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Portugal deve apostar em mais e melhores serviços de saúde mental na comunidade

“Na Saúde Mental, os nossos serviços continuam a concentrar a maior parte dos seus recursos em atividades intra-hospitalares.” A conclusão é do relatório nacional da "EU Joint Action on Mental Health and Wellbeing", cuja coordenação está a cargo do português José Caldas de Almeida, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa (FCM-UL).

A apresentação do relatório – que inclui uma visão nacional e outra europeia -- decorreu na FCM-UL. No caso português, está-se perante o primeiro estudo independente sobre a implementação de políticas, planos e legislação de saúde mental em Portugal nas últimas décadas.



Uma das áreas de estudo assenta na transição de modelos institucionais tradicionais de saúde mental para modelos baseados na comunidade e socialmente inclusivos.

Com base neste trabalho, José Caldas de Almeida realçou que, “em Portugal, existe uma escassa atividade na comunidade, privilegiando-se modelos de cuidados há muito ultrapassados”. Acrescentou ainda que “faltam recursos humanos especializados nas comunidades e que os diretores dos serviços estão demasiado focados nos cuidados hospitalares, além de não terem autonomia suficiente para investir nos projetos comunitários”.

Com base no relatório, o responsável referiu, ainda, que “é preciso existir uma maior aposta nos programas colaborativos com os cuidados de saúde primários, programas integrados para doentes mentais graves e centros de saúde mental e que os programas de intervenção domiciliária não devem ter uma expressão tão modesta, estando longe do mínimo aceitável”.

Mas nem tudo é mau em Portugal. “Mais de 75% da população depende de cuidados prestados por serviços com base em hospitais gerais, que substituíram os psiquiátricos como elemento central do sistema de saúde mental”, salientou José Caldas de Almeida.

Outro ponto positivo foi o encerramento do mais antigo hospital psiquiátrico do país, o Hospital Miguel Bombarda, que levou à substituição do mesmo por um conjunto de novos serviços de saúde mental e na comunidade.

A "EU Joint Action on Mental Health and Wellbeing" (2013-2016) é uma iniciativa da Comissão Europeia, de coordenação portuguesa, que tem como objetivo desenvolver um plano de ação em políticas de saúde mental a nível europeu.  

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