USF São Julião implementa projeto Amélie a pensar no bem-estar da equipa e dos utentes
30 de dezembro de 2006 foi o dia que marcou o nascimento da USF São Julião, na Figueira da Foz, procurando interligar os CSP, o Hospital Distrital da Figueira da Foz e os laboratórios clínicos numa única rede. “Na altura, falava-se muito do centro de saúde do futuro, conceito para cuja divulgação muito contribuiu o então coordenador da USF, José Luís Biscaia”, relembra Maria Pacheu, a atual responsável.
Desde 2013, a USF São Julião deixou de ter acesso a algumas soluções tecnológicas “que ajudam utentes e profissionais de saúde”, mas mantém o espírito de equipa, que levou à adoção do novo modelo organizativo nos CSP.
“Remamos todos no mesmo sentido e, mesmo quando há dificuldades na substituição de colegas doentes ou em licença de maternidade, não deixamos de sorrir e de dar o nosso melhor”, garante Maria Pacheu, em entrevista à Just News, publicada na próxima edição do Jornal Médico, no âmbito de uma reportagem sobre a unidade.
Na unidade trabalham 6 médicos, 6 enfermeiros, 5 secretárias clínicas e 5 internos do Internato Médico de MGF, existindo a particularidade de o sexo masculino estar em minoria. “São apenas três homens, prevendo-se para breve a aposentação de um deles”, comenta a coordenadora. Para animar os dias e os momentos mais difíceis, foi adotado o projeto Amélie, cujo fundador, Martim Dornellas, se inspirou na personagem francesa Amélie Poulain, que dedicava a sua vida a levar alegria e felicidade aos outros.
Migração para novo sistema informático pode levar a “perda de informação”
A USF São Julião, em modelo A, “por enquanto”, começou por se integrar, inicialmente, no projeto “Centro de Saúde do Futuro”, que incluía a informatização de todo o circuito do utente e da prática clínica. Maria Pacheu explica na reportagem a importância e utilidade para os utentes sobre o que foi conseguido implementar e refere que é “com algum desgosto” que tem visto o fim de muitas destas soluções.
A responsável refere que, “aquando da criação das primeiras USF, foi dada a possibilidade de escolha de aplicações informáticas privadas e a garantia da tutela de que possuíam os requisitos necessários à sua função, logo estamos na fase da adolescência desta aplicação, que ajudámos a nascer e a crescer. Fomos pioneiros na sua aplicação.”
Relativamente à migração para o novo sistema informático, alerta para as principais possíveis consequências: “O processo clínico eletrónico, que permite ter o historial do doente, pode perder informações, porque ninguém nos garante a salvaguarda de todos os dados; a manutenção de um quiosque que estabeleça o circuito do utente e alivie a carga de trabalho do secretariado clínico e, ainda, a necessária adaptação dos profissionais e utentes à nova aplicação, que vai levar-nos a sentir dificuldades até agora desconhecidas, como seja a prescrição eletrónica de medicamentos (PEM).”
E acrescenta: “A perda de dados já aconteceu noutras unidades e tivemos o exemplo do fim do quiosque eletrónico na nossa USF, que dificultou a gestão da atividade clínica e organizacional, além de os utentes terem sentido falta da forma rápida com que confirmavam consultas ou pagavam a taxa moderadora.”
Projeto Amélie: "o importante é sorrir”
O projeto Amélie, que a unidade implementou, aposta em duas vertentes: interna e externa. A primeira destina-se aos profissionais e baseia-se em pequenas surpresas que tornem o dia de trabalho mais leve e feliz (mensagens nos cacifos, oferta de flores e de guloseimas, jogos de partilha, risoterapia, etc.). A vertente externa destina-se ao utente, levando-o a sorrir, a partilhar ou a pensar (frases em vários locais da USF, nos cartões de marcação para próximas consultas, etc.).
A equipa é “muito unida, é como família e, mesmo com muitas horas de trabalho, sabe que o importante é sorrir”. Mas será que é sempre possível? “É porque, mesmo nos dias de maior cansaço, olhamos para as frases inspiradoras, alguém traz um bolo, enfim… tentamos minimizar, ao máximo, o impacto do stress e evitar o burn-out.”
“Figueira Respira”
Outros aspetos que se destacam na USF São Julião são a Consulta de Cessação Tabágica, única nos CSP no concelho da Figueira da Foz, a colaboração com o Serviço de Pneumologia do Hospital Distrital da Figueira da Foz e com a USF Buarcos no projeto “Figueira Respira” – no âmbito da doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC).
Também é de salientar o empenho dos profissionais na formação de internos e alunos de Medicina e Enfermagem, bem como na sua própria formação, nomeadamente, na prevenção e no tratamento das úlceras crónicas dos membros inferiores. Simultaneamente, no âmbito da iniciativa “USF Cidadã”, são ainda organizadas várias ações de solidariedade.
Além destes e outros temas desenvolvidos por Maria Pacheu, e tal como é habitual nas reportagens sobre as USF publicadas pelo Jornal Médico, são também partilhados testemunhos de alguns utentes e entrevistados outros profissionais que, no caso da USF São Julião, são:
- Joana Gonçalves, interna, está há quatro anos na USF. Afirma que "a equipa é muito dinâmica e alegre, sem pôr em causa os objetivos que há a cumprir”.
- Bárbara Gomes, enfermeira de família, faz parte do Conselho Técnico e está na equipa desde o seu início. Indica que a proximidade com as pessoas é algo "que me dá incentivo para vir trabalhar”.
- Licínia Rocha, secretária clínica, considera que a mudança para USF foi uma “lufada de ar fresco”.