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Internato em Medicina Intensiva: «medo, euforia, ponderação... e entusiasmo»

Joana Fernandes, que completou 31 anos em junho, lembra-se bem do que sentiu nos primeiros tempos do seu internato de formação específica em Medicina Intensiva, que começou em janeiro de 2017, no hospital da sua preferência, o São João.

“Passamos por uma fase de medo, dada a complexidade do doente internado em Medicina Intensiva e as consequências que os nossos atos menos acertados possam originar”, reconhece. De acordo com a sua experiência, é por volta do final do 2.º ano do internato, início do 3.º, que surge a chamada “fase da euforia, em que nos sentimos perigosamente seguros em relação àquilo que fazemos”. Garante que é “uma falsa segurança”.

Em entrevista à Just News, Joana Fernandes recorda que, “aproximando-se o final do nosso internato, tornamo-nos mais ponderados, ficamos mais conscientes da nossa responsabilidade, quer perante os doentes e as suas famílias, quer para com a equipa que nós representamos".


Reconhece que optou por “uma especialidade bastante complexa, extremamente exigente no que respeita ao conhecimento teórico e a capacidades práticas, mas também em termos psicológicos, dado lidarmos com acontecimentos inesperados na vida das pessoas, que podem constituir uma grande fatalidade para as famílias”.


Joana Fernandes

A presidente da AIMINT não hesita em indicar o que a levou escolher a especialidade de Medicina Intensiva: “Atrai-me a pluralidade de patologias, a sua multidisciplinaridade e, por outro lado, perceber que as nossas intervenções podem ter impacto na potencial reversibilidade de situações agudas que, na maioria das vezes, acontecem de um modo completamente inesperado na vida destes doentes."

E acrescenta: "É o reconhecer, o suportar e o tentar fazer o melhor possível para trazê-los de novo para o mais próximo possível da qualidade de vida que tinham antes. Acho que este é o grande impulso que nos move a todos."

Uma especialidade com cerca de 180 internos

À data em que esta conversa com a Just News aconteceu, no início de setembro, cinco internos – do Porto (2), Coimbra, Açores e Algarve – estavam referenciados como sendo os primeiros a realizar o exame final da especialidade de Medicina Intensiva, marcado para o final de outubro.

Terão todos eles transitado do internato de Medicina Interna, obtendo a equivalência que lhes permitiu terem-se adiantado a colegas como Joana Fernandes, que apenas termina a sua formação no final de 2021, com exame que deverá acontecer entre março e abril de 2022 e que lhe dará, então, o título de especialista.

Foi na sequência de algumas reuniões informais que no final de 2019, mais concretamente em dezembro, um grupo de internos, entre os quais Joana Fernandes e Raul Neto, decidiu criar oficialmente a Associação de Internos de Medicina Intensiva. Todos os cerca de 180 médicos que fazem formação nesta área tornaram-se automaticamente associados da AIMINT, um número que foi subindo desde que os primeiros elementos (26) iniciaram o seu internato em janeiro de 2017.

Um dos principais objetivos da Associação presidida por Joana Fernandes é, sem dúvida, manter uma ligação estreita com determinadas instituições, promovendo a formação dos internos e tentando identificar algumas dificuldades e disparidades que possam existir, a esse nível, entre os diversos centros.

A responsável destaca, de imediato, a relação que existe com o Colégio da Especialidade de Medicina Intensiva da Ordem dos Médicos, presidido por José Artur Paiva: “Já tivemos várias reuniões formais, que nos têm permitido discutir quer questões curriculares, quer formativas, e analisar certas discrepâncias que se verificam a nível nacional. Trata-se de uma colaboração muito positiva, que também começa agora a desenvolver-se com a Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos.”



As referidas discrepâncias observam-se, nomeadamente, ao nível das oportunidades formativas, “com certos hospitais a apoiar as formações dos internos, que são caras, e outros nem por isso”.

Por outro lado, “notamos grandes diferenças no modo como somos avaliados nas diferentes instituições. Se conseguíssemos tender para algo mais homogéneo, que se aproximasse do exame final, seria muito positivo para todos, principalmente para os internos, que ficariam com um ciclo de avaliação muito mais constante e semelhante ao exame final, quase como um treino”.

A Joana Fernandes não lhe parece que o facto de na origem da Medicina Intensiva terem estado várias especialidades – como a Medicina Interna, a Anestesiologia ou a Pneumologia – tenha tido influência no que atrás se escreveu:

“Penso que isso acontece porque, realmente, ainda estamos numa fase de adaptação para toda a gente, inclusive, em relação ao modelo de formação que existe. Nota-se isso, por exemplo, na forma como os internos mais novos do que eu são envolvidos na dinâmica diária das equipas e como são avaliados de um modo muito mais regular e organizado. É uma adaptação natural, dado tratar-se de uma especialidade ainda recente.”

"Medicina Intensiva em Portugal: evolução e desafios da próxima geração de intensivistas" é o lema do 1.º Encontro da AIMINT



Associação de Internos de Medicina Intensiva (AIMINT)

Constituída em 12-12-2019, data da eleição dos seus primeiros Órgãos Sociais


MESA DA ASSEMBLEIA-GERAL
Presidente: Ricardo Amaral, (CHTMAD)
Secretária: Diana Castro, (CHL)


DIREÇÃO

Presidente: Joana Fernandes, (CHUSJ)
Vice-presidente: Tiago Duarte, (CHULC)
Secretária: Mafalda Mourisco, (CHEDV)
Tesoureiro: Ricardo Guedes, (CHUSJ)
Vogal: Raul Neto, (CHVNG/E)
Vogal: Rui Pedro Cunha, (CHLO)
Vogal: Carla Rebelo, (CHTV)


CONSELHO FISCAL

Presidente: Bruno Banheiro, (CHUA)
Vice-presidente: Flávio Marino, (HVFX)
Relatora: Elisabete Coelho, (HB)

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