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O acesso ao tratamento da obesidade «deveria ser universal»

A comparticipação dos medicamentos para a obesidade, o acesso efetivo a cirurgia bariátrica e o combate ao estigma foram três medidas defendidas pelo cirurgião António Albuquerque, presidente da comissão organizadora local do 22.º Congresso Português de Obesidade. O evento, da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO), decorreu entre 23 e 25 de novembro, em Lisboa, e teve como tema: “Obesidade: Um peso a reduzir”.



Na sessão de abertura, António Albuquerque realçou a necessidade de algumas medidas na luta contra a obesidade que permitem reduzir o seu impacto:

“Tratar e prevenir reduz os custos do sistema de saúde e contribui para uma sociedade mais saudável, mas para isso reveste-se de maior importância as medidas para diminuir a carga desta patologia, apostando-se na comparticipação das terapêuticas farmacológicas e no acesso efetivo à cirurgia bariátrica nas formas mais graves de obesidade.”



O cirurgião relembrou que se trata de “uma doença crónica, complexa e multifatorial, com elevadas repercussões na saúde e na qualidade de vida e que é considerada, pela Organização Mundial de Saúde, como a epidemia do século XXI”. Como acrescentou, “a sua prevalência tem aumentado todos os anos, estimando-se que, em Portugal, haja cerca de 6 milhões de pessoas com excesso de peso e obesidade”.

António Albuquerque, na sua intervenção, enfatizou ainda o impacto económico quando não é tratada ou prevenida. “Há custos diretos e indiretos, daí que seja essencial reduzir o peso dos indivíduos, mas também a carga económica que a mesma acarreta, com custos diretos e indiretos.”


Paula Freitas e António Albuquerque 

Particular atenção às "classes sociais mais desfavorecidas"

A presidente da SPEO, Paula Freitas, também se focou na questão da não comparticipação dos fármacos que existem atualmente. “O acesso ao tratamento deverá ser universal, não estando apenas disponível a quem tem condições financeiras.”

E acrescentou: “Nos últimos 3 anos, a SPEO tem alertado as entidades governamentais para o facto de que as classes sociais mais desfavorecidas continuam sem apoio para a terapêutica farmacológica, não obstante esta doença ser mais prevalente neste grupo.”

A especialista chamou ainda a atenção para a informação e para o conhecimento que circula “a uma velocidade estonteante” nas redes sociais. “As fake news, as experiências sociais e virtuais, o exercício físico com uso de substâncias perigosas e a pseudociência podem ter consequências desastrosas.”

Nesse sentido, defendeu que as sociedades científicas devem apostar na informação e na formação e também na denúncia das falsas ideias em torno da obesidade que, como salientou, é “uma doença que deve ser reconhecida como crónica e multifatorial, com elevado impacto e que está associada a múltiplas comorbilidades e à morte prematura”.

Um dos grupos profissionais representados na sessão de abertura do Congresso foi o dos fisiologistas do exercício. Cristina Caetano, presidente da recente Associação Portuguesa de Fisiologistas do Exercício (APFE), enalteceu o papel destes profissionais nas equipas multidisciplinares e alertou para a falta de reconhecimento deste grupo profissional.


Paula Freitas, Bruno Sousa, Luís Pisco, Cristina Caetano e António Albuquerque

No evento também esteve Luís Pisco, presidente da ARS Lisboa e Vale do Tejo. No seu entender, “a obesidade é um problema de saúde complexo, difícil, no qual não se veem resultados imediatos; esses surgirão apenas com a intervenção de equipas multidisciplinares”. Em representação da Ordem dos Nutricionistas esteve ainda Bruno Sousa.



Relembre-se que no Congresso, pela primeira vez, realizou-se o workshop “Projeto de Treino e Formação em Obesidade para Médicos de MGF”, no qual a SPEO contou com o apoio da Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Obesidade e Doenças Metabólicas, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e da Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal.

No último dia houve ainda um momento de homenagem a José Pedro Lima Reis, que foi o terceiro presidente da SPEO.


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