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«O Hospital não pode ser uma entidade passiva, a aguardar pelos doentes agudos»

É já no final deste mês que Cascais vai receber o 27.º Congresso da Associação Europeia de Gestores Hospitalares (EAHM - European Association of Hospital Managers). Mais de 600 participantes de 34 países vão marcar presença naquele que será seguramente um dos maiores Congressos já realizados pela EAHM. 

Em declarações à Just News, o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) afirma que o Encontro irá focar-se na "redefinição do papel dos hospitais numa perspetiva comunitária, de saúde pública, considerando a sua responsabilidade perante a população que servem".

“Hoje, o Hospital não pode ser uma entidade passiva, a aguardar por doentes agudos. Devemos vê-lo como uma entidade que presta cuidados para uma comunidade e é responsável pela saúde dessa população”, diz Alexandre Lourenço. Assim, considera necessário "os hospitais desenvolverem parcerias com a rede social e outros prestadores de cuidados de saúde, no sentido de promover novas estratégias inovadoras de saúde populacional".



O administrador hospitalar lembra que, por razões demográficas e epidemiológicas, hoje, os utentes dos hospitais não são os mesmos de há 30-40 anos, quando os procuravam por problemas agudos, com patologia infeciosa, esperando por uma cura.

“Atualmente, os doentes são caracterizados pela multimorbilidade -- 41% da população portuguesa padece de mais do que uma doença crónica e, de uma forma genérica, um doente que entra no hospital não vai ter uma cura, merecendo cuidados para o resto da vida”, diz, prosseguindo:

“Hoje em dia, os hospitais têm particular relevo como parceiros no ciclo de vida das pessoas, tendo uma intervenção na saúde desde o nascimento praticamente até à morte.”



“Cuidados centrados nas pessoas”

Nas sessões plenárias do Congresso serão abordados cinco tópicos principais: “Cuidados centrados nas pessoas”; “Integração de cuidados”; “Modelos inovadores de prestação de cuidados”; “Sustentabilidade”; e “A gestão conta”.

O tema “Cuidados centrados nas pessoas” surge, sobretudo, porque, conforme refere Alexandre Lourenço, a maioria dos hospitais segue um modelo vertical de organização, não necessariamente centrado nos interesses dos doentes.

O presidente da APAH diz que já existem bons exemplos em Portugal, referindo o caso das clínicas do IPO do Porto (do Cancro da Mama, ou do Cólon e Reto, entre outras), em que a prestação de cuidados é desenhada em função dos doentes e não o contrário.

Trabalhar para prestar cuidados de melhor qualidade e acessibilidade

A integração de cuidados pode ser feita dentro do hospital (passando pelo desenvolvimento de cuidados centrados no doente), ou com outros níveis de cuidados – CSP, cuidados continuados ou setor social.

“O nosso objetivo é oferecer ao doente cuidados de saúde sem que ele se aperceba que estes são prestados por diferentes entidades. Atualmente, o sistema de saúde está fragmentado em silos não comunicantes, que devem ser diluídos de forma a prestar cuidados de melhor qualidade e acessibilidade”, diz Alexandre Lourenço.

No que respeita a Portugal, refere que tem sido feito um caminho “interessante” ao nível das unidades locais de saúde (ULS). No entanto, “é importante darmos passos mais ambiciosos, sobretudo ao nível da integração com o setor social".

No Congresso serão apresentados exemplos de outros países em que se desenvolveram modelos de integração de cuidados, em particular a Escócia, a Holanda e a Irlanda. No debate, irão participar diversas entidades internacionais que têm interesse nesta questão, como a Federação Europeia de Medicina Interna, ou a Federação Internacional para a Integração de Cuidados.


Victor Herdeiro, presidente da Comissão Organizadora Local do Congresso, Alexandre Lourenço e Gerry O`Dwyer, presidente da Associação Europeia de Gestores Hospitalares.

Promover a inovação na prestação de cuidados

Um dos objetivos do Congresso, que decorrerá entre os dias 26 e 28 de setembro, é apresentar formas inovadoras de prestação de cuidados de saúde. Neste contexto, em parceria com a Comissão Europeia, a Agência Nacional para a Inovação e a Enterprise Europe Network foram desenvolvidos dois momentos para a apresentação de serviços e produtos inovadores.

No Hospital Innovation Brokerage Event, startups terão acesso ao mercado hospitalar e a possibilidade de apresentar as suas ideias, e no e-Health Roadshoow pequenas e médias empresas selecionadas a nível europeu terão oportunidade de receber aconselhamento por parte de 15 presidentes de hospitais de toda a Europa.

Segundo Alexandre Lourenço, estes espaços do Congresso estão muito relacionados com a ideia de que “os hospitais evoluem o seu modelo de cuidados ao trabalhar com PME e startups”.

Sustentabilidade e profissionalização da gestão de serviços de saúde

Irá falar-se, também, de sustentabilidade, em particular aquela que diz respeito aos hospitais, dentro de um ecossistema de cuidados sociais e de saúde. Serão discutidas não só formas de redução do desperdício, mas também a resposta ao envelhecimento, a transformação do sistema de saúde e a necessidade de parcerias com fornecedores ou empresas para partilhar o risco da adoção de tecnologias dispendiosas.

A profissionalização de gestão dos serviços de saúde é uma temática muito relevante para a agenda internacional. Como tal, irá ser discu-tida no Congresso a aplicação do modelo de competências desenvolvido sob os auspícios da Federação Internacional dos Hospitais.

Alexandre Lourenço frisa que “os gestores de serviços de saúde devem obter formação ao longo da sua vida profissional, de forma a desenvolver as suas competências”. Os sócios da APAH aprovaram a adoção deste modelo de competências, estando a ser desenvolvida a Academia APAH para responder a este imperativo.




A notícia completa pode ser lida no Hospital Público de julho.

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