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Relatório revela realidade preocupante da Saúde Mental em Portugal

A falta de cuidados continuados integrados e a escassez de recursos em Psiquiatria da Infância e Adolescência e o aumento do uso de benzodiazepinas são os problemas mais marcantes da Saúde Mental em Portugal. A conclusão é do relatório “Portugal – Saúde Mental em Números 2014”, apresentado por Álvaro Carvalho, coordenador do Programa Nacional para a Saúde Mental da Direção-Geral da Saúde (DGS).

“Os dados são preocupantes, porque as perturbações mentais têm um forte impacto na vida dos portugueses”, realçou Álvaro Carvalho. Na apresentação do relatório, começou por referir que, em termos de DALY (carga global da doença), “as doenças mentais estão logo atrás das patologias cerebrocardiovasculares e representam um peso maior que as oncológicas”. Comparando os YLD (anos vividos com incapacidade), as doenças mentais ultrapassam bastante as respiratórias e a diabetes, respetivamente, com 20,55, 5,06 e 4,07%.

No relatório da DGS, realça-se ainda que “as equipas comunitárias de saúde mental em Portugal continuam num patamar de desenvolvimento inferior ao dos restantes países da Europa Ocidental”. Em causa está “o modelo de financiamento/composição”, que “continua a ser um dos maiores obstáculos à evolução do funcionamento dos serviços”. Uma das principais consequências desta situação é o facto de “a intervenção psicofarmacológica tender a continuar a ser resposta predominante, mesmo nos casos em que não está particularmente indicada”.

Um dos problemas que mais se destaca na saúde mental é a falta de cuidados continuados e integrados nesta área e a escassez de recursos na Psiquiatria da Infância e Adolescência, “existindo uma incapacidade alarmante para dar resposta a estes casos a nível de internamento.” O recurso cada vez maior a fármacos nos mais novos também suscita alguma preocupação, “porque não se sabe bem qual a consequência dos mesmos na fase adulta”.

O uso de benzodiazepinas tem aumentado “assustadoramente” e o nosso país, em comparação com outros europeus, apresenta o maior consumo de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos. As substâncias que se mantêm mais destacadas são o alprazolam e o lorazepam, “que integram o subgrupo das benzodiazepinas com maior potencial de induzirem tolerância e dependência”.

Quanto à taxa de mortalidade por suicídio, variou, entre 2008 e 2012, entre os valores de 9,7/100.000 e 10,1/100.000 habitantes, tendo existido um aumento em 2012, nomeadamente na faixa etária dos 65 anos e mais. As doenças mais prevalentes em Portugal são as perturbações da ansiedade, as depressivas e de impulsividade.

Na apresentação do relatório estiveram também presentes Francisco George, diretor-geral da Saúde, Daniel Sampaio, diretor do Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar Lisboa Norte, e Fernando Leal da Costa, secretário de Estado adjunto da Saúde.

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