Edgar Almeida é o novo presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia

"Somos o país da Europa com a maior taxa de doentes renais crónicos a fazer hemodiálise." Esta é uma das principais preocupações de Edgar Almeida, o novo presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia para o triénio 2022-2024, cuja tomada de posse ocorreu nos últimos dias. A par deste dado, Portugal tem também a mais alta taxa de prevalência da doença renal crónica no contexto europeu.

Nesse sentido, refere o médico e diretor clínico do Hospital Beatriz Ângelo, “a nossa missão será a de manter a Sociedade ativa, aproximá-la dos seus sócios e promover a investigação e a formação, incentivando a produção de estudos, que visem melhorar a vida das pessoas que têm problemas renais”.

"Modificação comportamental, de forma a permitir a proteção renal”

No dia que marcou a sua tomada de posse, em declarações à Just News, o nefrologista alertou para o grande desconhecimento da população face à doença renal crónica. “Enquanto a maioria das pessoas sabe o que é a diabetes e até a sua prevalência, tal não se verifica com a doença renal crónica”, refere, notando, contudo, que os números não são muito díspares.


Edgar Almeida

“Se a diabetes afeta entre 8 a 13% da população portuguesa, a doença renal crónica está presente nas suas fases mais avançadas em 6,1% da população, e pode chegar aos 12% se considerarmos todas as fases”, esclarece. Estes números acabam por tornar Portugal “o país da Europa com a maior taxa de doentes a fazer hemodiálise”, e ainda com a mais alta incidência da doença renal crónica.

Destacando que, “no fim de linha, estão tratamentos extremamente debilitantes, onerosos e problemáticos – hemodiálise, diálise peritoneal e transplantação –”, no seu entender, “é preciso fazer-se tudo para que, o mais precocemente possível, consigamos chamar a atenção da população para a modificação comportamental, de forma a permitir a proteção renal”.

Entendendo que a doença renal crónica tem “muitos aspetos de natureza cardiovascular”, na sua ótica, “o controlo dos fatores de risco, como a pressão arterial e a glicemia, é a pedra fundamental desta estratégia”. Edgar Almeida alertou ainda para utilização de medicamentos nefrotóxicos.

“Todo o investimento que puder ser feito na prevenção terá reflexos no futuro”, salienta, esperando que, “a longo prazo, o orçamento atribuído ao tratamento destes doentes possa ser proporcionalmente menor”.

Valorizar o trabalho dos centros: “Vamos ter reflexos muito em breve”

Um dos objetivos desta direção é “aproximar os serviços de Nefrologia e dar visibilidade ao trabalho que está a ser realizado, de uma forma transversal”.

Apesar de entender que o reconhecimento tem estado muito associado aos grandes centros universitários, gostaria de “estender esta valorização também aos centros de menor dimensão, que façam igualmente um trabalho excecional junto das suas populações, para que sintam esse apoio e tal se possa refletir na qualidade dos cuidados prestados”.



Uma das estratégias que pretendem adotar, com vista a este fim, prende-se com o aumento da visibilidade dada aos projetos através das redes sociais. “Estamos já em movimento, portanto vamos ter reflexos muito em breve”, comenta.

A nova direção é composta por uma equipa jovem, de todos os cantos do país. Edgar Almeida vem suceder a Aníbal Ferreira, que cumpriu dois mandatos à frente da SPN, uma sociedade científica que remonta a 1978. Anualmente, em Portugal, são formados entre 20 a 30 nefrologistas.

Direção

Presidente – Edgar Almeida (HBA)

Vice-Presidente - Jorge Malheiro (CHUP)

Tesoureira - Ana Carina Ferreira (CHULC)

Secretária - Ana Farinha (CH Setúbal)

Vogal - Luís Coentrão (CHUSJ)

Vogal - Sandra Brum (HSEIT)

Vogal - Carmen Carmo | Nefrologia Pediátrica (CHUC) 

Assembleia Geral

Presidente: Manuel Amoedo (HESE)

Vice-Presidente: Ana Paula Silva (CHUA)

Secretário: Luís Falcão (HBA)

 

Conselho Fiscal

Presidente: José António Lopes (CHULN)

Vogal: Ana Rita Martins (CHLO)

Vogal: Joana Gameiro (CHULN)