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MGF tem papel essencial no prognóstico da nefropatia diabética

“Os especialistas em Medicina Geral e Familiar têm um papel muito importante no diagnóstico precoce da doença renal associada à diabetes, ou seja, da nefropatia diabética. Esta complicação da diabetes, pelas características clínicas que apresenta, deve ser rastreada nas fases precoces”, afirma João Frazão, professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e assistente graduado do Serviço de Nefrologia do Hospital de São João.

Como é sabido, a diabetes está associada, com uma frequência significativa, à nefropatia diabética, que é, em conjunto com a hipertensão arterial, a causa mais frequente de insuficiência renal crónica no mundo. A insuficiência renal crónica é uma doença resultante da deterioração lenta e irreversível da função renal.

De acordo com João Frazão, o diagnóstico precoce é essencial, uma vez que leva à instituição da terapêutica numa fase inicial da doença, tendo um impacto significativo no seu prognóstico, nomeadamente na progressão da patologia e na deterioração da função renal.

“A doença renal crónica é assintomática nas suas fases iniciais e torna necessária a realização de exames auxiliares de diagnóstico muito simples para o seu diagnóstico. Estes exames, ao serem realizados por rotina, nomeadamente no doente diabético, vão permitir o despiste desta complicação médica da diabetes”, afirma o especialista, em declarações ao Jornal Médico.

E acrescenta: “Por essa razão, nesta população de doentes, os exames de rotina incluem a pesquisa de microalbuminúria na urina, pois, é o sinal laboratorial mais precoce de nefropatia diabética.”

Por outro lado, o controlo da doença passa muito, segundo João Frazão, pelo controlo da própria diabetes, sendo que o médico de família tem, também, neste aspeto, um papel determinante.

“É crucial, e hoje está bem determinado, que quanto mais eficaz e rigoroso for o controlo metabólico da diabetes melhor é o prognóstico em termos de função renal.” Outro ponto frisado pelo nefrologista é o controlo da pressão arterial, que tem um impacto muito marcante na progressão da doença renal, uma vez que a maioria destas pessoas é também hipertensa.

“A maioria das medidas precoces que são tomadas como forma de prevenção de doença renal não são do foro da Nefrologia, mas sim da MGF. Os nefrologistas acabam por intervir só numa pequena fração dos doentes com nefropatia diabética, que são aqueles cuja doença progride, perdem função renal de forma significativa e, por esse motivo, são referenciados para a especialidade de Nefrologia. A nossa intervenção vem numa fase mais avançada”, indica João Frazão.

As medidas precoces que têm grande impacto e benefício para os doentes são tomadas pela MGF. Assim, o controlo metabólico da diabetes e o controlo tensional, com o uso de anti-hipertensores específicos, que inibem o eixo renina-angiotensina, são determinantes para diminuir a progressão da nefropatia diabética da sua fase incipiente para as fases mais avançadas, com presença de proteinúria e insuficiência renal crónica. Estas medidas precoces têm enorme impacto no prognóstico da nefropatia diabética.

“O uso de anti-hipertensores específicos, nomeadamente os inibidores da enzima de conversão da angiotensina e os antagonistas do recetor da angiotensina, para além de controlar a HTA, tem um efeito renoprotetor direto, diminuindo a progressão da nefropatia diabética”, afirma.

Para terminar, João Frazão volta a constatar a importância dos especialistas em MGF. “A Nefrologia apenas interfere numa faixa pequena de doentes e em fases mais avançadas, aqueles que progridem e que desenvolvem insuficiência renal crónica. São esses doentes que acabam por necessitar de tratamento de substituição da função renal, nomeadamente hemodiálise, diálise peritoneal ou transplantação renal.”

E conclui: “As medidas com grande impacto têm a ver com a deteção precoce da nefropatia diabética, permitindo a sua prevenção primária e secundária, e estes atos médicos estão claramente no âmbito da atuação dos meus colegas da MGF.”

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