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«Os secretários clínicos continuam a ser um valioso recurso subaproveitado»

Meia centena de unidades de saúde dos cuidados primários estiveram representadas no 5.º Encontro Nacional dos Secretários Clínicos. Um facto que contribui para Paulo Santos, secretário da Direção da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN), fazer um balanço “claramente positivo” do evento.



Em declarações à Just News, salienta "a presença de mais de 130 participantes, provenientes de 43 USF e 6 UCSP, oriundos das diferentes regiões do território continental", o que, na sua opinião, "alavancou a qualidade do evento tendo em conta a representatividade envolvida, diversidade de contextos e realidades que puderam ser partilhadas”.

O secretário clínico refere que “as diferentes sessões caraterizaram-se por vários momentos de interação, debate e partilha, que todos concordámos servir de motivação para, nas equipas, se promover uma reflexão mais profunda e direcionada aos problemas e soluções apresentados”.  



Secretários clínicos "a promover ganhos em Saúde"

No encontro, que decorreu no final de setembro, em Leiria, foram inevitavelmente debatidos vários desafios e o futuro do secretariado clínico. Paulo Santos enfatiza que “os secretários clínicos continuam a ser um valioso recurso subaproveitado, o que não se pode aceitar quando constantemente todos reclamamos por cuidados de saúde acessíveis, próximos, humanos e eficientes”.

E acrescenta: “Os secretários clínicos lutam, há vários anos, para consolidar a sua afirmação profissional, isto é, que a nossa atividade seja formalmente reconhecida e estruturada numa carreira profissional. Pode parecer uma questão de pormenor mas, na realidade, é um investimento financeiro despiciente para o Governo, que trará um retorno substancial, isto é, ter profissionais na área do secretariado clínico a promover ganhos em Saúde, gerindo recursos de forma eficiente e prestando um serviço de excelência ao cidadão.”


Paulo Santos no Encontro Nacional das USF do ano passado, evento ao qual presidiu

O responsável faz questão de salientar “a ausência, nalguns casos dramática, de investimento na contratação dos recursos humanos necessários ao normal funcionamento das unidades de saúde”.

Por outro lado, destaca a importância da qualificação e formação: “O secretário clínico tem, no meu ponto de vista, um único caminho para ultrapassar os desafios que lhe são continuamente impostos, que é através de um tronco comum de formação, que possibilite a qualquer profissional, em qualquer contexto, ter as ferramentas básicas para responder às necessidades da sua profissão qualificadamente.”

Posteriormente, “esta qualificação deve ser complementada com formação direcionada à particularidade do contexto individual, de forma a responder, eficientemente, aos desafios que quotidianamente lhe são apresentados”.

Paulo Santos reforça a ideia de que é “por este caminho que a afirmação profissional se fará; através da qualidade e singularidade do serviço prestado na equipa multiprofissional e ao cidadão”.

A inclusão "de todos os recursos disponíveis"

Uma das áreas abordadas no Encontro foi a presença do secretário clínico no Conselho Técnico, desde 2017, o que já acontecia nalgumas USF. “Essa é uma realidade das equipas que há muito tempo perceberam que a qualidade da sua resposta ao cidadão e a eficiência das suas dinâmicas seria tão grande quanto o envolvimento de todos os recursos disponíveis.”



Segundo Paulo Santos, este é mais um passo para o reconhecimento oficial da carreira de secretário clínico, "que ainda exige alguns passos concretos". Para já, a USF-AN apresentou o seu programa, relativo a esta matéria, a diferentes interlocutores, como à anterior presidente do Conselho Diretivo da Administração Central do Sistema de Saúde, ao Secretário de Estado Adjunto e da Saúde (SEAS) e às centrais sindicais.

O secretário clínico da USF S. João do Porto adianta que, “em todas essas ocasiões, a proposta por nós apresentada foi bem acolhida, havendo, no entanto, necessidade de trabalho prévio antes da sua formalização. Assim, o perfil de competências desenhado pela equipa do coordenador nacional para a reforma do SNS-área dos CSP, com base na proposta da USF-AN, está para aprovação pelo SEAS.”

Desta forma, "e mais de dez anos após o início da reforma dos CSP, continuamos a constatar uma visão redutora daquilo que é a nova geração de equipas multiprofissionais, pelo que é um processo no qual iremos continuar a trabalhar e a afirmar uma das principais caraterísticas dos secretários clínicos, a resiliência.”

E continua: “Não escondemos que é uma matéria que pela sua complexidade técnica e política não será compaginável com decisões céleres, no entanto, a aceitação do trabalho já desenvolvido é geradora de expetativas positivas.”

Em jeito de conclusão, sublinha: “Dificilmente haverá cuidados de saúde primários de excelência sem excelentes secretários clínicos”.




A notícia completa pode ser lida na próxima edição do Jornal Médico dos Cuidados de Saúde Primários

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