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Tosse crónica na idade pediátrica: «É preciso definir os critérios de referenciação»

Ansiedade e desconforto social são duas das possíveis consequências da tosse crónica na idade pediátrica. Esta realidade "torna evidente a necessidade da abordagem multidisciplinar", afirma Paula Leiria Pinto, responsável pela 8.ª Reunião de Imunoalergologia de Lisboa, que esteve focada precisamente no tema “Tosse crónica na criança”.

De acordo com a imunoalergologista, "apesar desta abordagem ser habitual na prática clínica em Portugal, ainda existe bastante trabalho a realizar, nomeadamente na consensualização dos critérios de referenciação”.


A 8.ª Reunião de Imunoalergologia de Lisboa, organizada pelo Serviço de Imunoalergologia do Hospital Dona Estefânia, realizou-se esta sexta-feira, 12 de abril

Em declarações à Just News, Paula Leiria Pinto defende que "é preciso definir os critérios de referenciação para as diferentes especialidades e subespecialidades, melhorar a interdisciplinaridade entre Otorrinolaringologia, Gastrenterologia Pediátrica e Pneumologia Pediátrica nos casos mais complexos e de difícil controlo".

Adverte também para a importância de se "monitorizar os resultados das intervenções, para se comprovar o esperado aumento da eficiência diagnóstica e terapêutica na tosse crónica.”



"A tosse pode ter uma causa psicogénica"

Uma das especialidades focada na Reunião foi a Psiquiatria da Infância e da Adolescência. “A tosse crónica pode gerar ansiedade e desconforto social e o impacto psicológico tanto afeta a criança e adolescente como os pais e educadores”, refere a médica.
 
De acordo com a médica, "existem estudos que mostram que a interferência na qualidade de vida das crianças e adolescentes com tosse crónica é semelhante ao de outras doenças crónicas, como as cardíacas e diabetes".

O papel do pedopsiquiatra assume maior relevância quando a causa não é orgânica. “A própria tosse pode ter uma causa psicogénica, sobretudo na criança a partir dos 6 anos e a sua suspeita deve levar a uma avaliação psicológica precoce, com foco no contexto alargado da família.”

O objetivo é sempre “a redução do sofrimento, para se evitar a fixação dos sintomas e da doença, permitindo uma vida sem limitações, que inclua a prática desportiva, prevenindo-se também medicação desnecessária e os riscos associados à mesma por causa dos efeitos secundários”.



Causas mais comuns

Paula Leiria Pinto relembra que as causas mais comuns de tosse crónica na idade pediátrica "são a asma brônquica e tosse como variante de asma e a síndrome de tosse das vias áreas superiores, nas quais se inclui a rinite alérgica e não alérgica e a sinusite, e ainda a bronquite bacteriana prolongada".

Outra causa, "que convém não esquecer, sobretudo nos casos de difícil controlo, é o refluxo gastro esofágico".


Gonçalo Cordeiro Ferreira, Paula Leiria Pinto e Elisa Pedro

“Deviam ser criadas clínicas da tosse multiprofissionais”

Presente na Reunião, na sessão de abertura, estiveram Gonçalo Cordeiro Ferreira, coordenador da Unidade da Área Pediátrica Médica do Hospital Dona Estefânia – Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (HDE-CHULC) e Elisa Pedro, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC).

Na sua intervenção, Gonçalo Cordeiro Ferreira salientou a importância de se dar mais atenção à tosse. E propôs uma solução: “Deviam ser criadas clínicas da tosse multiprofissionais para a idade pediátrica, porque a doença tem um forte impacto na vida do doente e da família, contribuindo para o absentismo laboral e escolar.”

Estefânia: "um dos melhores centros de formação"

Elisa Pedro, por sua vez, realçou o trabalho desenvolvido pelo HDE-CHULC, considerando que é um dos centros formativos de excelência. “O HDE tem contribuído largamente para a formação dos imunoalergologistas em Portugal, sendo uma referência e um dos melhores centros de formação e dos mais escolhidos pelos internos da especialidade.”

A 8.ª Reunião de Imunoalergologia de Lisboa contou com o patrocínio científico da Ordem dos Médicos, da SPAIC e da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.


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