Cepheid Talks

«O envolvimento do cidadão na Saúde é necessário, urgente e cada vez mais possível»

Carlos Pereira Alves defende a relação médico-doente como "património da Humanidade, verdadeiramente fundamental". E considera que, para moderar o acesso do cidadão à Saúde, o que é preciso é "aumentar a sua literacia e o seu envolvimento, para saber usar o SNS cada vez melhor".

Membro do grupo fundador da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar e seu atual presidente, Carlos Pereira Alves tem perfeita consciência de que “o mais difícil na Saúde é transitar do conceito para a ação”:

“Não só é o mais difícil como leva tempo, tanto que quando se passa à ação, muitas vezes, o que era consensual já deixou de o ser. No entanto, ninguém põe em causa o Serviço Nacional de Saúde. Foi das melhores conquistas do 25 de abril, com enorme melhoria nos indicadores de saúde. O acesso aos cuidados de saúde universal e gratuito na altura da sua necessidade, sendo evidente que esses cuidados são pagos pelo cidadão através dos seus impostos, representou um grande avanço civilizacional.”



Envolvimento dos cidadãos "deve ser facilitado pelos profissionais de saúde"

Crítico das taxas moderadoras, o presidente da APDH defende, em entrevista à Just News, que, para se conseguir que os portugueses recorram aos serviços de saúde “de forma correta”, há que “apostar na informação, na organização do acesso e em campanhas de promoção da saúde”. 

Na sua opinião, “se os cidadãos forem corresponsáveis pela sua saúde, através da adoção de estilos de vida saudáveis e evitando comportamentos de risco, estarão a contribuir para um menor recurso a cuidados médicos”.

Carlos Pereira Alves considera que “o envolvimento do cidadão na Saúde é necessário, urgente e cada vez mais possível pelas tecnologias disponíveis, por exemplo, com o controlo da TA pelo próprio doente”. E acrescenta que “o envolvimento deve ser facilitado pelos profissionais de saúde, informando sobre as terapêuticas e exames necessários, sobre a sua maior ou menor urgência, sobre a marcação de nova consulta e dos exames, em coordenação com os serviços administrativos”.

O nosso entrevistado considera que quando alguém opta por recorrer ao SNS não o faz por ser gratuito, mas porque sente essa necessidade. “Dentro de um conceito de saúde como ausência de doença e sentimento de bem-estar, num todo biopsicossocial, devem ser os profissionais a compreender a razão da consulta médica, mesmo que nos pareça como sem razão." 

E recorda um episódio em particular: "Não mais esqueci uma doente que marcou e pagou consulta só para saber se eu me encontrava bem. É gratificante, muito! É isto que faz parte da relação médico-doente.”


Carlos Pereira Alves regressou ao “seu” Hospital de Santo António dos Capuchos, onde foi médico cirurgião, mas também médico gestor, para ser entrevistado e fotografado

Insistindo em que “os hospitais não querem afastar as pessoas”, Carlos Pereira Alves sublinha que “a evolução da medicina é cada vez mais tecnológica, ambulatória e domiciliária e que temos que nos adaptar, mas sem nunca perder o primado do doente como um todo".

O presidente da APDH recorda que "os próprios doentes, de início, reagiram mal à cirurgia ambulatória. Lembro-me de um deles dizer, com tristeza acomodada: ‘Ao que isto chegou, até a cama do hospital nos querem tirar.’ Hoje, já todos entendem e preferem a cirurgia ambulatória. O tempo é um grande escultor”.



A entrevista completa pode ser lida no Hospital Público de dezembro.

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