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Simpósio da Sociedade Portuguesa de Oncologia cria «nova dinâmica» entre especialistas

A Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) organiza, em novembro, um evento científico designado por Simpósio Nacional SPO 2015, que visa criar “uma nova dinâmica” entre especialistas e que será dedicado aos oncologistas mais jovens. Para Gabriela Sousa, presidente da SPO, era necessário criar um ponto de comunicação anual, dado que, tradicionalmente, o congresso da Sociedade se realiza de três em três anos, conforme os estatutos.

“A Sociedade Portuguesa de Oncologia tem mais de 30 anos e o desenvolvimento e progresso científico faz-se hoje a grande velocidade. Todos os dias há produção de ciência, todos os dias há aspetos novos ao nível do diagnóstico e tratamento, mas também em termos organizacionais, que interessam à comunidade científica e onde esta se deve envolver e comprometer”, explica Gabriela Sousa, em declarações à Just News.



Jovens na Oncologia

O facto de a Oncologia ser também uma especialidade jovem – o primeiro ano de internato foi em 1995 (há precisamente 20 anos) -- acabou por inspirar a escolha do tema desta primeira edição, marcada para os dias 20 e 21 de novembro, em Monte Real (Leiria). Sob o mote “Jovens na Oncologia”, o Simpósio será composto por dois cursos, conferências e mesas de debate multidisciplinar, havendo ainda duas sessões especiais sobre “recomendações nacionais”.

Os temas vão de encontro às preocupações dos profissionais: garantir a prática de uma oncologia moderna, de qualidade e com equidade. Serão abordadas importantes questões sobre a saúde dos profissionais, as carreiras e o impacto da desmotivação na prática diária, a gestão do conflito e como prevenir a exaustão daqueles que diariamente dão o seu melhor em prol dos doentes.

Segundo Gabriela Sousa, um dos cursos do Simpósio será sobre a comunicação com o doente e as suas famílias. “É importante gerir as expectativas do doente e as da sua família, muitas vezes, em situações onde a Medicina tem o seu limite. Nós temos muito pouca formação em estratégias de comunicação: É preciso saber dar as boas notícias, mas, sobretudo, é preciso saber dar as más notícias, sem que isso gere dificuldade e sofrimento para os profissionais e doentes”, explica.

O curso será eminentemente prático, com workshops que mimetizam as situações mais frequentes do dia-a-dia, para que haja a possibilidade de todos adquirirem treino em comunicação. É coordenado por duas médicas, uma da área da psico-oncologia do IPO de Coimbra (Emília Albuquerque) e outra do IPO Porto (Susana Almeida).



Os tumores hereditários são o tema do segundo curso. Para Gabriela Sousa, trata-se de “uma área do saber que está espartilhada entre várias especialidades e com diferentes organizações de cuidados”, mas onde se têm dado passos importantes, com a realização de consultas de risco e aconselhamento genético, em especial para as síndromes hereditárias mama/ovário e colorretais.

“Neste momento, começa a haver tecnologia que nos permite conhecer o nosso material genético. Muitas vezes, o difícil é interpretar este conhecimento. Fruto deste avanço são as chamadas síndromes hereditárias emergentes, estando a surgir novos dados no melanoma, no cancro gástrico e no carcinoma da próstata. O objetivo é agregar a informação que existe e dar formação a todos os que se sintam motivados por esta área”, sublinha.

Recomendações nacionais

Durante o Simpósio, serão apresentadas duas sessões especiais de recomendações nacionais, que foram desenvolvidas em colaboração com outras sociedades médicas. A primeira debruça-se sobre recomendações para a preservação da fertilidade no doente oncológico, trabalho desenvolvido com a Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução e com a Sociedade Portuguesa de Hematologia. A segunda é sobre critérios de admissão do doente oncológico em cuidados intensivos, resultando se uma parceria com a Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos.

“Muitas vezes, considera-se que um doente oncológico tem uma sobrevivência curta, o que condiciona o investimento nesse mesmo doente. Não é bem assim", refere a presidente da SPO.

Na sua opinião, hoje em dia, "com a evolução terapêutica, é frequente um doente em tratamento paliativo sobreviver mais de três anos. Também temos novos efeitos secundários decorrentes destes tratamentos, pelo que a gestão das complicações dos tratamentos ou das intercorrências relacionadas com a doença deve ser feita por equipas multidisciplinares bem treinadas e com o apoio dos colegas dos cuidados intensivos, se assim for necessário.

Nesta reunião, será ainda dado destaque à imunoterapia, aos tumores neuroendócrinos e a questões inerentes aos sobreviventes de cancro.

A entrevista de Gabriela Sousa à Just News termina com um convite da responsável a todos os especialistas: “A Sociedade Portuguesa de Oncologia convida todos os que se sintam motivados e envolvidos no tratamento da doença oncológica a participar no Simpósio Nacional SPO 2015. Serão todos bem-vindos!".

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