USF Gualtar «recupera tradição» de eventos formativos com sessão sobre cannabis

No início deste mês, e em período pós-pandémico, a USF Gualtar quis “recuperar a tradição de organizar eventos formativos para profissionais de saúde”, refere Cláudia Melo, coordenadora da unidade. “Cannabis: o que médicos e enfermeiros precisam de saber” foi o tema da sessão.

Em declarações à Just News, a médica explica que se tratou de uma iniciativa importante, também por ser o “primeiro curso com médicos e enfermeiros em simultâneo”, se bem que o objetivo seja “no futuro, encontrar um tema que envolva os 3 grupos profissionais”.



Esta sessão, que reuniu cerca de 40 profissionais "de diferentes pontos do país", contou com a "especial participação dos nossos internos na organização", tendo sido dedicada a um tema muito atual e que exige especial cuidado na sua abordagem, conforme explica Cláudia Melo:

“O consumo de drogas, e em particular de cannabis, sobretudo pelos mais jovens, aumentou de forma muito significativa e a sua correta abordagem representa um enorme desafio para a sociedade, para as famílias e para nós profissionais de saúde. Na verdade, trata-se de uma droga que parece ser banalizada e consumida pelos nossos jovens de forma preocupante."

Interação com os presentes “ultrapassou as expectativas”

A dinamização do curso esteve a cargo de duas médicas psiquiatras do Hospital de Braga,  Beatriz Jorge e Raquel Faria, que “concretizaram com grande dinamismo um programa ambicioso”, refere Susana Oliveira, responsável pela Formação na USF Gualtar.

Para a médica de família, “é com grande satisfação que verificámos que a partilha de conhecimento e interação com os presentes ultrapassou as expectativas, que já eram muito boas”.

O evento contou com a presença do presidente do Conselho Clinico e de Saúde do ACES de Braga, Rui Macedo, que
 enalteceu o “exemplo de dinamismo” da USF Gualtar. Destacou também a opção de realização do evento na Junta de Freguesia, considerando “revelador do que devem ser os Cuidados de Saúde Primários e o SNS, abertos e envolvendo a comunidade”. 

Cláudia Melo (coordenadora da USF Gualtar), Susana Oliveira e Cristiana Sousa (responsáveis pela formação e comunicação da unidade) 

"Diminuir a disponibilidade de produtos altamente potentes"

Beatriz Jorge começou a sua intervenção com alguns esclarecimentos sobre a própria planta:

“A espécie de plantas Cannabis contém mais de 100 compostos diferentes. Alguns destes são conhecidos por canabinóides, e suas as proporções variam consoante as estirpes da planta. O Δ9-tetrahydrocannabinol (THC) é o componente primariamente responsável pelos efeitos psicoativos, sendo que maior concentração deste composto torna a planta mais ´potente`. As variedades com maior percentagem de THC dominam os mercados dos países ocidentais e são potencialmente mais nefastos que os tipos com menor teor de THC e mais ricos em canabidiol (CBD).”


Alertando para os efeitos agudos dos canabinóides sobre a função cognitiva, “que estão bem documentados”, referiu também que, “a longo prazo, permanecem controversos, são influenciados por numerosas variáveis e parecem diminuir um mês após a interrupção do uso da droga”.


Beatriz Jorge

De acordo com médica interna de Psiquiatria, “pessoas que experimentam cannabis têm nove vezes mais probabilidade de desenvolver uma perturbação aditiva do que de desenvolverem psicose”. Quanto aos estudos que ligam o “uso de canabinóides ao desenvolvimento de depressão e ansiedade são menos consistentes, embora estas perturbações sejam frequentemente desenvolvidas com o abuso.”

E qual a mensagem central? “Devemos assegurar que as alterações legislativas globais sejam informadas pelos estudos científicos e pela saúde pública, no sentido de diminuir a disponibilidade de produtos altamente potentes, incluindo agentes sintéticos, que atuam como agonistas recetores de canabinóides completos”.



Ajudar a que utentes façam “melhoras escolhas em Saúde”

Em declarações à Just News, a médica de família Cristiana Sousa, responsável pela comunicação da USF Gualtar, explica a importância da dinamização de formações internas e as repercussões também para os próprios utentes:

“Tentamos selecionar algumas mensagens importantes sobre o tema em discussão, que possam ser úteis para partilhar com os nossos utentes através dos diversos canais de comunicação que dispomos. Fazemo-lo porque acreditamos na importância de aumentar a Literacia em Saúde.”

E sublinha que esse é "o grande objetivo da estratégia de Comunicação da USF Gualtar: aumentar a capacidade dos seus utentes fazerem melhoras escolhas em Saúde”. E, precisamente com esse propósito em vista, Cristiana Sousa adianta que o tema deste curso será “ainda trabalhado em formato de campanha nas redes sociais, Facebook e Instagram, da USF Gualtar”.

Conhecimentos úteis para "melhor orientação de utentes"

A utilidade da sessão para os profissionais fica bem explícita pelo testemunho de um dos participantes, o médico de família Pedro Sousa:

“O consumo de substâncias é um tema de difícil abordagem na prática clínica, onde não existe um comprimido que possamos prescrever e cuja abordagem para a mudança de comportamento tem grande especificidade. Inscrevi-me pela pertinência do tema e os conhecimentos que adquiri vão ser muito úteis na melhor orientação de utentes em situação de consumo."


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