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Novo estatuto da carreira de administração hospitalar: «um problema» com novidades à vista

O ministro da Saúde anunciou que em breve, ainda durante o ano de 2017, dará a conhecer novidades no que diz respeito à regulamentação da carreira de administração hospitalar. Na 2.ª Conferência de Valor da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), Adalberto Campos Fernandes revelou que tem trabalhado de perto com a associação para resolver “um problema que se arrasta há muitas décadas”.



"Premiados ou castigados pelo que fizerem de bem ou de mal"

“No Ministério da Saúde temos a perfeita consciência das dificuldades que cada um de vocês enfrenta no dia a dia e acompanhamo-las de perto", referiu o ministro, dirigindo-se aos administradores hospitalares, acrescentando:

"Sabemos que na generalidade dos hospitais temos equipas de grande qualidade que lidam com a escassez de recursos com que são confrontados, e é por isso que temos trabalhado com a direção da APAH para finalmente, durante este ano, resolver as questões em torno da carreira de administração hospitalar”. Em cima da mesa das negociações com a APAH têm "também estado os contratos de gestão e a Comissão Nacional de Avaliação das Administrações Hospitalares".

“Desejamos que os hospitais assinem um contrato programa, que se comprometam com ele e que depois sejam capazes de exprimir a sua criatividade organizativa e possam ser premiados ou castigados pelo que fizerem de bem ou de mal. É isso que é justo”, sublinhou Adalberto Campos Fernandes.



Formação contínua do gestor hospitalar

No discurso que fez no evento promovido pela APAH, que decorreu no Porto, nos dias 7 e 8 de julho, o titular da pasta da Saúde deixou ainda palavras de elogio à nova Direção da Associação, que disse estar a dar mostras de “grande vitalidade”, sobretudo ao projetar a área da formação do gestor hospitalar, que o ministro afirmou ser “um dos maiores défices que o sistema de saúde tem”.

“Para se ser gestor são necessárias competências humanas, técnicas e científicas, mas também qualidades que têm de ser treinadas. E a formação contínua e a modernização do conhecimento é um imperativo para que a gestão se qualifique”, sublinhou, criticando quem acha que basta “pôr dinheiro em cima dos problemas” para que estes desapareçam.

“Há um problema de formação de base e a aposta que a APAH está a fazer na formação, em encontros como este, é por nós apreciado e acarinhado. O Ministério da Saúde apoia, incentiva e fará tudo o que estiver ao seu alcance para que estas iniciativas sejam aprofundadas, atraindo mais competências”, terminou.



“Renovar, reconstruir e reequipar”

Sobre o momento que o país vive atualmente na área da Saúde, Adalberto Campos Fernandes expressou o seu entusiasmo com o início de um processo de reinvestimento nos hospitais portugueses, deixando exemplos:

“Estão em construção 79 centros de saúde, foi lançado o hospital de proximidade de Sintra, seguidamente será o do Seixal, depois o novo hospital Oriental de Lisboa, o maior investimento público em saúde de que há memória”, enumerou o político, expressando que se trata de um novo ciclo, que também chegará aos recursos humanos.

Quanto à inovação, e abordando já o Orçamento para 2018, o ministro da Saúde avisou que “nenhum país da Europa tem condições para gerar excedentes orçamentais compatíveis com a fúria da inovação”, mas que trabalhará para encontrar soluções, inclusive de âmbito europeu, para que os portugueses possam ter acesso às terapêuticas mais inovadoras.

“Sabemos que é um diálogo que vai endurecer, pois, logicamente, a opção não pode ser os países continuarem a acumular pagamentos em atraso e serem completamente esvaziados de capacidade de investimento para a gestão porque tudo é deslocado para a inovação", disse.

Capacidade para "internalizar"

A terminar, Adalberto Campos Fernandes congratulou-se ainda com a portaria recentemente publicada em Diário da República e que definiu que sejam aplicados os princípios da produção adicional às consultas e meios complementares de diagnóstico e terapêutica.

“Passa assim a haver espaço ao nível da contratualização interna, os conselhos de administração terão a capacidade de decidir e fazer mais para diminuir a despesa no exterior, para internalizar. É um instrumento que dá muita responsabilidade aos administradores mas que permitirá que em cada uma das unidades se possa melhorar a eficiência da prestação de cuidados”, concluiu.

A 2.ª Conferência de Valor da APAH incluiu-se num ciclo de sessões promovidas pela Associação, que teve já a sua primeira edição em Ílhavo e em outubro terá uma terceira, em Évora. Nesta reunião foi debatido o tema “Modelos Financeiro e Financiamento – Desafio e Oportunidades” e, além de palestrantes estrangeiros convidados, todas as sessões foram compostas por um painel de comentadores representativos das entidades centrais, da administração hospitalar, do mundo académico e dos agentes económicos.




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