SPDV quer reforçar relações com dermatologistas lusófonos

Reforçar as relações com os dermatologistas lusófonos é “um dos pilares-chaves” dos projetos da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV). A garantia é do seu presidente, António Massa, que está presente nas Jornadas Luso-Africanas de Dermatologia, que estão a decorrer no Hospital CUF Descobertas. A Just News falou também com profissionais africanos que mostram uma realidade de grandes dificuldades.

António Massa defende um contacto permanente com Moçambique, Angola e Cabo Verde. “Aprendemos todos uns com os outros, quer através de conferências, como na deslocação de portugueses a esses países ou facilitando a vinda desses colegas a Portugal.” Questionado sobre a realidade africana, vê com “grande preocupação a dificuldade no acesso aos medicamentos, cujo preço é muito elevado.”

Problemas que são confirmados por Rolanda Manuel, dermatologista no Hospital Central de Maputo e presidente do Colégio de Dermatologia da Ordem dos Médicos de Moçambique. “Existem apenas 12 dermatologistas para 23 milhões de moçambicanos. A situação é tão preocupante que, no interior, o apoio no diagnóstico baseia-se em fotografias.”

A especialista vê nestas jornadas uma forma de “partilhar conhecimentos e de dar resposta às imensas falhas que acontecem em Moçambique em termos de meios de diagnóstico e de abordagens terapêuticas”. Tal como noutros países africanos, Moçambique apresenta uma elevada prevalência de doenças de pele. “As mais comuns são as infecciosas, quer sejam fúngicas ou bacterianas.”



Também presentes no evento estiveram Angola e Cabo Verde. Apesar de a realidade destes dois países não ser tão grave, há vários problemas a colmatar.

Pascoal Alberto é dermatologista no Hospital Américo Boavida, em Luanda, e fala da realidade angolana com um misto de preocupação e de esperança. “Já foi criado o Colégio de Dermatologia da Ordem dos Médicos e está a aumentar o número de dermatologistas que trabalham no país.”

Contudo, ainda existem dificuldades, nomeadamente nas províncias do interior. As doenças mais comuns são as infecciosas, mas também já surgem outras menos conhecidas na pele negra e “consideradas mais da pele branca e de países ocidentais”, como a psoríase.

Quanto ao futuro, considera que “se impõe a troca de experiências entre países lusófonos para melhorar a assistência nesta especialidade médica”.

De Cabo Verde temos o testemunho de Raquel Fernandes, dermatologista na DermoClin, uma clínica privada. Tal como em Moçambique e Angola, as patologias mais comuns são as infecciosas e a grande dificuldade é levar cuidados dermatológicos à população das várias ilhas. “Existem, no máximo, cinco dermatologistas para dez ilhas, quando estas doenças são um verdadeiro problema de saúde pública.”

Pensando no futuro, acredita que a troca de experiências não ficará por estas jornadas. “Cada país tem as suas particularidades, mesmo quando se trata da mesma doença, e é preciso partilhar conhecimento.”

As Jornadas Luso-Africanas de Dermatologia foram organizadas pelo Centro de Dermatologia do Hospital CUF Descobertas, coordenado por Miguel Correia, que também é membro da Direção da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia.




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