Pediatras cada vez mais confrontados com doenças crónicas
Discutir conjuntamente a temática da doença crónica, assim como quando referenciar e como voltar a receber de volta é o objetivo das XX Jornadas de Pediatria do Hospital de Santa Maria, que estão a decorrer, até amanhã, na Faculdade de Medicina de Lisboa.
“Com a baixa da natalidade e a queda da mortalidade infantil, sobrevivem mais crianças com deficiência, com doença crónica e outros problemas”, afirmou à Just News Maria do Céu Machado, diretora clínica do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (CHLN) e do Departamento de Pediatria do Hospital de Santa Maria.
Como consequência desta situação, e segundo a nossa entrevistada, os pediatras são, atualmente, cada vez mais confrontados com a doença crónica. Além disso, nos últimos três anos, o perfil das crianças e famílias que têm acorrido ao Departamento de Pediatria pelo qual é responsável tem vindo a alterar-se.
“Com a abertura, sobretudo, do Hospital Beatriz Ângelo, mas também de outros, tem havido uma grande retenção das populações dessas áreas para esses serviços de urgência, no que respeita a episódios de doença aguda ou infantil, acabando por se concentrar mais aqui a doença crónica e a doença crónica complexa”, explica a também presidente das jornadas, acrescentando que isto origina muitos contactos por parte dos pediatras dessas entidades, a questionar o que fazer e quando referenciar determinada criança, normalmente acompanhada no Departamento de Pediatria do Hospital de Santa Maria.
“Foi por isso que pensámos organizar uma reunião sobre este tema e convidar os pediatras dos hospitais das regiões de Lisboa e Vale do Tejo, todo o Sul, Ilhas e, até mesmo, dos PALOP - porque seguimos também muitas crianças desses países - a estarem presentes para podermos discutir estas temáticas.
XX Jornadas juntam 600 participantes
O evento conta com a presença de cerca de 600 participantes, o que Maria do Céu Machado considera “muito bom”. “As jornadas estão a corresponder às expectativas e considero que têm tudo para correr bem”, conclui.
A mesma opinião também é partilhada por Teresa Bandeira, presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria. “Estas jornadas organizadas pelo Departamento são consideradas como sendo de excelência.”
A também coordenadora da Unidade de Pneumologia Pediátrica do Serviço de Pediatria do Departamento de Pediatria do CHLN conta que, diariamente, “são prestados aos doentes cuidados de ponta” e isso reflete-se no evento porque há uma grande vitalidade nos trabalhos que os jovens estão a apresentar”.