Nuno Nogueira Martins é o 1.º português a presidir ao Congresso Europeu de Ginecologia e Obstetrícia
Após ter assumido a função de secretário-geral do European Board & College of Obstetrics and Gynaecology entre 2018 e 2023, Nuno Nogueira Martins foi agora convidado a presidir ao 29.º Congresso Europeu organizado por tal entidade. Aceitou o desafio pessoalmente, mas também com um sentido coletivo.
“A Europa encontra-se com o mundo”
“Muito nos deve honrar enquanto país termos pela primeira vez um português a presidir ao maior congresso generalista europeu de Ginecologia e Obstetrícia. Por isso, aceitei este convite pessoalmente, mas também em nome de todos os meus colegas portugueses. Esta responsabilidade trará mais destaque para aquilo que fazemos, para a qualidade dos cuidados que prestamos às mulheres portuguesas”, começa por distinguir Nuno Nogueira Martins, que dirige o Serviço de Ginecologia e Obstetrícia da ULS de Viseu Dão-Lafões.
Para si, este convite “espelha o reconhecimento e a aposta europeus em Portugal para organizar um evento tão complexo, que só acontece a cada dois anos”.
A trabalhar já há algum tempo na planificação deste congresso, que terá como tema geral “A Europa encontra-se com o mundo”, o responsável adianta que o propósito foi “convidar as associações dos outros continentes a virem reunir-se com os colegas europeus em Frankfurt, para estabelecer pontes nos cuidados, que são bastante diferentes entre os vários continentes”.
Nuno Nogueira Martins aponta que o objetivo será “cruzar os desafios e os sucessos europeus com os que existem nos outros continentes, de forma até a promovermos futuros estudos em parceria e a estabelecermos formações bilaterais. Tudo para beneficiar os cuidados da saúde da mulher a nível global”. Nesse âmbito, serão inclusivamente reunidas numa sessão figuras de lugares como o Japão, a Nova Zelândia, os EUA e a Índia.
Nuno Nogueira Martins
Prematuridade, 3 D e endometriose
Haverá três grandes temáticas a ser discutidas ao longo dos três dias de trabalho. Enquanto o primeiro será dedicado à prematuridade, o segundo terá como mote os 3 D - Defesa, Descarbonização e Demografia, enquanto o último incidirá sobre a endometriose. “Estas serão os assuntos de maior destaque nesses dias, embora em qualquer um dos dias haja temas de subespecialidades a serem debatidos. Fizemo-lo também para chamar a atenção do público para estes temas tão importantes”, esclarece.
Nesse sentido, no final de cada dia, diversas associações de doentes e os media serão chamados para receberem “as mensagens mais relevantes do dia acerca de assuntos como a prematuridade, os problemas gerais que impactam a saúde da mulher em termos de política, guerra e poluição, ou a endometriose”.
Na cerimónia de abertura, os participantes terão a oportunidade de assistir a uma palestra de Marek Glezerman intitulada Gender and Sex Conscious Medicine – Trascending all Medical Disciplines, “um assunto um pouco disruptivo num ambiente puramente científico, que merece reflexão”.
Contando o EBCOG com 38 parceiros, entre eles a FIGO, o RCOG, a ESGO, a ESHRE e a EUGA, todos estarão representados em sessões do programa.
Um grande histórico na organização do Congresso Europeu de Ginecologia e Obstetrícia
O responsável, que está na EBCOG desde 2006, tem já uma grande experiência na organização destes congressos europeus, uma vez que tem estado envolvido nessa tarefa desde 2008, altura em que o congresso europeu decorreu em Portugal. Desde então, a sua colaboração manteve-se nos congressos subsequentes – 2010, em Antuérpia (Bélgica), 2012, em Talin (Estónia), 2014, em Glasgow (Escócia), 2016 em Turim (Itália), 2017, em Antália (Turquia), 2018, em Paris (França), 2021, em Atenas (Grécia), 2023, em Cracóvia (Polónia) e, agora, 2025, em Frankfurt (Alemanha).
Em todos eles, deu o seu contributo, seja através da organização ou da própria efetivação dos congressos, através da realização de palestras e cursos. Na edição de 2018, presidiu ao Comité Científico do evento.
As inscrições estão abertas até ao arranque do congresso, estando previsto que esta edição reúna entre 1500 a 2000 participantes, número que vem sendo registado ao longo dos anos.
Nuno Nogueira Martins adianta haver “a tradição de os portugueses aderirem e estarem até envolvidos ativamente nos programas deste congresso”, como sucede este ano com os nove colegas: Diogo Ayres de Campos (ULSSM), Manuel Vico (ULSVDL), Teresa Bombas (ULS de Coimbra), Hélder Ferreira (ULS de Santo António), Pedro Vieira Baptista (ULS de São João), Luís Martins (Germano de Sousa), Hugo Gaspar (SESARAM), Rita Pinto (ULSVDL) e Inês Nunes (ULSVNG/E).
A notícia completa pode ser lida na próxima Women`s Medicine.