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«Muitas das patologias hepáticas são evitáveis. Temos que atuar ao nível da comunidade»

A cirrose hepática é a segunda causa de morte prematura em pessoas em idade ativa, a seguir às patologias cardíacas, alerta Isabel Pedroto, diretora do Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP).

A médica recorda que esta é uma patologia que se desenvolve silenciosamente, sendo que "a maioria dos indivíduos não apresenta sinais ou sintomas até à primeira emergência médica grave, que é fatal num em cada três doentes".

Em declarações à Just News, a responsável recorda as principais causas desta entidade clínica nos adultos: o abuso crónico de álcool, as hepatites víricas e a obesidade/síndromemetabólica.

“Muitas das patologias hepáticas são evitáveis e, se diagnosticadas precocemente, bastam simples intervenções clínicas ou mudanças no estilo de vida para se atrasar ou interromper a progressão da doença”, afirma a médica.


O problema é que, "na prática clínica, cerca de 50% dos doentes com cirrose hepática ainda são diagnosticados apenas aquando de uma descompensação numa admissão hospitalar urgente".

“Temos que atuar ao nível da comunidade"

Face a esta realidade que acompanha diariamente, considera que "o modelo tradicional de cuidados de saúde, em fases tardias e irreversíveis, tem que mudar".

E mudar em que direção? “Temos que atuar ao nível da comunidade: reconhecer quem tem fatores de risco, estratificar esse risco e agir enquanto há possibilidade de reversibilidade da doença”, afirma.

Para esse fim, adverte que o habitual método de triagem, "que é a análise de um painel de marcadores sanguíneos, chamados testes de função hepática, pode não ser suficiente".

Na sua opinião, e olhando especificamente para o "papel essencial que o médico de família tem na prevenção", refere que "é muito importante estar mais envolvido nas estratégias de diagnóstico precoce e estratificação individual do risco de progressão da doença hepática.”

Desenvolvimento dos centros de excelência

Além das funções de direção no CHUP, Isabel Pedroto é coordenadora da Urgência Regional do Norte de Gastrenterologia e professora catedrática convidada do Módulo de Gastrenterologia da disciplina de Clínica Médica da licenciatura de Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar.

É ainda subespecialista em Hepatologia. Com competência em Gestão de Serviços de Saúde pela Ordem dos Médicos, já assumiu vários cargos, nomeadamente, a de presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (biénio 2015-2017), e a de vice-presidente da Assembleia-Geral da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (biénio 2017-2019). Coordenou, ainda, a Rede de Referenciação de Gastrenterologia e Hepatologia, aprovada em janeiro de 2018, e integrou o grupo de trabalho para proceder ao desenvolvimento dos centros de excelência.

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