Olhar para o internista como «o gestor do doente no hospital»
Com bons resultados e uma equipa empenhada no tratamento e seguimento dos doentes, o Serviço de Medicina 1 do Hospital do Espírito Santo de Évora tem vindo a mostrar muito bons resultados e a cumprir os objetivos a que se propôs. A Just News foi conhecer como funciona e conversar com o seu diretor, Francisco Azevedo, que defende a necessidade de se passar a olhar para o internista como “o gestor do doente no hospital”.
Situado no Edifício do Patrocínio há cerca de 15 anos, e integrado no Departamento de Medicina, desde 2007, altura da constituição do mesmo, o Serviço de Medicina 1 do Hospital do Espírito Santo de Évora é dirigido por Francisco Azevedo e conta com uma equipa empenhada, que cumpre os objetivos de contratualização a que se propôs, preocupando-se com o doente e colocando-o sempre em primeiro lugar.
A Medicina Interna desenvolve a sua atividade por todo o hospital e este caso não é exceção, tendo os internistas um papel muito ativo e essencial em toda a instituição, sobretudo na Urgência, no Internamento e na Consulta Externa, mas também nas unidades de AVC e de Cuidados Intensivos, entre outras.
Reconhecido como “o médico do doente”, o internista é o único profissional que avalia o indivíduo adulto no seu todo. Francisco Azevedo afirma que, em Portugal, a Medicina Interna é forte e dinâmica na sua atuação, “daí ser considerada uma especialidade básica – tal como a Pediatria e a Cirurgia –, no sentido da integração global do trabalho do hospital”. No entanto, o nosso interlocutor defende a necessidade de uma reforma significativa do sistema de saúde, que passa por olhar para o internista como o “gestor do doente no hospital”.
“Neste momento, a Medicina portuguesa é reconhecida como sendo de qualidade, com bons médicos e enfermeiros. Não podemos baixar este nível, temos de melhorar. Para isso, as reformas não podem ser pontuais, decisões tomadas para resolver problemas do momento. Têm de ser pensadas e estruturadas para uma década ou mais. Temos de pensar no futuro”, observa.
A Urgência "não pode ser o coração e o núcleo da estrutura hospitalar"
“Os serviços de Medicina de praticamente todo o país sofrem uma pressão enorme da Urgência”, afirma, referindo que cerca de 95% dos internamentos do espaço que dirige são feitos pela urgência. Para Francisco Azevedo, esta situação é “inaceitável”, por considerar que os hospitais não podem estar organizados desta forma. “A Urgência não pode ser o coração e o núcleo da estrutura hospitalar, em que tudo depende de si.”Outro aspeto que o diretor realça é a dificuldade na resolução dos casos de doentes internados com a necessidade de cuidados continuados ou paliativos, ou por questões sociais, em que as famílias não têm condições para os receber e acompanhar.
“Na última década, houve uma mudança significativa com a criação da Rede Nacional de Cuidados Continuados, em que passámos de zero para 7500 camas, nas várias valências”, indica.
E desenvolve: “Isto dá-nos uma ajuda, mas temos de ter capacidade para apoiar os doentes no domicílio. Os cuidados primários têm um desenho de estrutura, com equipas para esta função, mas não têm pessoal suficiente.”
O Internamento Domiciliário, já experimentado noutros países, partilhado por internistas e médicos de família, poderia – considera Francisco Azevedo – resolver muitos problemas e ajudaria à compreensão das dificuldades dos utentes, das famílias e dos profissionais.
Na sua opinião, as reformas na área da Saúde são difíceis. No entanto, nos últimos anos, não têm sido objetivas e não vão ao encontro das populações e dos profissionais.
“A Medicina Interna tem de estar no centro, é uma especialidade pivot, há necessidade de valorizar mais estes especialistas e de melhorar a sua formação em áreas como a dos cuidados paliativos e a da Geriatria, para que possam desempenhar a sua atividade de modo ainda mais abrangente."
Na edição de abril de LIVE Medicina Interna pode ser lida a versão completa da reportagem sobre o Serviço de Medicina 1 do Hospital do Espírito Santo de Évora, com entrevistas a diversos profissionais desta unidade hospitalar.