "expressiva" de fora da ULS Matosinhos

Além de médicos internos, especialistas e formadores de MGF, o EnMGF-Matosinhos conta, "desde a sua primeira edição, com uma expressiva participação de elementos externos à ULS Matosinhos".

De acordo com Pedro Ferreira, a adesão é de tal forma relevante, que "aproximadamente metade dos participantes integra equipas fora da ULS Matosinhos, condição que muito nos orgulha" e que considera ser um reflexo da qualidade organizacional e dos palestrantes convidados.  



3.º EnMGF com "uma verdadeira mais-valia"


Esta edição do Encontro teve, pela 1.ª vez, uma parceria com uma revista médica internacional. Para o médico interno da USF Dunas, este é um "indicador claro" de que o encontro ganha cada vez mais consistência:

"A parceria com a revista Porto Biomedical Journal apresenta-se, este ano, como uma verdadeira mais-valia, conferindo credibilidade científica ao nosso evento, do mesmo modo que surge também como um ponto de interesse para os participantes, através da possibilidade de publicação do trabalho de Melhor Comunicação Oral."

É ainda acrescentado: "À medida que cada edição desde encontro é concretizada, procuramos sempre trazer alguma iniciativa inovadora. Depois de duas edições com mais de 110 inscritos e um total de 150 participantes em cada edição, o EnMGF-Matosinhos é um encontro de Medicina Geral e Familiar com objetivos cada vez mais ambiciosos."


Comissão Científica do 3.º EnMGF-Matosinhos:
- Paulo Pires, Emília Teixeira, Cristina Pinto, Nuno Figueiras Alves, Rosa Santos, Teresa Carneiro e Ilda Campos;
- Carmo Novais, David Costa, Carla Ponte, Raquel Castro, Luciana Monteiro e Raquel Braga.






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